Dick Cheney foi o vice-presidente dos EUA na administração de George W. Bush. Sempre presente no meio político desde o final dos anos 1960, é tido como uma figura discreta e reservada, com poucas informações sobre sua vida pessoal sendo de conhecimento comum.

Também é considerado quem verdadeiramente mandava no país durante a gestão de Bush filho e seria ele o grande responsável pela invasão ao Iraque, utilizando-se dos ataques do 11 de setembro como a justificativa perfeita para ir lá tomar os campos de petróleo do país do Oriente Médio.

Vice é a cinebiografia de Cheney, e a princípio chama atenção por mais uma incrível transformação física de Christian Bale, que interpreta o protagonista. Bale, que já foi o Batman, mas também poderia ser chamado de O Fantástico Homem-Sanfona, mais uma vez ganha muito peso para o papel, fora o trabalho de maquiagem e cabelo para representar Dick em vários momentos de sua vida.

Delfos, Vice, CartazMas ele também é um filme de Adam McKay, que fez o ótimo A Grande Aposta e parece ter encontrado aí uma fórmula para tratar de temas densos, pesados e até mesmo chatos de uma maneira bem interessante, que prende a atenção e transforma seu longa em um Oscarizável de pegada muito mais pop que outros de seus congêneres.

Não há grandes diferenças estéticas para seu filme anterior. Ele se utiliza aqui de praticamente todos os artifícios narrativos de A Grande Aposta para dar a Vice uma levada mais leve, irônica e por vezes engraçada, tornando um tema sério e potencialmente entediante muito mais palatável.

DICK

Aqui ele se utiliza de montagem não-linear, intervenções imagéticas e um narrador espirituoso para tornar mais agradável a história de um homem que basicamente mandou as leis e os direitos humanos para as cucuias e manipulou o suposto homem mais poderoso do mundo para atingir seus objetivos pessoais, no caso, obter mais poder.

Contudo, ele não é tão redondo quanto A Grande Aposta. Ele tem muita barriga, cenas que poderiam ser encurtadas e mesmo outras que poderiam ser completamente eliminadas e não fariam a menor falta. Dava para tirar uns 15 minutos facilmente e assim ser ainda mais dinâmico.

Delfos, Vice

Nesse sentido, ele não conseguiu fugir da cara da maioria dos Oscarizáveis, que tendem a ser filmes inchados, desnecessariamente longos, como se uma grande duração fosse sinônimo de qualidade narrativa e conteúdo. O engraçado é que ele é apenas dois minutos mais longo que A Grande Aposta, mas a sensação que dá é de que ele tem uma minutagem muito maior. Sinal de que o anterior, mesmo sendo grande, tinha o tempo que deveria possuir, enquanto este se estende além da conta.

Ainda assim, achei um bom filme no geral, mas não é algo que vá ficar em minha memória por muito tempo. Desta forma, Vice é algo que pode agradar quem gosta de acompanhar a geopolítica e quem gostou da linguagem que Adam McKay utilizou em seu trabalho anterior. Se você se encaixa nessa categoria, vale a assistida.