Será possível que nosso amigo M. Night Shyamalan voltou a fazer filmes legais? Tempo já tinha sido ótimo, e o de hoje é igualmente bacana, e com um escopo limitado que muito me agrada. Ei, bem-vindo à nossa crítica Batem à Porta, e se você não compartilhar depois de ler, vou precisar jogar uma praga na humanidade.

Crítica Batem à Porta, Batem à Porta, M. Night Shyamalan,. DelfosCRÍTICA BATEM À PORTA

A beleza do cinema é poder mostrar imagens épicas, que simplesmente não existem na realidade. Mas, cá entre nós, também me apetecem muito obras que acontecem em um único local, com escopo tão limitado que poderiam ser uma peça de teatro. É o caso de Batem à Porta.

Aqui conhecemos uma família de três pessoas – pai 1, pai 2 e filhinha – que está tirando férias em uma cabana isolada da sociedade. Lá, eles são visitados por quatro pessoas que dizem que o Apocalipse vai acontecer. Para evitar isso, o trio deve escolher um dos três e sacrificá-lo, o que salvaria o restante da humanidade. Falha em escolher, ou em seguir em frente com o sacrifício, ocasionaria o fim do mundo, e apenas os três sobrariam nele. Eu pensei em fazer uma piada com Escolha de Sofia, mas ninguém aqui se chama Sofia, daí desisti.

OS QUATRO CAVALEIROS DO APOCALIPSE

A coisa acontece mais ou menos na linha de filmes como Os Estranhos. Felizmente, com maior qualidade. Mas boa parte do filme envolve o casal adulto amarrado enquanto os invasores tentam convencê-los a fazer a escolha impossível.

O tempo é precioso, e há um prazo não negociável. Cada vez que o prazo é atingido, eles têm a oportunidade de escolher. Ao se recusarem, uma praga é jogada sobre a humanidade, o que é refletido no noticiário mostrado para as “vítimas” nessa hora.

A diferença com Os Estranhos é que aqui os invasores não são agressivos. Na verdade, é muito estranho ver o Dave Bautista, um cara grandão e cheio de tatuagens, falando educadamente e se identificando como professor, enquanto o Ronny Weasley é o sujeito de pavio curto com antecedentes criminais.

Crítica Batem à Porta, Batem à Porta, M. Night Shyamalan,. DelfosClaramente a escolha do elenco foi feita para ir contra as aparências e os tipos que os atores costumam fazer. A atuação de ambos – e do resto do elenco – é bem boa, no entanto. Só é bizarro ver um personagem como o Leonard sendo interpretado pelo Bautista.

CRÍTICA BATEM À PORTA: CENÁRIO LIMITADO

Quase o longa inteiro acontece na sala da casa, com os atores apenas conversando. Inclusive, o pouco que há de violência rola fora das câmeras. Mesmo assim, o roteiro e as atuações são tão bacanas que fazem com que a tensão esteja presente em todas as cenas. Se tanto, a limitação do cenário faz com que M. Night Shyamalan exiba bem seu estilo, com um monte de planos interessantes.

Há algo que não gostei, no entanto. Quando o prazo vence cada uma das vezes, os quatro “invasores” ativamente tomam uma ação que libera uma das pragas na humanidade. Todos parecem bem assustados com tudo que está acontecendo e claramente não querem estar ali. Eles dizem várias vezes que fazem o que precisam e que só quem pode impedir tudo de continuar é a família. Então me parece que o filme precisava ter desenvolvido o que aconteceria se esta ação que causa as pragas não fosse tomada.  Sem isso, ficou um buraco desconfortável, que impediu Batem à Porta de levar a nota máxima.

Eu gostei muito do filme, e faço uma confissão. Ir ao cinema tem sido uma atividade meio chata para mim. Quase todo filme lançado nos últimos anos tem bem mais de duas horas, e tenho ficado de saco cheio muito antes de eles acabarem. Com pouco mais de 90 minutos, uma história sem enrolação e tensão o tempo todo, Batem à Porta é um caso raro. Alugar nossa vida por horas a fio é bem mais apropriado para a TV, quando podemos pausar para um pipizão camarada. Batem à Porta, por outro lado, mostra logo a que veio, desenvolve seu conflito e termina, sem tomar mais tempo do que precisava para contar sua história. E isso é valioso.