As Tartarugas Ninja provavelmente são a maior história de sucesso em videogames licenciados. Bom, pelo menos até Batman: Arkham Asylum. Mas o ápice de qualidade delas foi mesmo nos 16-bit, com dois ótimos fliperamas e excelentes jogos para consoles. Depois disso, vários jogos meia boca foram lançados. Talvez o ponto mais alto desde então seja justamente o remake de Turtles In Time. Até agora. Adivinha só! Esta é nossa análise Teenage Mutant Ninja Turtles Shredder’s Revenge.

ANÁLISE TEENAGE MUTANT NINJA TURTLES SHREDDER’S REVENGE

Apesar de este ser apenas publicado pela Dotemu, e não desenvolvido, há muitas relações aqui com Streets of Rage 4. Teenage Mutant Ninja Turtles Shredder’s Revenge é, bem claramente, pensado como uma continuação para Turtles In Time. Ele tem muitas características do clássico da Konami.

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Mode 7!

Temos a possibilidade de jogar inimigos na tela, ou batê-los de um lado para o outro. Várias outras animações e golpes são tirados do clássico. Até mesmo alguns chefes, como o Baxter, aparecem aqui exatamente da forma como apareciam em Turtles In Time, com os mesmos movimentos e ataques. Não vi nada que oficializasse um envolvimento da Konami em Shredder’s Revenge, mas as semelhanças são tantas que imagino que tenha rolado algum tipo de licenciamento.

Isso não significa que Shredder’s Revenge não seja modernizado ou não traga características únicas. Outra semelhança dele com Streets of Rage 4 é que ambos, ao lado de The Takeover, provavelmente são os melhores beat’em ups já lançados.

CAPCOM X KONAMI: A GUERRA PELOS ARCADES

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Como turbinar a fase do skate? Com skates voadores, ora!

Se você viveu o início dos anos 90, deve se lembrar que a Capcom e a Konami disputavam o trono dos beat’em ups mais populares dos fliperamas. Mas eles tinham estilos bem diferentes. Os da Capcom eram mais técnicos, envolviam agarrar e tinham um combate mais “crocante”, com mais impacto. Já os da Konami normalmente tinham gráficos de desenho animado, chamavam muito a atenção e eram, em geral, mais acessíveis de jogar. Porém, não tinham a mesma profundidade técnica dos rivais da Capcom. Shredder’s Revenge parece ter sido planejado para unir o melhor dos dois mundos.

O gameplay aqui é fantástico, e remete imediatamente a Turtles In Time. Porém, traz aquela crocância e impacto de um Final Fight. Há a possibilidade de agarrar, e seguir com um golpe específico. Se você quer jogar um meliante na tela, basta atacar segurando para baixo. Se quer fazer o “agarrão terremoto”, segure para cima. Tem também um uppercut muito útil para inimigos voadores, golpe especial e até provocação.

HEROES IN A HALF SHELL

Isso, aliás, é muito legal. Você pode apertar o R1 a qualquer momento para provocar. Se a animação terminar sem você ser atacado, será recompensado com uma barra de super. Após vários upgrades, é possível acumular três barras, permitindo três supers diferentes. E estes golpes fazem miséria com os chefes, ou mesmo atacam vários inimigos ao mesmo tempo. Eles são muito mais poderosos do que o tradicional A + B dos arcades. Claro, seu uso é limitado, mas como você pode provocar e ganhar barras a qualquer momento, mesmo sem inimigos na tela, não é tão limitado assim.

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Outra coisa bacana é que as tartarugas são diferentes, e não apenas nas armas. Todas as animações e faces são personalizadas, tornando-as de fato personagens diferentes. Tradicionalmente, eu sempre gostei mais de jogar com o Donatello, devido a seu longo alcance. Aqui isso é compensado por uma velocidade bem lenta, o que me fez gostar mais do Michaelangelo e, especialmente, do Leonardo. Mas sabe o que é ainda mais legal?

HEROES WITHOUT A HALF SHELL

Dá para jogar com outros personagens além das Tartarugas Ninja. Até onde sei, os únicos jogos que permitiram isso foram os Tournament Fighters, de luta. Com isso, aqui dá para jogar também com a April e com Mestre Splinter. E, após terminar o jogo, libera o Casey Jones.

Os três são bem legais e bem diferentes também. April talvez seja a mais inusitada. Embora desse para jogar com ela no Tournament Fighters de Mega Drive, aqui ela vem com o visual do desenho clássico. E usa microfones e câmeras para seus ataques. É muito engraçado usar a April para encher Bebop e Rocksteady de porrada.

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Quem é o próximo?

O jogo também permite jogar com até seis jogadores online e local, embora na versão de PS4 seja possível coop de sofá com apenas quatro. É uma limitação chatinha, mas não é o tipo de coisa que vai afetar muita gente. Afinal, quantas pessoas de fato têm seis controles em casa?

O MODO HISTÓRIA DE TMNT SHREDDER’S REVENGE

O modo história é a campanha principal, que salva entre as fases, permite trocar de heróis e pegar colecionáveis. Dá até para repetir as fases através de um mapinha estilo Super Mario 3. A história é contada exatamente como nos arcades da Konami, com as vozes do desenho original, e imagens mais ou menos estáticas. Neste aspecto, só me decepcionou que a abertura e o final não são falados, mas apenas escritos. Não entendi porque gravaram vozes para a história inteira, mas para as duas cenas principais não. E você deve se lembrar que em Turtles in Time do fliper, a abertura e o final também são falados.

Até onde posso perceber, todos os atores principais do desenho voltam para reprisar seus personagens. A única exceção que eu percebi é óbvia: James Avery, o eterno Tio Phil, não reprisa o Destruidor. Afinal, ele morreu em 2013. Curioso que a voz do Destruidor que está no jogo é bem diferente da que conhecemos. Porém, talvez sabendo disso, embora ele seja o grande vilão da história, fala e aparece bem menos do que outros personagens, como o Bebop e o Rocksteady.

Outra coisa que achei legal é o uso que Shredder’s Revenge faz dos personagens conhecidos. Nos flipers antigos, você encontrava personagens como Bebop, Rocksteady e Krang apenas em suas boss battles. Depois de vencê-los, eles não apareciam mais. Aqui eles continuam na história, aparecendo durante as fases. O próprio robô do Krang vai sendo lentamente montado em várias fases, até culminar na inevitável batalha. Isso dá muito mais a sensação de jogar um episódio do desenho, e acrescenta muito à nostalgia de quem cresceu com esses personagens.

O MODO ARCADE DE TMNT SHREDDER’S REVENGE

Além do modo história, tem também um arcade. E este é exatamente isso. Uma versão da história como ela seria nos fliperamas. Há vidas e continues limitados e nada de saves. É um modo opcional para quem deseja, mas arrisco dizer que vai ser bem pouco usado. Especialmente porque a campanha de Shredder’s Revenge é relativamente longa para o gênero. Para mim, o modo história durou duas horas e meia. É um tempo considerável para jogar sem poder parar.

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Tatsumaki Senpukyaku!

Uma coisa que poderia deixar o arcade mais apetitoso é se os personagens já começassem no nível máximo. Explico: os personagens vão ganhando upgrades conforme fazem pontos. Alguns deles aumentam os pontos de vida, mas outros de fato aumentam o repertório de ataques. Em especial do especial. Rá!

Por exemplo, eu terminei o modo história alternando entre os personagens (o que deixou minha evolução mais lenta do que se tivesse usado apenas um). Porém, nenhum deles chegou ao ponto de ter TODOS os golpes liberados. Eu me imaginaria jogando o arcade para poder brincar com todos os movimentos desde o início. Porém, neste aspecto ele funciona como o modo história: você começa zerado e vai melhorando conforme faz pontos. Só que, considerando como demora para “completar” o personagem, o único jeito que me parece viável de chegar ao nível máximo é grindeando a história. Que, afinal de contas, salva os upgrades.

ANÁLISE TEENAGE MUTANT NINJA TURTLES SHREDDER’S REVENGE E OS PEQUENOS PROBLEMAS

A jogabilidade de Shredder’s Revenge é deliciosa. Porém, há algumas decisões estranhas que atrapalham. Em especial, o pulo duplo exige um timing preciso que o torna desnecessariamente difícil de fazer. E um dos ataques aéreos só pode ser ativado em um pulo duplo. É o mesmo ataque que, em Turtles in Time, só precisava ser ativado no apogeu do pulo, e era bem mais fácil naquela época. É bem útil contra inimigos voadores, mas a mudança no controle aqui deixou inconveniente usá-lo.

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Oi, Konami. Você por aqui?

Outra coisa chatinha é que sempre que você entrar no jogo, mesmo que esteja no meio da campanha, é obrigado e ver o tutorial. Dá para pular, mas para isso precisa segurar options por alguns segundos. Então de qualquer jeito é uma perda de tempo evitável. Até porque dá para acessar o tutorial a qualquer momento do menu principal. Ele não precisava ser ativado obrigatória e repetidamente.

Por fim, eu particularmente preferia que ele usasse um estilo desenhado, na linha Streets of Rage 4, ao invés de pixel art. É uma decisão estética, claro. Mas ainda sobre os gráficos, eu não gostei muito dos cenários das fases. Eles parecem ser mais “lavados” do que os objetos interativos. Em outras palavras, personagens, hidrantes e outras coisas que se movem não parecem estar realmente naquele espaço, sabe? Parece que os personagens são bonequinhos em um cenário de papel.

FINALIZANDO A ANÁLISE TEENAGE MUTANT NINJA TURTLES SHREDDER’S REVENGE

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Força de tartaruga!

São coisas pequenas que, como você pode ver, não impediram o jogo de levar a nota máxima, e mesmo de dividir o trono de melhor beat’em up com Streets of Rage 4 e The Takeover.

Teenage Mutant Ninja Turles: Shredder’s Revenge é certamente uma continuação deliciosa para quem passou a infância jogando Turtles in Time e o eterno Turtles Dois de Nintendinho. Pode não ser uma continuação oficial para eles, mas certamente é espiritual. É familiar e novo ao mesmo tempo. É empolgante, divertido, e tem uma duração legal, que permite que tenha mais sustância do que os tradicionais beat’em ups que duram menos de 60 minutos.