O filme original do Mortal Kombat foi uma enorme decepção para mim. E isso vem de alguém que na época nem considerou Street Fighter (você sabe, aquele que tem fama de ser um dos piores filmes já feitos) tão ruim assim. Minha expectativa para um novo longa baseado nos excelentes jogos de luta era mínima. Mas ei, acabei me divertindo mais do que esperava. Get over here e leia minha crítica Mortal Kombat (2021).

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E cá entre nós, a coisa já não começa bem. Em um filme baseado em um jogo com tantos personagens famosos, é inevitável que os fãs sintam falta de alguns. E, mesmo assim, os roteiristas me resolvem inventar um personagem do zero para ser o protagonista. Ele é Cole Young, galãzinho genérico que seria, sem dúvida nenhuma, o personagem mais sem graça em qualquer jogo de luta.

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Cole Young, em uma imagem que eu posso ou não ter tirado do filme Clube da Luta.

As coisas começam a mudar quando ele conhece Jax, um militar que diz que Cole é um dos lutadores escolhidos para defender a Terra dos malvadões do Outworld (isso foi traduzido no filme como Exoterra ou algo parecido) em um torneio. Ele sabe disso porque Cole tem o logotipo do Mortal Kombat em seu braço. Todos os escolhidos têm. Inclusive Jax.

O problema é que a turminha do barulho da Exoterra está caçando e matando todos os escolhidos, na intenção de ganhar o torneio antes de ele começar. Jax manda Cole procurar Sonya Blade, que já está com outro escolhido, Kano. Agora é hora de fazer um plano, vencer os malvadões e salvar a Terra.

 

CRÍTICA MORTAL KOMBAT: PEGANDO NO TRANCO

Mortal Kombat, Crítica Mortal Kombat, Delfos, Warner, NetherRealm, Mortal Kombat filmeDemora pra engrenar, é verdade. Mas acredite, quando me dei conta, estava me divertindo. Kano, em especial, foi muito bem adaptado para a telona. Taí um lutador que não tinha muita graça nos games, mas que no filme rouba a cena. É dele, aliás, o primeiro fatality.

Nem todo mundo foi tão bem adaptado. Raiden, por exemplo, tem um visual e poderes legais, mas um ator sinceramente muito ruim. Até o Christopher Lambert mandou melhor no personagem. A dualidade Sub Zero e Scorpion carrega a temática do filme nas costas, mas eles não aparecem tanto assim. Para começar, me surpreendeu bastante que no filme o Sub Zero é mau e o Scorpion é bom. Não sou nenhum craque na lore do Mortal Kombat, mas pelo que me lembro no jogo é o contrário.

Agora Sub Zero talvez tenha os poderes mais impressionantes. Ele realmente é um vilão assustador e absurdamente poderoso. Todas as vezes que ele luta com alguém você pode esperar um belo espetáculo visual, graças a seus poderes de gelo. Já o Scorpion…. bem, o Scorpion…

AH, O SCORPION

No filme de 1995, eu fiquei o filme todo esperando ele aparecer (aviso de spoiler de 26 anos atrás, eu acho) apenas para ele estar morto em cinco minutos.

Aqui eu obviamente não vou dizer o que acontece com o Scorpion 2021, mas vou dizer que ele aparece tão pouco, e tão no final, que se ele já não estivesse nas imagens de divulgação e no próprio pôster do filme, eu consideraria falar dele um spoiler.

O filme faz um build up absurdo com o personagem, mas ele só aparece mesmo, em toda sua glória, na luta final. E é verdade, a cena em questão é bem marcante, e não duvido que plateias mais empolgadas aplaudam veementemente o momento que ele aparece. É legal, sem dúvida. Mas eu sinceramente gostaria que o personagem mais famoso dos jogos tivesse um papel de maior destaque no longa.

FATALITIES E FLAWLESS VICTORIES

O filme também faz um excelente trabalho na transposição de alguns dos fatalities mais marcantes do jogo. Destaco aí, em especial, o do Kung Lao, sem dúvida um dos grandes momentos.

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Liu Kang e Kung Lao.

E aí entra a limitação narrativa da sétima arte. Afinal, se um filme faz um fatality em alguém, ele efetivamente tira aquele personagem da história. Assim, por mais que as cenas de mortes sejam, em sua maioria, muito legais, sempre fica aquela sensação de “pô, o presunto podia ter rendido mais”.

Não tem nenhum caso de personagem que só está no filme para morrer, como o Scorpion em 1995. Todos os heróis têm algum desenvolvimento. Os vilões menos, mas eles sempre têm algum tempo de tela antes de serem assassinados.

ESCOLHA DOS LUTADORES

Eu questiono um pouco a escolha dos personagens trazidos à tela grande. Exemplo: Reiko é um de quem eu sequer me lembrava, e tive que pesquisar para ver se ele era dos jogos ou se foi inventado para o longa. E ele está ocupando lugar que poderia ser, por exemplo, do Baraka ou de outro bem mais popular. Também é muito estranho que o filme tenha a Mileena mas não a Kitana, considerando quão relacionadas as duas são.

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Get over here!

O que chamou muito minha atenção é um personagem que aparece logo no início do filme. Trata-se de um lagarto, que solta ácido e fica invisível. Porém, ele para todos os efeitos não é o Reptile. A impressão que dá é que precisavam de um antagonista descartável e resolveram inventar um Reptile genérico para poderem matar ele sem queimar o personagem famoso. E deve ter sido isso mesmo.

Eu não diria que o Mortal Kombat 2021 é um filme excelente. Certamente é muito superior narrativamente, como cinema mesmo, do que o de 1995. Mas está longe de ser um grande filme. Dito isso, ele me divertiu bastante. Apesar da história bem diferente da dos jogos, e de ele ficar antecipando um torneio que nunca acontece, a coisa funciona bem como um simples entretenimento de sábado à tarde. E isso, para mim, é o suficiente.