Cá estamos com um novo/velho Yakuza. Ou seria Like a Dragon? Ou Ryu Ga Gotoku? Enfim, o que importa é que esta é nossa análise Like a Dragon Ishin, versão 2023. Trata-se de um remake de Ryu Ga Gotoku Ishin, que saiu em 2014 para PS3 e PS4, exclusivamente no Japão. Inclusive, acredito que é a primeira vez que um remake de um jogo está disponível para um dos consoles em que saiu originalmente, já que esta nova versão também sai para PS4.

ANÁLISE LIKE A DRAGON ISHIN

Like a Dragon Ishin é bastante interessante, tendo sido a primeira vez – antes até mesmo de Yakuza Like a Dragon – que a franquia tentou algo consideravelmente diferente.

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku
Estrelando Kazuma Kiryu como Saito Hajime.

Sabe como a Nintendo costuma falar que seus personagens, como Mario e Peach, são atores, que interpretam vários papéis diferentes de acordo com o jogo? Pois é isso que temos em Like a Dragon Ishin. O game pega o elenco da série Yakuza principal (e neste remake inclui até personagens de Yakuza Like a Dragon) e os coloca para interpretar personagens que realmente existiram e foram importantes em um período histórico do Japão.

Assim, Like a Dragon Ishin não é um beat’em up, nem mesmo um RPG em turnos. Temos aqui um hack and slash, já que o combate foi totalmente recriado para usar armas cortantes e de fogo. Uma espécie de Devil May Cry mais lento, se me permite a comparação.

DIFERENTE, MAS IGUAL – DE NOVO

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku

Isso significa que a ambientação e o combate, assim como os cenários, figurinos e o tipo de história contada é totalmente diferente da série original. Ao mesmo tempo, todo o resto, a exploração, os minigames, o design das missões e a rotina do gameplay lembram imediatamente qualquer Yakuza do passado. Assim, Like a Dragon Ishin é basicamente uma interpretação samurai de Yakuza, funcionando melhor como tal até mesmo do que Assassin’s Creed, que mudou bastante dos games originais até os atuais. Se você gosta da série, não vejo muita possibilidade de não curtir Ishin.

Tudo que conhecemos – e amamos – de Yakuza está aqui. O mapa é deliciosamente pequeno. É possível ir de uma ponta à outra em dois minutos. Mas é totalmente lotado de atividades secundárias. Há minigames como acertar bolas de canhão, cantoria e até um engraçado e deveras bobo joguinho de sexo.

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku
No Japão antigo, cantar era mais difícil do que transar.

Obviamente, também temos as famosas subhistórias. E são como sempre, pequenas historinhas cômicas que servem como contraponto ao drama sério da campanha principal. Em outras palavras, tudo que você espera de um Yakuza ambientado em tempos modernos também está nessa interpretação samurai. E é muito legal ver a “interpretação” de “atores famosos” como Goro Majime fazendo personagens históricos.

O QUE NÃO AMAMOS TAMBÉM VOLTOU

Talvez o que mais me incomoda nessa série é a absoluta inconsistência em como suas histórias são contadas. A campanha principal varia entre cutscenes belíssimas e luxuosas, para outras mais simples, usando gráficos do jogo, mas completamente faladas. Porém, todo o conteúdo secundário é contado em texto, completo com barulho de máquina de escrever conforme as legendas aparecem. Isso atrapalha a narrativa e o envolvimento com as histórias menos importantes, e particularmente, não me dá vontade de fazer as subhistórias, por mais que eu até goste do humor e do absurdo do que acontece nelas.

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku
Os valores de produção das subhistórias e minigames são extremamente carentes.

A mudança é simplesmente absurda, pois as cutscenes realmente desenvolvidas são fantásticas. Os personagens não parecem realistas, como os de um The Last Of Us, mas esta não é nem a intenção. A sensação é de estarmos assistindo a uma animação em computação gráfica feita para o cinema com uma cinematografia simplesmente lindíssima. Daí você passa de uma cena dessa para outra com os personagens parados “falando” com barulhinho de máquina de escrever.

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku
O Kazuma está um pouco diferente em Ishin.

Entendo que fazer cutscenes desse nível custa muito caro, e a série Like a Dragon/Yakuza não tem o orçamento de um first party, mas talvez seja o caso de diminuir a quantidade de conteúdo. Talvez assim o game consiga ter uma qualidade mais constante, investindo mais em qualidade do que em quantidade. Afinal, acredito que todos concordam que os games da série são todos longos demais. Mais do que deveriam até.

ANÁLISE LIKE A DRAGON ISHIN E A HISTÓRIA

Devo dizer que, embora seja mais Yakuza, com uma ambientação diferente, Like a Dragon Ishin talvez seja o que menos gostei. O mais importante nesta franquia de fato é a história, e esta é boa. Mas ela erra ao fazer mistério em coisas que são claras desde antes de o mistério aparecer, como na identidade do outro Sakamoto Ryoma.

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku

Mas a história em si é bacana, mostrando os dramas envolvendo a transição do período xogunato do Japão, e a retomada do imperador, além da mudança da capital para Edo (hoje Tóquio). O que me desanimou foi justamente o gameplay.

ANÁLISE LIKE A DRAGON ISHIN E O GAMEPLAY

Em todos os games da série, eu começo explorando bastante, fazendo subhistórias e minigames. Porém, sempre chega a hora que eu começo a achar que é conteúdo demais, e passo a focar apenas na campanha principal. E isso mostra quão repetitivas são as cerca de 20 horas de história da campanha. Você tem praticamente dois objetivos que se alternam. Um deles é ir da pensão (que fica no sul do mapa) para o acampamento dos Shinsengumi (que fica ao norte). O outro é ir do acampamento para a pensão. Sério mesmo.

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku
Isso é o que eu chamo de hadouken.

Basicamente, você começa na parte de baixo do mapa e vai para cima. Assiste a uma cutscene ou vence um chefe. Depois volta para baixo para outra cutscene ou chefe. Repita por 20 horas. Eventualmente tem um dungeon (fase tradicional, focada na ação), mas a maior parte do seu tempo será simplesmente andando de uma ponta do mapa à outra. O que torna a coisa mais repetitiva aqui é que o mapa tem praticamente dois únicos pontos que dão início a cenas de história, enquanto outros games da série incentivam a andar por outros caminhos.

Sobra o combate, claro. E ele é ao mesmo tempo muito complexo e muito simples. Você tem quatro posturas diferentes, envolvendo mãos livres, espada, arma de fogo ou combinação de espada com arma de fogo. Todas são bem diferentes e complexas, a ponto de que eu não me lembrava dos pormenores delas, e acaba usando apenas a espada (a mais forte) e basicamente martelando X e Y, sem muita estratégia. Isso fez com que eu tenha sentido que o combate de Ishin é menos impactante do que as aventuras anteriores do Kazuma. Vou dizer que achei as lutas menos impactantes até mesmo do que as em turno do Like a Dragon.

ANÁLISE LIKE A DRAGON ISHIN – MAIS UMA VEZ, PARA O SEO

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku

Então isso é o que temos para hoje. A minha opinião depois de jogar Like a Dragon Ishin é que ele ainda é um bom Yakuza, mas é inferior aos da franquia principal, e mesmo quando comparado a Judgment. Ainda é bom. Esta série é muito boa, afinal de contas. Mas este é um spin-off que me parece mais apropriado para quem já gosta da franquia, e vai apontar para os personagens como se fosse o meme do DiCaprio cada vez que uma cara conhecida dá as caras.

Análise Like a Dragon Ishin, Like a Dragon Ishin, Ishin, Like a Dragon, Yakuza, Sega, Delfos, Ryu Ga Gotoku
Eu entendi essa referência!

Para quem está a fim de conhecer a série, há capítulos melhores, com histórias mais bacanas e combate mais legal. Se você nunca jogou Yakuza/Like a Dragon antes, e está a fim de conhecer, recomendaria estes outros. Agora se você já é um veterano e está doido por mais Yakuza, especialmente se nunca jogou a versão anterior de Ishin, que até agora era exclusiva do Japão, com certeza vai se divertir bastante aqui.

MAIS YAKUZA/LIKE A DRAGON:

Análise Judgment no PS5: o Yakuza de porradinha

Análise Yakuza: Like a Dragon – diferente, mas igual

É um ótimo momento para conhecer a série Yakuza!

Análise Yakuza Kiwami 2: um remake que não mede esforços!

Análise Yakuza 6: cinco bandidões e um bebê