South Park Snow Day era um jogo totalmente fora do meu radar. Faz parte de gêneros (multiplayerroguelite) que eu decidi não cobrir mais. Inclusive, foi decepcionante para mim que depois de dois jogos tão legais (Stick of TruthA Fenda que Abunda Força), a série voltasse aos games aparentemente meia boca de antes. Porém, era South Park, e eu gosto o suficiente da série de TV para ficar curioso.

Assim, quando uma cópia de South Park Snow Day chegou de surpresa aqui no Oráculo, pensei “por que não? Pior das hipóteses, jogo um pouco e faço um simples artigo de impressões”. Pois veja só, acabou que gostei muito mais do jogo do que esperava. Não o suficiente para ir até o final, mas ele me entreteve o suficiente para continuar jogando até ter visto o suficiente para um típico review delfiano.

REVIEW SOUTH PARK SNOW DAY

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O que eu não esperava é que Snow Day seria uma continuação direta dos games anteriores, e inclusive parece ter bastante envolvimento de Trey Parker Matt Stone. Depois de brincar de épico e de super-heróis, as crianças de South Park ficaram cabreiras que o menino novo (New Kid) sempre ficava overpowered. Então resolveram mudar de brincadeira. Em outras palavras, você controla a mesma criança dos RPGs, mas os jogos mudaram de gênero porque as crianças estão brincando de outra coisa.

Este é o grande charme dos jogos anteriores e deste, e principal responsável por eu ter ficado com Snow Day por várias horas. A história envolve um dia em que a escola foi cancelada por causa de muita neve. Então enquanto os adultos acumulam papel higiênico e trabalham para limpar a neve, as crianças saem para brincar. Este é South Park Snow Day.

MULTIPLAYER ROGUELITE

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Toda brincadeira é mais legal se todo mundo estiver de acordo com as regras.

O jogo tem cinco capítulos, e chegar ao final de um salva seu progresso. Cada capítulo é tipo uma partida de um roguelike, com uma sequência de fases com objetivos aleatórios e um chefe no final. Como tradicional no gênero, você tem moedas que podem ser usadas apenas na partida atual, e outras que salvam, e que podem ser usadas para upgrades permanentes.

As fases, o combate e a jogabilidade não são tão legais. Basicamente, o jogo é um hack and slash do estilo cooperativo. Ou seja, as fases envolvem longas arenas ou objetivos como carregar um McGuffin até um ponto específico. O problema é que é tudo feito para multiplayer e não há quase ninguém jogando, pelo menos não no período de review. Nas horas que passei com ele, mantendo a partida sempre pública, só uma pessoa entrou no meu jogo e saiu poucos minutos depois.

Jogando sozinho, você é acompanhado de bots e, embora eles ajudem na pancadaria, que é o foco do jogo, eles não cumprem outros objetivos. Então quando você precisa fazer algo que não envolva dar porrada, é você mesmo que precisa fazer. Isso começou a incomodar quando eu tinha que pegar três itens espalhados e trazer para o centro, mas ficou ainda pior em outra fase. Nela, carregar o item me deixava indefeso e vulnerável, na intenção de que os outros jogadores me protegessem. Foi aí que parei de jogar. Morri depois de uma sequência de fases assim e pensei “nem a pau que faço tudo isso de novo”.

COMBATE

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O combate é totalmente button mashing. Você tem alguns golpes de corpo a corpo e uma arma à distância, mas em geral o foco é simplesmente martelar o botão de ataque até parar de vir gente. South Park Snow Day definitivamente não é um jogo de gameplay. Porém, o roteiro é muito legal, inclusive a implementação das regras que afetam a jogabilidade.

Por exemplo, cada time tem uma carta bullshit que dá superpoderes limitados. Quando você bate em alguém, a criança se finge de morta, mas continua falando e se mexendo. No meio da porradaria, você encontra adultos limpando a neve ou fazendo outras coisas, que falam com você e reclamam se você os ataca. É o tipo de coisa que deixa o jogo muito charmoso e divertido. E reflete o que eu penso da série animada: os melhores episódios de South Park são aqueles em que as crianças podem apenas ser crianças.

SOUTH PARK SNOW DAY E AS AMBIÇÕES DE LIVE SERVICE

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O problema é que um jogo com ambições de live service, como este, precisa ter um gameplay afiadíssimo. Se o mais legal é o roteiro e a história, naturalmente as pessoas não vão continuar jogando por muito tempo. E quem joga apenas pela história, como é meu caso, para de jogar assim que o gameplay se torna frustrante e punitivo. O que é batata que vai acontecer em um roguelike.

Assim, South Park Snow Day está naquele ponto mágico que não agrada ninguém. Fãs de jogos focados na história, como os dois anteriores, não vão curtir muito. E quem quer um roguelite/live service não vai encontrar aqui um gameplay gostoso que justifique o enorme investimento de tempo que a THQ Nordic gostaria.

Por outro lado, South Park Snow Day não é um Suicide Squad: Kill the Justice League. Até onde sei, ele não ficou em desenvolvimento por uma década, não impediu que um estúdio famoso fizesse outra coisa e não parece ter custado centenas de milhões de dólares. Então a margem de lucro aqui é bem menos ambiciosa, o que pode sim, dar retorno. Especialmente pelo que Suicide Squad não tem: um excelente uso da licença, que se encaixa perfeitamente no gameplay.