Desde que me diverti adoidado com o remake de Link’s Awakening, eu venho ativamente procurando por Zelda-likes. Nessa minha busca, conheci o temeroso A Knight’s Quest. E hoje terminei mais um que considerei pura perda de tempo. Esta é nossa análise Ary and the Secret of Seasons.

ANÁLISE ARY AND THE SECRET OF SEASONS

Eu esperava muito de Ary and the Secret of Seasons. Sei lá, algo me dizia que ele poderia ter a qualidade que eu estava buscando. Não foi. Trata-se de um jogo quebrado, cheio de problemas bem graves. Ainda assim, mesmo quando está funcionando direito, ele nunca empolga e raramente diverte.

Análise Ary and the Secret of Seasons, Ary and the Secret of Seasons, Delfos, Modus
O visual é bem primário, mas eventualmente é bonito, graças ao uso de cores bem vivas.

Ary and the Secret of Seasons coloca você no papel de Ary, uma menina capaz de pular, escalar e lutar. Porém, o foco do jogo é mesmo em explorações e puzzles. Embora tenha controles de um jogo de plataforma, ele é bem mais puxado para um puzzle plataforma.

O combate é raro e quase sempre evitável. Vencer os inimigos não dá XP, dinheiro ou qualquer tipo de recompensa. Além disso, as lutas carecem de impacto, e normalmente se resumem a ficar martelando o quadrado até os inimigos caírem. Junte essas características e você vai acabar fugindo quase sempre, a não ser quando quiser limpar uma sala para explorar melhor. Afinal, para que lutar, se não é divertido e não melhora o personagem?

USANDO A CABEÇA

Eu gostaria de dizer que os puzzles são melhores, mas eles pecam de forma totalmente diferente. Se o combate é extremamente primário, os quebra-cabeças são desnecessariamente complexos. Veja bem, eles não são criativos ou difíceis – quase todos envolvem transportar energia do ponto A ao B ou puxar bolas e caixas pelo cenário – são trabalhosos. Muitas vezes você já matou o que precisa fazer, mas fazer é que são elas, graças aos muitos glitches e controles não responsivos. E mesmo quando não há problemas e você saiba o que fazer, terá que investir um bom tempo para fazer.

Normalmente em jogos como esse – ZeldaDarksiders, etc – eu adoro os dungeons. São de longe as partes em que eu mais me divirto. Em Ary and the Secret of Seasons, eu sinceramente preferia o mundo “aberto”. Isso porque os dungeons são basicamente sequências de puzzles repetitivos e pentelhos.

Análise Ary and the Secret of Seasons, Ary and the Secret of Seasons, Delfos, Modus
Eu não aguentava mais puxar essa bola!

E é uma pena, porque as mecânicas são criativas. Ary tem o poder de criar bolas que contêm as estações do ano. Assim, o cenário dentro dessas bolas é alterado de acordo. Dependendo da estação, pode aparecer ou desaparecer água, plataformas de gelo ou plantas, e tudo isso deve ser usado para progredir. É uma pena que esses poderes tão legais são usados o jogo inteiro para puxar caixas e bolas.

Curiosamente, o dungeon inverno, lá perto do fim do jogo, foi o único que me divertiu um pouquinho. Isso porque ele usa mais o “plataforma” de puzzle plataforma. Nesse, ao invés de puxar bolas e transportar energia, você deve criar plataformas de gelo para pular entre elas. É muito mais interessante do que todo o resto que vem antes, mas a essa altura, eu já estava tão de saco cheio que nem conseguia mais aproveitar.

GLITCHES ABUNDAM

Faltou cuidado para criar Ary and the Secret of Seasons. Por exemplo, toda sua navegação no “mundo aberto” é feita através do minimapa, mas o minimapa não gira de acordo com sua posição. Isso faz com que você sempre perca gloriosos segundos para encontrar a direção correta.

Agora pior mesmo são os problemas reais do jogo. É comum Ary atravessar o chão, caixas de diálogos não se fecharem ao apertar o botão (exigindo reiniciar o jogo), a personagem sumir completamente ou, em um caso, o CENÁRIO sumir!

Análise Ary and the Secret of Seasons, Ary and the Secret of Seasons, Delfos, Modus
Eu até tirei uma foto disso para você não dizer que eu estou mentindo.

Além disso, os jogo salva frequentemente, mas tem hora que, ao recarregar um save, ele te coloca de volta quatro ou cinco saves atrás. E vou até contar uma história de uma infeliz combinação que aconteceu comigo.

O jogo não termina no chefe final. Depois dessa batalha, ainda tem um dungeon. Concluir o dungeon mostra o final da história e sobem os créditos. Depois disso, entra o epílogo, com o objetivo de falar com um personagem específico. Eu fui até lá e, quando falei com ele, a caixa de diálogo travou. Saí do jogo e abri novamente. Porém, o save manual que eu tinha feito no epílogo, me colocou antes da batalha com o chefe. Se fosse só o chefe, eu ainda mataria de novo para tentar ver o epílogo, mas só de lembrar que tinha um dungeon depois dele, eu desanimei totalmente. Eu terminei Ary and the Secret of Seasons com muito custo ao meu tempo e minha sanidade, e não vi o epílogo por problemas técnicos. Dá para acreditar?

POTENCIAL PERDIDO

Ao contrário de A Knight’s Quest, que eu terminei com raiva, Ary and the Secret of Seasons eu terminei triste. Os poderes serem focados nas estações do ano tem muito potencial – visual e de gameplay. Porém, o jogo construído em cima disso é simplesmente muito fraco e muito quebrado.

Análise Ary and the Secret of Seasons, Ary and the Secret of Seasons, Delfos, Modus

É engraçado pensar que Ary and the Secret of Seasons, no papel, seria um jogo legal, mas faltou habilidade dos desenvolvedores para construir o jogo que pretendiam. Eu até poderia continuar falando todos os pontos em que essa construção deu errado, mas já estou me sentindo cruel demais e acho que já fiz meu ponto. Então vou parar por aqui.