2022 foi um ano de recuperação para mim. Você deve se lembrar do meu texto de melhores games de 2021, em que eu disse que minha vida estava passando por momentos terríveis. Em 2022, eu consegui sair do buraco em que tinha me enfiado, e passei boa parte do ano lambendo minhas feridas. Agora, quase recuperado, é hora de seguir em frente e escolher os melhores games de 2022.

Felizmente, tivemos excelentes games este ano para nos fazer companhia. Tantos, aliás, que foi difícil escolher apenas cinco. E os cinco que escolhi… bem, aposto que você vai se surpreender com eles. Eu mesmo não acredito que fiz a lista abaixo sem colocar em posições de destaque nomes que no início do ano dava como certos, como God of War Ragnarok (que gostei, mas não tanto quanto esperava) e The Callisto Protocol (que não tive acesso para cobrir, e portanto ainda não joguei).

Diria inclusive que esses games grandes você provavelmente já jogou. Mas ficaria bem surpreso se você tiver jogado todos os da lista abaixo. E, se não jogou, e tem um gosto para games levemente parecido com o meu, recomendo todos com força.

Claro, além das cinco posições cobiçadas, temos as sempre divertidas decepções e pior do ano. Neste último, temos aquele que provavelmente é o pior game que já fui até o fim. Então sem mais delongas, me acompanhe em minha singela e pessoal listinha do que de melhor e pior foi lançado nos games em 2022!

OS MELHORES GAMES DE 2022

Como sempre, a lista é minha e é pessoal, baseada nas minhas experiências. Isso significa que ela é totalmente objetiva e imparcial, como absolutamente tudo que publicamos no DELFOS. A lista abaixo não reflete necessariamente os jogos com as maiores notas em nossas análises, mas os que mais marcaram meu ano, para o bem ou para o mal, e se mantiveram vivos na minha memória.

Mas como sempre, vamos começar nossa lista dos melhores games de 2022 com um jogo que tinha tudo para ser legal. E daí deu ruim. Vale lembrar que você pode clicar no nome dos jogos para ler a nossa análise ou cobertura relacionada (quando disponível).

D&D – Decepção Delfiana: SCORN (Xbox Series, Windows)

Análise Scorn: sensual e nojento

Scorn era uma das experiências pelas quais eu estava mais curioso. Um jogo de terror/ficção científica, com visual extremamente detalhado e atmosfera caprichada é muito minha praia. Porém, embora essas coisas sejam verdadeiras no game final, o level design obtuso e o excesso de combate ruim empurram toda a experiência para baixo.

Além disso, o visual, que é de fato lindo, mais parece simplesmente um cover/homenagem a H.R. Giger do que algo influenciado por ele. Dessa forma, explorar os ambientes de Scorn dá a incômoda sensação de passear por um museu com réplicas de Giger. Eu esperava mais.

Menção Horrorosa – o pior do ano: DREADOUT 2 (PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Windows)

Análise Dreadout 2: o pior jogo que já terminei

Minha experiência com Dreadout 2 foi tão ruim, mas tão ruim, que eu tinha apagado o game da minha memória. De fato, tive que reler minha análise para me lembrar porque ele era tão ruim. E fazer isso foi como reviver memórias de traumas passados.

A ignorância é uma benção, delfonauta. E eu realmente quero esquecer de novo o combate cujos ataques não fazem danos nos inimigos ou as cenas de perseguição que exigem que você corra mais rápido do que o cenário é capaz de carregar (fatalmente atravessando o chão que ainda não apareceu). Pior que, uma vez que a gente lembra dos traumas, eles vivem para sempre com a gente. Olha só os sacrifícios que eu faço pela sua diversão, meu camarada.

Menções honrosas: MIDNIGHT FIGHT EXPRESS, TINYKIN, BRIGHT MEMORY INFINITE, TMNT SHREDDER’S REVENGE E FOBIA ST. DINFNA

Análise Fobia St. Dinfna Hotel: uma estadia inesquecível

Lembra quando falei que foi difícil escolher apenas cinco como os melhores games de 2022? Pois é, estes foram os que quase entraram. Estes cinco games ficaram empatados em uma fictícia sexta posição, então resolvi homenageá-los aqui. Midnight Fight Express é um beat’em up empolgante e cinematográfico, sem o orçamento de Sifu, mas também sem o ingrediente secreto do chef Jose Marques. Tinykin é um delicioso plataforma 3D que poderia ter sido desenvolvido pela Nintendo.

Bright Memory Infinite é um jogo de ação em primeira pessoa que parece de altíssimo orçamento, mas foi desenvolvido por uma única pessoa de inquestionável talento. TMNT Shredder’s Revenge é um beat’em up moderno que continua diretamente os clássicos da Konami que marcaram a infância de tanta gente. Finalmente, Fobia St. Dinfna Hotel é uma homenagem brasileira a Resident Evil que está entre os melhores survival horrors independentes que já joguei. Leia mais sobre cada um deles em nossas análises individuais, mas vai por mim, jogue todos. Todos seriam dignos de estar nas cinco primeiras posições em um ano com menos lançamentos tremendões.

OS MELHORES GAMES DE 2022

Chegou a hora. Bora escolher o que de mais bacana saiu em 2022!

5 – TREK TO YOMI (PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Windows)

Análise Trek To Yomi: temos um GOTY!

É extremamente raro. Algo que acontece apenas algumas poucas vezes ao longo da vida. Mas eventualmente, uma obra cultural parece trazer algo realmente novo, que nunca vivenciamos antes. E isso é o que Trek to Yomi ofereceu para mim em 2022. Seu visual altamente estilizado, assim como toda sua atmosfera e level design, me deu a sensação de estar jogando um filme japonês antigo. Algo semelhante ao que senti quando joguei Sewer Shark no Sega CD pela primeira vez, 30 anos atrás.

Hoje em dia, eu considero que videogames são uma mídia melhor e mais elaborada do que cinema. Porém, a sensação de jogar um filme sempre vai ser especial. Ainda mais se for um gênero tão importante para seu repertório cultural quanto o cinema oriental é para mim.

4 – SOULSTICE (PS5, Xbox Series, Windows)

Análise Soulstice: fantástico Devil May Cry-like

Soulstice é quase o total oposto de Trek to YomiTrek to Yomi foi uma experiência nova para mim. Soulstice, por outro lado, reproduz fielmente um tipo de experiência do qual gosto muito, e que simplesmente não existe mais: aquela dos jogos de ação eSSStilosos e lineares. Aliás, agora que estou vendo minha lista, vejo que as quatro primeiras posições apresentam games que reviveram gêneros que praticamente não existem mais. É o poder da nostalgia. E este é um revival de um dos melhores gêneros dos games, que morreu muito antes do que deveria.

Curiosamente, Soulstice não foi o único bom game de hack and slash este ano. Mas, ao contrário de Bayonetta 3, ele não foi limitado por um console tecnicamente ultrapassado, e o fato de ser uma nova IP, e não uma continuação, o torna ainda mais especial.

3 – KIRBY AND THE FORGOTTEN LAND (Switch)

Análise Kirby and the Forgotten Land: que mané Elden Ring!

Falando em console ultrapassado, o que seria de uma lista de melhores do ano minha sem um joguinho da Nintendo, né? E Kirby and the Forgotten Land também foi um caso raro. Eu sabia o que esperar dele. E ele entregou exatamente isso, com a qualidade esperada.

Certamente, se surpreender, como Trek to Yomi, tem seu valor. Mas você receber exatamente o game que queria ao comprar (eu joguei Kirby através de um código de review fornecido pela Nintendo, mas você entendeu) também é valioso. Nem tudo precisa reinventar a roda. Plataforma é um dos gêneros mais antigos e tradicionais dos games, e poucas vezes um representante 3D foi tão legal, bonito e divertido quanto Kirby and the Forgotten Land.

2 – PRODEUS (PS4, PS5, Switch, Windows, Mac, Xbox One, Xbox Series)

Análise Prodeus: FPS retromoderno

Os primeiros FPS dos anos 90 eram impressionantes para mim. Mas eu sempre os considerei complicados demais. Era difícil saber para onde ir e ainda mais difícil terminar. No entanto, nos últimos anos, eu decidi rejogar alguns clássicos. E isso fez com que um novo tesão pelo gênero aflorasce em mim. Um que eu não tinha nem mesmo nos anos 90, quando estes games eram o ápice da tecnologia.

Prodeus, então, consegue apaziguar esses dois lados do Corrales. O Corrales adulto, que descobriu um prazer absurdo em FPS retrô. Mas também o Corrales tecnológico, que jogava Doom nos anos 90 e achava aquilo o máximo da tecnologia. Prodeus é ao mesmo tempo retrô e moderno, com um visual impressionante e a jogabilidade crocante e deliciosa dos shooters dos anos 90. É exatamente o jogo que eu não sabia que queria. Mas assim que comecei minha campanha, vi que estava diante de algo realmente especial.

1 – A PLAGUE TALE REQUIEM (PS5, Xbox Series, Windows)

Análise A Plague Tale Requiem: isso que é videogame!

Lembra quando a Sony fazia seus títulos first party lineares, que todo mundo considerava o melhor que os videogames eram capazes de criar? Pois é, a própria Sony se afastou disso, colocando mundo aberto e RPG em todos os seus jogos (por isso ela não aparece aqui este ano). Com isso, não sobrou mais ninguém para fazer games de alto orçamento e alta qualidade técnica, lineares e com foco na história. Ninguém? Ora, pois, Asobo Studio ao resgate!

A Plague Tale Innocence já me surpreendeu anos atrás. Hoje, no entanto, este tipo de experiência narrativa e linear, que estava rareando na época, está praticamente extinta. E isso deixa A Plague Tale Requiem ainda mais especial.

Tem muita coisa legal que é possível fazer em videogames, e esta lista na frente de seus olhos destaca vários gêneros diferentes. Porém, o que considero o mais eficiente, e o mais especial, é contar uma história. Ao contrário de livros, cinemas e outras mídias narrativas, games são a única mídia capaz de contar uma história em segunda pessoa. E isso torna viver qualquer coisa – a leveza e o terror que A Plague Tale fornece em espadas – ainda mais forte do que se estivesse em qualquer outra mídia. Acho absurdo que a indústria tenha simplesmente parado de fazer games assim, embora entenda que o custo seja muito alto e as oportunidades para monetização sejam limitadas.

Porém, como valor artístico e cultural, como obras narrativas pós-modernas, que só são capazes com muito dinheiro e muitas pessoas de inquestionável talento trabalhando juntas, A Plague Tale Requiem representa algo muito especial – e que só pode existir nos videogames. E, como tal, foi de longe a melhor experiência que tive este ano com um controle nas mãos.

E esta foi a minha lista de melhores games de 2022.

Que faltou nela? Este ano joguei quase tudo que gostaria de ter jogado (acho que só ficaram de fora StrayThe Callisto Protocol, e pretendo jogar ambos no futuro). E mesmo assim, tirando A Plague Tale Requiem, todo o resto da lista é composto de jogos dos quais nada ou pouco sabia no início do ano. Mas será que tem algo que ficou fora do meu radar? Tem alguma indicação?

E mais importante do que qualquer coisa que está neste texto: qual é sua lista de melhores games de 2022? E por quê? Conta tudo pra mim nos comentários.