Hoje é dia de Star Wars Dark Forces Remaster! Quando Dark Forces saiu, em 1995, todo mundo o definia com a frase “e se Doom, mas Star Wars“. Foi um dos primeiros jogos que comprei para PC, e ainda tenho aquela caixona e o game em CD. Mas eu nunca o terminei, por motivos que vou elaborar em breve.

Fast-forward para o Corrales adulto, com um PC Gamer recém comprado. Fiquei sabendo da The Force Engine, um projeto para fãs que aumentava a qualidade de vida de Dark Forces. Ele permitia jogar com controles, em resolução mais alta, usar quick saves, entre outras coisas. Eu aproveitei para comprar o jogo (paguei cinco reais na GOG) e jogar até o fim pela primeira vez. Eu realmente não esperava que ele fosse relançado alguns meses depois.

REVIEW DARK FORCES REMASTER

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Dark Forces Remaster é mais um projeto da sempre excelente Nightdive Studios. Porém, admito que minha primeira impressão não foi boa. Eles não colocaram quick saves, e isso de cara me fez pensar que esta versão paga (e sem upgrade para quem tinha a versão antiga no PC, ao contrário de Quake II) estava inferior ao “remaster” feito por fãs na The Force Engine.

Eu também esperava que, assim como Quake II, a Nightdive colocasse um guia, algo que te mostrasse o caminho correto ao toque de um botão. Dark Forces precisa muito disso, pois as fases são complicadas e parte delas exige voltar ao começo depois de cumprir o objetivo. Não há este acréscimo também. Então admito que comecei minha viagem pelo Star Wars Doom um tanto decepcionado com o trabalho da minha queridinha Nightdive.

PORÉM, ENTRETANTO, CONTUDO, TODAVIA…

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Estas decepções foram embora pela absurda qualidade de Dark Forces Remaster. E eu acabei me divertindo mais jogando no Xbox esta versão, do que no PC com os benefícios da The Force Engine. Mas aí acho que o motivo sou eu, uma vez que eu gosto muito mais de jogar no console, e faço isso de forma mais relaxada e casual do que quando estou no PC.

Ainda acho que estas coisas seriam muito bem-vindas, e é muito estranho que o The Force Engine colocou quick saves de graça e a Nightdive não colocou em um trabalho pago. Dito isso, é sem dúvida mais gostoso jogar de forma contínua, sem parar para salvar e carregar o tempo todo.

USO DE VIDAS EM DARK FORCES REMASTER

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Dark Forces Remaster, como o original, usa um sistema de vidas e checkpoints. Você começa toda fase com um mínimo de três vidas (quando termina a anterior com mais que isso, o extra continua com você). Perder uma vida te coloca no checkpoint mais recente, mas inimigos vencidos continuam caídos e você continua com todos os itens. Então morrer é basicamente um teleporte não opcional. Perder todas as vidas te joga para fora da fase, e exige jogá-la de novo do início.

Perder o progresso na fase é ruim, mas pelo menos jogando no easy, a dificuldade é sossegada. Morri algumas vezes, mas ao longo da campanha eu nunca perdi todas as vidas. Difícil dizer se sua habilidade é semelhante ou até superior à minha, mas posso apenas falar da minha experiência. Assim, a principal inconveniência de não ter quick save é que eu ficava mais receoso de me jogar em aparentes abismos por medo de morrer. E sim, tem horas que a campanha te obriga a se jogar nesses abismos, então se prepare para morrer injustamente algumas vezes. O que nos leva a…

WAYPOINTS INEXISTENTES

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Coisas que poucas pessoas sabem: imperiais também fazem pipi.

Este talvez seja o principal ponto que torna Dark Forces Remaster menos gostoso do que Doom em 2024. Já em 1995, as fases aqui eram muito complexas e difíceis de navegar, e este foi o motivo que me levou a nunca terminá-lo na infância/adolescência. Naquela época, não dava para usar vídeos de guias, então se eu não achava o caminho sozinho, ficava empacado. Hoje, com a possibilidade de guias, isso é menos pentelho. Mas especialmente chato são algumas fases que exigem que você faça todo o caminho de volta para poder sair, sem apontar no mapa onde era o ponto de entrada.

DoomQuake e afins, tinham um level design cuidadoso. Você via uma porta trancada com chave vermelha, um tempo depois achava a chave vermelha, e daí o caminho naturalmente te levava de volta à porta. Aqui você precisa se lembrar qual era a porta. Ainda mais grave é que as portas não são claramente marcadas com as chaves necessárias para abri-la. Então é comum você pegar a chave vermelha, abrir a porta vermelha, e nem perceber que abriu. É bem claro que Dark Forces foi um jogo feito por uma empresa sem experiência em games assim por essas coisas, e este é o principal motivo pelo qual ele precisaria de um comando opcional que mostrasse o caminho.

AÇÃO STAR WARS SENSACIONAL

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Quem é o próximo?

E daí a gente volta ao fato de que o jogo em si é sensacional. As fases que não exigem um guia, que são várias, são muito boas. É um enorme prazer explorar este mundo, atirando em imperiais com armas típicas do universo de Star Wars. Apesar de ser o que na época se chamava de “Doom clone”, a ação é totalmente diferente de Doom. A arma principal, o rifle dos stormtroopers faz a gente sentir na pele porque a mira dos stormtroopers é tão ruim, e isso é até bacana.

A história também é legal, contando uma aventura quase totalmente independente dos filmes (a exceção é a primeira fase, que imagina de forma diferente a história que eventualmente seria contada em Rogue One). A Nightdive até teve o trabalho de refazer totalmente as cutscenes, inclusive as animações em CG.

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As novas cutscenes são lindas, e ainda retro.

E isso nos leva ao visual.

O VISUAL DE DARK FORCES REMASTER

Isso nos leva ao novo visual, que traz os desenhos refeitos em alta resolução. O jogo ainda tem a mesma cara de antes, com cenários meio abstratos, mas personagens altamente realistas. O bacana é que, com um toque de botão, você pode alternar entre o novo visual, em 16:9 e 4K, e o original, em 4:3.

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O novo visual.
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O visual original.

Este trabalho também corrigiu algumas coisas de perspectiva, que era uma limitação da época e que hoje são relativamente banais. Se liga nesta torre.

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Visual original.
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Novo visual. Repare na perspectiva. O ângulo da câmera é o mesmo, não foi mexido entre as capturas.

É um excelente trabalho para que o remaster tenha atualmente o visual que tinha na nossa memória. Admito, no entanto, que o visual original ainda me parece extremamente charmoso. E em plataformas menos poderosas, como o Switch, jogar no original melhora a performance. No Xbox Series X, ele parece rodar a 4K/120 o tempo todo. Mas talvez a melhor modificação que a Nightdive fez foi algo que me incomodou na The Force Engine.

CONTROLES EXCELENTES

Uma das vantagens da The Force Engine era poder jogar com controles, que podiam ser definidos livremente. Isso é legal, mas aqui a Nightdive já mapeou os controles e fez todas as adaptações apropriadas. Assim, não apenas os comandos são mais tradicionais de um FPS moderno, coisas como sensibilidade da câmera são também adaptados para gamepads. Isso faz uma diferença enorme.

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Uma cena de ação no visual original, só para você ver que também é legal.

Os controles ainda podem ser livremente reatribuídos, e eu prefiro algumas coisas diferentes. Por exemplo, o original coloca o A para abrir portas, e o B para pular. Eu modifiquei para que o A pule, o X abra portas e o B agache, o que parece mais tradicional para mim. Tem também um monte de funções que a Nightdive não colocou no controle, e isso é sua dica que elas não são importantes. Você pode colocar, claro, mas um gamepad não tem a mesma quantidade de botões que um teclado.

CONTEÚDO EXTRA

Uma coisa bacana que foi colocada aqui é conteúdo extra. Há desenhos e vídeos dos bastidores de produção, mas o mais legal é uma fase que foi originalmente mostrada em previews e que nunca esteve disponível ao público. Esta fase não é tão legal quanto as melhores do jogo, mas é bem melhor do que algumas das piores. Não é um motivo para comprar Dark Forces Remaster só por ela, mas é certamente um delicioso bônus. É como uma faixa extra na edição japonesa de um CD.

STAR WARS REMASTER: PC X CONSOLE

Sei que tem muita gente que gosta de jogar no PC, mas este não é o caso. Achava cansativo ter que sair do jogo ou minimizá-lo para buscar guias, por exemplo. E este é um jogo que exige isso com frequência. No console, isso fica mais gostoso. Você pode ficar com o notebook do lado e, quando precisar, simplesmente pausar o jogo e ver a solução no notebook. Ainda preferia ter um sistema opcional de waypoints, mas só isso já torna muito mais agradável jogar esta versão do que a anterior, pelo menos para mim.

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Eu gostaria muito de ver a Nightdive relançando também a continuação desta série. Até cheguei a comprar no PC, mas estes ainda não joguei, e gostava muito mais deles do que de Dark Forces na época de outrora. Porém, jogando agora, especialmente esta versão de console, tive uma experiência muito melhor do que as que tive na adolescência e na adultice no meu notebook moderno.

Star Wars Dark Forces Remaster certamente não envelheceu bem como Doom ou Quake, mas ainda é um jogo especial, que merece ser jogado por fãs dos primeiros FPS. Se você ainda não jogou, esta é uma excelente oportunidade. E, se já jogou, esta é a hora de jogar de novo.