Tudo que eu sabia até então sobre Papillon era que se tratava de um filme clássico dos anos 1970 (1973, para ser mais exato) que eu nunca assisti. Agora sei que se trata também de uma história real, baseada na autobiografia de Henri Charrière, o tal do Papillon do título. E que agora ganha uma nova versão para os cinemas.

Charlie Hunnam é Henri, um ladrão na França dos anos 1930. Um dia o mundo lhe manda um evil monkey e ele é preso por um crime que não cometeu. Sua sentença será cumprida num presídio na Guiana Francesa, que é um verdadeiro inferno na Terra.

Lá ele conhece Louis Dega (Rami Malek, de Mr. Robot e futuro Freddie Mercury na cinebiografia do Queen), um falsificador que possui dinheiro suficiente para bancar uma fuga da prisão. Assim, Papillon e Dega entram num acordo. Henri protege Louis na prisão, e este paga o que for necessário para que Charrière consiga escapar.

Delfos, Papillon, CartazMais que uma aventura acelerada de planos mirabolantes para concretizar a fuga, temos aqui um drama sobre a resiliência humana, sobre como é impossível quebrar um espírito determinado a ser livre, não importa o tempo que se leve ou as dificuldades que encontre pelo caminho.

A história ocorre num período de anos, afinal, o presídio não é exatamente um lugar fácil de se escapar. E os fujões que são recapturados enfrentam duros castigos. Logo, a coisa precisa ser bem planejada, e executada na oportunidade certa.

PRISON BREAK

Mesmo com esse lado mais dramático, ele tem também a parte mais aventuresca, quando o plano é posto em prática, além de outras situações. O problema é que a coisa toda é um tanto fria.

Sabe aquele filme muito bem feito tecnicamente, onde cada coisa está em seu devido lugar, mas parece faltar coração ou alma? Achei o caso aqui. Tudo muito bem feitinho, mas em nenhum momento ele vai além da sensação de que foi produzido de maneira mecânica, sem feeling.

Isso transparece principalmente na relação entre Papillon e Dega. Os dois desenvolvem uma forte amizade, algo muito importante para o transcorrer da narrativa. Mas em nenhum momento ele mostra como nasceu ou mesmo se desenvolveu essa relação. Como eles passaram do acordo de conveniência para sentimentos reais. E assim fica difícil de comprar a relação entre eles.

Delfos, Papillon
Touquinhas maneiras. Parecem smurfs!

Também é daqueles filmes onde tem um momento em que você pensa que ele vai acabar, mas daí tem mais um pouquinho de história, passando um tanto do ponto de encerramento.

Por tudo isso, eu o classifico como um tradicional filme nada. Caprichado técnica e visualmente, mas que não oferece muito mais além disso. Assim, fica recomendável só a quem goste desse tipo de história e olhe lá.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
critica-papillonTítulo: Papillon<br> País: República Checa/Espanha/EUA<br> Ano: 2017<br> Gênero: Drama/Aventura<br> Duração: 133 minutos<br> Distribuidora: Imagem<br> Data de estreia: 04/10/2018<br> Direção: Michael Noer<br> Roteiro: Aaron Guzikowski<br> Elenco: Charlie Hunnam, Rami Malek, Tommy Flanagan e Eve Hewson.