Criar é difícil. Em geral, criar é um comprometimento. Por orçamento, tempo, paciência. É muito difícil encontrar um criador que está plenamente satisfeito com sua obra. Porém, algumas raras vezes na vida, a gente encontra uma obra cultural que realmente parece ter realizado totalmente seu potencial. Este é o caso de Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores, game nacional que já está disponível para PC e chega em 16 de março de 2023 ao Switch (ATUALIZADA: em 19 de setembro de 2023 saiu para PS4 e Xbox One). Em outras palavras, esta é nossa análise Squad 51 vs. The Flying Saucers.

ESQUADRÃO 51 CONTRA OS DISCOS VOADORES

Eu nunca tinha percebido antes de jogar – e me maravilhar – com Trek To Yomi. Mas essa estética de filmes antigos de baixo orçamento funciona MUITO bem em videogames. Se uma estética mais realista e moderna é muito difícil e custosa para se alcançar, este estilo menos ambicioso é capaz de impressionar da mesma forma com muito menos orçamento. Isso, afinal, é o que faz o Trek to Yomi e também este Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores, parecer muito mais com um filme do que um God of War Ragnarok.

Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores, no entanto, dá um passo extra que Trek to Yomi não deu. Suas cutscenes são em live action, permitindo que a cara de filme antigo seja mantida tanto na narrativa quanto no gameplay. Mais legal ainda, estas cutscenes foram filmadas em português. Há dublagem em inglês, claro, mas para nós, brasileiros, assistir a elas na nossa língua, com sincronia labial e tudo, é uma sensação que eu nunca tinha tido em games.

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As cutscenes são todas filmadas, e faladas em português.

As atuações, como quase tudo com atores brasileiros, incomoda bastante. Porém, Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores é uma homenagem a filmes B. Tosqueira faz parte da estética escolhida. Então sinceramente não sei se os atores é que são ruins, ou se as atuações são ruins propositalmente. O lado bom é que, assim como Piranha 3D, as cutscenes e a história são daquele tipo que são tão ruins que são ótimas. E arrancam gargalhadas com frequência, muitas vezes pelo roteiro, mas em geral por causa das atuações e coreografias mesmo.

ESQUADRÃO 51 CONTRA OS DISCOS VOADORES É NAVINHA 2D

O game em si segue um dos gêneros mais tradicionais da diversão eletrônica: navinha 2D. Porém, ao contrário de novas iterações de franquias clássicas, como R-Type Final 2, ele exala criatividade e diversão. Ora pois, dá um reparo nesse visual de gameplay.

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Legal, né?

Ele tem onze fases, que devem durar menos de 10 minutos cada. Então você já percebe que não é longo logo de cara. Porém, nos 90/120 minutos em que durou para mim, ele forneceu uma absurda variação de cenários, batalhas, chefes e gameplay. Tem duas sequências de fases em que você usa outras naves, diferente do seu avião padrão. E estas trazem uma mecânica nova, que vai aumentando a quantidade de tiros que você solta conforme fica mais tempo vivo. Isso deixa bem divertido, pois ficar alguns minutos sem morrer te torna uma máquina de causar danos poderosíssima, que atira para todos os lados.

Sem exagero, eu passei todo meu tempo com a campanha com um largo sorriso no rosto, pensando comigo mesmo “cacildis, mas que joguinho legal!”. Tudo nele me parece perfeito. A direção de arte é primorosa. As explosões são enormes, lindas e cheias de partículas, lembrando o estilo lindão da Housemarque. Não do chef Jose Marques, não confunda. Eita nóis, até as telas de carregamento são legais.

A ARTE EM NÃO SER BABACA

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Olha essas explosões que coisa mais linda!

E já que falamos nele, é muito fácil estragar este tipo de jogo com o famoso ingrediente especial do José Marques. E, para ser sincero, em seu modo padrão, Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores até cai nessa armadilha, colocando limite de vidas. Porém, antes mesmo de começar o jogo, você pode desligar esse limite e jogar como um fliperama clássico relançado hoje em dia. O que faz sentido, pois ele é lindão, mas tem também um design bem típico de papa-fichas, em que você morre direto. Isso também permite que você jogue em cooperativo local com alguém menos habilidoso, o que sempre é um bônus bacana.

Este simples temperinho, ele dar esta opção de você customizar sua experiência, foi a diferença entre eu terminar a campanha apaixonado, com um sorrisão e gosto de quero mais, ou terminar com raiva, frustrado e com sensação de que enfim acabou. Esta pequena diferença, de você escolher se quer ou não o ingrediente especial do Jose Marques no seu jogo, é o que separa uma nota máximo de um 1,5. Eu sinceramente queria que mais desenvolvedoras tivessem esse tipo de maturidade.

DIFICULDADE CUSTOMIZÁVEL

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Tem vários chefes que são legais de ver e de vencer!

Eu não joguei – e nem pretendo jogar – Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores com vidas limitadas. Isso para mim é algo que ficou e deve ficar no passado, junto com controles com fio e ensino médio. Mas ainda assim ele te incentiva a não morrer. Seus upgrades são liberados através da pontuação, e morrer faz perder pontos. Felizmente, é possível ativar um upgrade que elimina esta punição. Assim, morrer significa apenas resetar o cooldown das armas especiais (bombas, lança-chamas, etc).

Ao longo da campanha, no entanto, muitos upgrades serão liberados e você pode escolher quais ativar. Como morrer para mim não fazia muita diferença, escolhia aumentar meu poder de fogo. Porém, há várias opções de aumentar a quantidade de vidas, diminuir o dano que sua nave toma e muitos outros caminhos que podem deixar o jogo mais legal para quem não quiser ativar vidas infinitas, mas também não quer o Jose Marques enfiando o piupiu na campanha. Escolha é a palavra-chave, e é o que anda faltando nos games atuais.

ANÁLISE ESQUADRÃO 51 CONTRA OS DISCOS VOADORES

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Repara na TV com a cara do vilão em live-action.

Aqui eu diria que fazia muito tempo que não me divertia tanto com um jogo, mas isso não é verdade, pois Hi-Fi Rush também enfiou um grande sorrisão na minha cara. Mas assim como Hi-Fi Rush, acho muito difícil que Esquadrão 51 Contra os Discos Voadores não esteja na minha lista de melhores games de 2023.

Se for colocar um único problema nele, é que até o momento está disponível apenas para PC e Switch, que são, para mim, os piores lugares para jogar na atualidade. Gostaria muito de uma versão para Xbox, por exemplo, onde pudesse jogar no sofá, tivesse maior garantia de retrocompatibilidade e salvamento gratuito na nuvem. A boa notícia é que saiu em setembro de 2023 para PS4 e Xbox One. Então, se você consegue jogar em qualquer lugar, recomendo a versão do Xbox. Mas se você curte jogar no PC ou no Switch, sobram motivos para comprá-lo hoje mesmo (ou amanhã, já que é quando ele sai no Switch).