Permita-me um passeio pela minha memória antes de começar nossa análise R-Type Final 2R-Type é um jogo que marcou minha vida. Ele, em sua versão de Master System, foi minha primeira fitinha com gloriosos 4 MEGA DE MEMÓRIA. Pois é, as caixinhas de jogos de Master System mostravam o tamanho do jogo orgulhosamente. E 4 mega, pelo menos naquela época, era o máximo disponível para o Master.

E o jogo de fato era lindo, com músicas legais e bom gameplay. Mas como era difícil, caro colega! Eu demorei muito, tipo semanas, só para conseguir vencer o primeiro chefe. Acabei indo mais longe ao longo de alguns meses, mas eu nunca o teria terminado. Até que uma revista de videogames da época, se não me engano a Ação Games, lançou uma edição em que na capa prometia conter um cheat de invencibilidade para o jogo. Eu comprei imediatamente, mas só teria acesso ao meu Master System alguns dias depois. Nunca vou me esquecer da alegria de quando usei o cheat, e ele funcionou. Finalmente eu poderia ver o jogo inteiro. Depois disso, eu joguei R-Type de Master System muitas vezes, mas nunca mais sem invencibilidade.

ANÁLISE R-TYPE FINAL 2

R-Type Final 2 tem esse nome bizarro porque foi criado como uma continuação para R-Type Final, lançado em 2003 para PS2. R-Type Final, como o nome promete, foi pensado para ser o último R-Type. Tipo, para sempre. Obviamente, nenhuma marca fica inativa para sempre no nosso querido mundo capitalista, e quase duas décadas depois, cá estamos com um novo R-Type em nossas mãos. Novo? Bem…

Análise R-Type Final 2, R-Type, Granzella, Delfos
Reconhece esse cara?

A imagem acima mostra o primeiro chefe. E ele é o mesmo chefe que me matou por semanas lá no Master System 30 anos atrás. Na verdade, tudo que eu me lembro do jogo está aqui. Por exemplo, se você jogou o original, deve se lembrar da terceira fase, uma épica batalha contra uma nave enorme, que você ia destruindo aos pedacinhos. Adivinha como é a terceira fase aqui.

LINHA DA MEMÓRIA

Eu não tenho memórias tão nítidas de R-Type para dizer que o jogo inteiro é igual, mas posso falar que tudo que eu me lembrava está aqui. Só que, de alguma forma, menos legal. Por exemplo, olha o primeiro chefe na versão arcade original.

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Certamente ele é mais simples. Mas uma versão do mesmo monstro. E, de alguma forma, a simplicidade o deixa mais claro, mais assustador. O monstro grande em R-Type Final 2 parece uma pedra imóvel, mas tem a mesma cabecinha “ponto fraco” na barriga.

Da mesma forma, a nave gigante da terceira fase quase não parece uma nave gigante. No jogo original, você ia dando voltas nela, e destruindo pedaços. Aqui isso também está presente, mas o design faz com que ela pareça uma parede com canhões, não uma nave.

ANÁLISE R-TYPE FINAL 2: R-TYPE EM 2.5D

As armas e upgrades também são os mesmos aqui que no jogo original. Você tem míssil, bombas, e a “força”, uma navezinha que pode atirar independentemente ou ser acoplada na frente ou atrás do jogador. Há tiros coloridos que podem ser pegados e melhorados, e eles também são os mesmo de sempre. Pelo menos se você estiver jogando com a navezinha padrão.

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Eu acho a navinha do R-Type muito charmosa.

O jogo tem pelo menos duas outras naves (não ficou claro para mim se há naves desbloqueáveis, mas eu terminei a campanha e não liberou nada extra) em que os tiros e a força se comportam de formas diferentes. A terceira, por exemplo, tem uma força que se movimenta pela tela e mira sozinha, o que na prática é como ter uma outra navinha no jogo. Se você quer uma aventura menos desafiadora, escolha ela.

Na prática, R-Type Final 2 é o R-Type original em 2.5D. E, claro, existe um mercado para remakes. Mas por que divulgar como uma continuação se a ideia era refazer o jogo? Streets of Rage 4, por exemplo, tem um monte de referências aos originais, mas é realmente uma continuação, com novas fases, mecânicas e inimigos. R-Type Final 2 é um tapa audiovisual. Ele está mais próximo do novo Toe Jam & Earl do que de Streets of Rage 4.

PAPA FICHAS

Outra coisa que você deve fazer se quiser economizar tempo é forçar uns game overs. O jogo inicialmente tem três vidas e dois continues. Ao perder uma vez, você terá 10 continues. Ao perder a segunda, são 99 continues. Eu só percebi isso depois de ter jogado uma vez até a última fase com os 10 continues e perdido ali. Quase abandonei o jogo de vez, mas resolvi tentar de novo e percebi que estava com 99 continues. Por que já não começa assim? Ou melhor, por que não deixar as vidas infinitas desde o início e respeitar o tempo das pessoas? Foi sinceramente bem chato ter que jogar todas as fases de novo para tentar ver o final. E isso mesmo o jogo sendo bem curto.

Análise R-Type Final 2, R-Type, Granzella, Delfos
Lembra dessa fase? Eu lembro!

São apenas sete fases, que devem durar cerca de cinco minutos cada. Então dá para ver tudo em quarenta minutos se você não tomar game over. E tudo bem, eu valorizo jogos curtos também. Porém, não dá para deixar de dizer que junto com R-Type Final 2 foi lançado um DLC que acrescenta mais duas fases por sete dólares. Eu não testei esse DLC, mas me pareceu muito questionável vender duas fases extras para um jogo tão curto logo no lançamento. Ah, e o jogo não tem final. Vencer o último chefe simplesmente faz rolar os créditos, seguidos de uma curta narração.

Então não dá para fazer rodeios. Eu me decepcionei bastante com R-Type Final 2. Eu poderia até ter curtido um remake do R-Type original, mas a verdade é que tenho minhas mais sinceras dúvidas de que o jogo melhorou nessa nova versão. Os gráficos podem ter sido atualizados, mas até mesmo a versão de Master System parecia ser um trabalho mais caprichado. R-Type Final 2 se encontra, para mim, no mesmo patamar de Panzer Dragoon: Remake. Ou seja, é um remake que sequer foi capaz de melhorar o original.