Lembra de Slain e, especialmente, de Valfaris? São aqueles jogos de plataforma com influência de heavy metal feitos pelas mesmas pessoas, e com trilha sonora de Curt Victor Bryant, um dos baixistas do Celtic Frost. Pois então! Cá estamos com nossa análise Valfaris Mecha Therion, continuação direta do excelente Valfaris. Mas olha só que curioso. Apesar de a história ser continuação, o game muda totalmente de gênero.
VALFARIS MECHA THERION É UM JOGO DE… NAVINHA!?
Pois é, meu camaradeto! A turma da Steel Mantis está realmente alcançando horizontes (conte quantas referências a rock tem neste texto, fale nos comentários e ganhe um high five telepático). Valfaris era um Slain muito melhorado. Mas Valfaris Mecha Therion muda quase tudo. Os gráficos agora são poligonais, e o jogo é naquele estilão clássico do R-Type. Você sabe, a câmera anda automaticamente para a direita e você deve voar e dar uns pipocos em tudo que aparece. A desculpa para a mudança de gênero é que o herói Therion agora está em um mech. Um Mecha Therion (rá!).
Isso é o que mudou, mas muito continua igual. Você pode atacar com espadas (machados, etc) ou com tiros. Os tiros consomem energia e a espada dá energia. A chave para a eternidade é equilíbrio. O mais especial continua, no entanto: a absurda trueza do jogo, não apenas na história, mas também na arte e nas referências. Prepare-se para encontrar chefes com nomes como Gorgoroth, por exemplo.
HEAVY METAL É A LEI
Curiosamente, o visual low poly não fica tão legal nas imagens, mas jogando na minha TV de 65 polegadas em 4K a arte é muito legal. As cores são extremamente vibrantes e a impressão é que cada fase acontece dentro da capa de um disco de heavy metal. Além disso, o jogo tem algumas das explosões mais bonitas que já vi. Olha aí em cima, que coisa mais épica.
Uma das dificuldades em mudar para 3D é manter o impacto das animações. Isso é algo que a Steel Mantis dominava nos games pixelados, mas com polígonos é mais difícil. Os ataques parecem leves, às vezes até deixando em dúvida se você conectou. Isso não significa que a jogabilidade não seja gostosa, mas sim que você se sente menos poderoso aqui, mesmo controlando um mech. Valfaris Mecha Therion, no entanto, compensa isso brincando bastante com a câmera, alternando ângulos e abusando da rotação.
EI, NENÊ, ACENDA MEU FOGO!
O jogo tem checkpoints, e você pode pousar neles para trocar de armas ou melhorá-las. Isso traz um problema pequeno, que é a absurda quantidade de armas. Você recebe novas armas a quase todo momento e, embora seja relativamente rápido chegar no nível máximo delas, é frustrante upar uma arma para um pouco depois encontrar uma melhor e ter gastado os recursos na anterior.
Assim, acabei usando algumas das primeiras armas durante quase todo o jogo. Elas são bem eficientes, e estar com elas no nível 4 para depois ter que começar a upar uma nova faz com que o game fique mais desafiador do que o esperado. Isso mesmo jogando no easy.
ANÁLISE VALFARIS MECHA THERION: FILHO DO SOL
Pois é, Valfaris Mecha Therion tem três opções de dificuldade, mas a mais baixa já é bem difícil. O lado bom é que morrer apenas volta para o estado que estava no checkpoint, sem pausa ou telas de carregamento. Isso faz com que seja fácil e conveniente tentar de novo.
Uma coisa que achei muito legal quando rodei o jogo pela primeira vez é que apertar números no teclado ativava cheats. Dava para selecionar a fase e checkpoints dentro delas, aumentar XP, ficar invulnerável. Achei que Valfaris Mecha Therion seria um campeão da acessibilidade. Mas isso foi tirado em um update que rolou no mesmo dia, então imagino que fosse um resquício do desenvolvimento (devs usam cheats para facilitar testar o jogo). Seria legal que isso fosse restaurado, nem que fosse como um brinde depois de terminar a campanha. Afinal, é uma enorme pena que não seja possível nem selecionar as fases depois de terminar.
IT’S A HARD LIFE
O que causou diminuição da nota, curiosamente, foi o mesmo motivo que fez isso na minha análise de Valfaris: o chefe final. Mais especificamente, o fato de que são dois chefes seguidos sem checkpoint e sem recuperar vida. O segundo chefe é muito mais fácil do que o primeiro, mas este era tão difícil que eu precisava tentar mais de dez vezes para poder tentar o segundo uma única vez. E normalmente chegava lá praticamente sem vida. Foi o único momento do jogo em que eu realmente parei de me divertir e que teria ativado o cheat de invencibilidade se fosse possível.
A boa notícia é que até chegar lá me diverti bastante. Não só me diverti, aliás, como me empolguei, bati cabeça e joguei com um sorrisão no rosto. São poucos jogos que me deixam tão feliz hoje em dia, e Valfaris Mecha Therion conseguiu isso. A Steel Mantis realmente está se desenvolvendo como uma empresa que faz jogos muito legais, e pretendo continuar acompanhando suas criações.
