A-há! Chegou a hora de falarmos do filme mais esperado de todos os tempos da última semana! Já aviso aqui no começo. Minha crítica Doutor Estranho no Multiverso da Loucura não tem spoilers. Dito isso, permita-me começar com duas pequenas recomendações.
ANTES DA CRÍTICA DOUTOR ESTRANHO 2, DUAS PEQUENAS RECOMENDAÇÕES
Sabe aquela série animada do Disney+, What if…? (O que Aconteceria Se…)? Recomendo que você assista a ela antes de agendar uma sessão de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Não é que você não vai entender o filme se não assistir à série antes. Só há coisas que são plantadas lá e desenvolvidas aqui, então isso vai aumentar sua diversão.
Recomendação dois: Doutor Estranho no Multiverso da Loucura vem rodeado de expectativas do tipo “quem vai aparecer no filme?”, mais ou menos como aconteceu com Homem-Aranha Sem Volta Para Casa. E é natural ter essas expectativas. E eu não posso nem vou confirmar ou negar nada nessa resenha. Mas recomendo fortemente que você não assista ao filme para isso. Esta é uma história do Doutor Estranho e da Feiticeira Escarlate, e é com essa mentalidade que você vai gostar mais dele. E agora vamos à crítica Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.
CRÍTICA DOUTOR ESTRANHO NO MULTIVERSO DA LOUCURA
Eu sinceramente esperava que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura fosse uma continuação direta de Homem-Aranha Sem Volta Para Casa. Não é o caso. Embora Stephen Strange seja importante em ambos, assim como a ideia do multiverso, os conflitos não são relacionados. Não é que pegaram uma semente do filme do Aranha que virou uma bola de neve aqui. É bem mais independente do que isso.
A história gira em torno de America Chavez (a vencedora dos nomes difíceis Xochitl Gomez). Ela tem o poder de abrir portais entre os universos, mas não sabe controlar. Uma entidade maligna está a fim de roubar esse poder. Obviamente, nosso colega Stephen com PH não pode deixar isso acontecer.
É até engraçado que, com Vingadores Guerra Infinita, a ameaça dos vilões da Marvel passou a ser literalmente universal. Mas quem é Thanos perto do vilão de Multiverso da Loucura? O universo é fichinha quando a ameaça é capaz de destruir o multiverso.
UM FILME DE SAM RAIMI
Uma das coisas que mais me chamou a atenção aqui é a direção de Sam Raimi. Você com certeza sabe que ele dirigiu os três primeiros filmes do Homem-Aranha. E deve concordar comigo que, mesmo quando eram recentes, os efeitos especiais desses filmes deixavam muito a dever. Sam Raimi sempre foi um bom diretor, com um estilo muito legal, mas com deficiências fortes.
Pois quase nenhuma de suas conhecidas deficiências aparece aqui (continue lendo para saber qual aparece). Com o orçamento ilimitado da Disney/Marvel, Raimi conseguiu fazer de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura o filme visualmente mais espetacular do MCU. Estilo sociedade do espetáculo mesmo, sabe?
Tudo aqui é muito bonito, colorido e onírico. Sem exagero, tem tanta computação gráfica aqui que é quase uma animação. Mas isso é positivo. É assim que um longa do Doutor Estranho deve ser – especialmente um que use o conceito de multiverso.
PETER JACKSON
Fiquei o filme todo lembrando do Peter Jackson. Não porque, assim como Raimi, ele começou a carreira com filmes B cheios de violência. Mas sim porque ao dirigir O Senhor dos Anéis, Jackson comentou que “não gostava de mágica”, e criou toda a estética do filme de forma mais realista. Isso funcionou muito bem para criaturas como os trolls, que parecem bichos que você poderia encontrar na natureza. Mas já reparou como as cenas de ação envolvendo Gandalf e/ou Saruman são muito mais sem graça do que poderiam ser?
Felizmente, nosso amigo Samuel Raimundo não compartilha desse desdém por abracadabras. Aqui a mágica permeia cada quadro, de forma bela, estilosa e colorida. E isso contribui para que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura seja tão bonito. É sem dúvida um filme para se ver na maior tela que encontrar.
COMO CURTIR FILMES B
E se você está com meu texto “como curtir filmes B” fresco na cabeça, provavelmente vai gostar ainda mais. Eu admiro muito como o diretor consegue fazer explosivos blockbusters focados em jovens sem deixar para trás suas origens em filmes trash (que, lembre-se, não é sinônimo de ruindade).
Se em Homem-Aranha 2 temos aquela cena famosa do Dr. Octopus acordando (veja acima), Doutor Estranho no Multiverso da Loucura não limita essa estética a uma cena. Pelo contrário, exibe a linguagem dos filmes B tão orgulhosamente quanto seus alakazans. E é lindo, meu amigo. Tem até uma cena perto do final de “perseguição de monstro” que literalmente parece tirada de Evil Dead ou de Arraste-me Para o Inferno. Mas é claro, sem o sangue ou a violência explícita. É impressionante ver como Raimi traz uma linguagem predominantemente adulta para um filme apropriado para jovens e adolescentes curtirem em um sábado à tarde.
A DEFICIÊNCIA DE SAM RAIMI
Infelizmente, tem uma deficiência antiga do Raimi que ele não resolveu aqui. Convenhamos, temos aqui um diretor que fez ótimos filmes do Homem-Aranha, mas que pecou justamente em uma das principais características do herói: o humor. E é curioso, porque o próprio Evil Dead é bem engraçado.
O Doutor Estranho não é tão ligado ao humor quanto o Homem-Aranha, claro. Mas o MCU costuma ser bem brincalhão e cheio de piadas. Doutor Estranho no Multiverso da Loucura até é uma boa diversão de sábado à tarde, mas não deve arrancar risadas. Talvez seja o filme mais sério do MCU até agora. Mas não confunda “sério” com pesado, ou dark. Não acontece nada muito fora do que vemos em PG-13s hollywoodianos, mas simplesmente não tem tantas piadas quanto nos acostumamos a esperar em filmes da Marvel. Felizmente, ele traz muitas outras razões para ser assistido.
A FEITICEIRA ESCARLATE
Quem lê os gibis já sabe disso, mas a Feiticeira Escarlate do cinema foi bastante capada. Esta é uma personagem com poderes quase infinitos, um dos seres mais poderosos do universo. Se ela tivesse sido levada para o MCU com toda a pintudice dos quadrinhos, Thanos seria fichinha. O jeito foi dar uma limitada no poder da moça.
Felizmente, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura mostra a personagem como ela foi originalmente concebida. E não me refiro apenas à roupinha parecida com a dos quadrinhos que vimos nos trailers e imagens de divulgação. Wanda já tinha mostrado o que conseguia fazer em Wandavision, e aqui ela ganha mais um upgrade, sendo realmente um dos seres mais poderosos do MCU. Dá até para você dizer que o título é do Doutor Estranho, mas o filme é da Feiticeira Escarlate, tamanha a importância dela aqui.
CRÍTICA DOUTOR ESTRANHO NO MULTIVERSO DA LOUCURA (REPETINDO PARA AGRADAR O SEO)
Então essa é minha crítica sem spoilers. Talvez seja a empolgação de ter saído do cinema há poucas horas, mas neste momento, este é um dos meus preferidos do MCU. Talvez se torne meu preferido quando a opinião amadurecer mais. Eu simplesmente gostei muito dele. E é bem estranho para mim dizer isso, considerando que durante boa parte da minha adolescência, o Doutor Estranho era “aquele personagem secundário e xexelento da Marvel”.
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura é um filme tão épico, de escala tão absurda, e de um visual tão estiloso e trabalhado que justifica o que o Martin Scorsese sempre diz: filmes devem ser vistos no cinema. Curioso que nenhum filme do Scorsese fornece o espetáculo visual que temos aqui. Quem não adora cores brilhantes e explosões, afinal de contas?
INTERTÍTULO EXTRA PARA A EDIÇÃO JAPONESA DESTA RESENHA
Essa sessão de imprensa foi um tanto bizarra. O filme atrasou bastante para começar, mas isso foi o de menos. Antes da sessão, os jornalistas receberam óculos 3D. Fazia anos que nenhuma cabine era feita em 3D. E os presentes foram direcionados para a sala 4D do cinema. Sabe, aquela que treme, joga água na sua cara e etc e tal? Fiquei feliz, já que até hoje só tive uma oportunidade de curtir um filme lá.
Porém, as funcionalidades da sala não foram ativadas. E o filme foi exibido em 2D. O óculos 3D era apenas para vermos o trailer de Avatar 2, que seria exibido antes. Depois do trailer, as luzes acenderam e os funcionários pediram os óculos 3D de volta. Ixe, mamão!
Este intertítulo é dedicado ao nosso leitor Mario Carvalho, que nos segue no Twitter. Ele disse que estava com saudades das “patetadas do Corrales“, então resolvi deixá-lo feliz. Siga o DELFOS no Twitter também! Quem sabe uma interação nossa não influencia uma matéria vindoura?
Nossas críticas do Marvel Cinematic Universe:
– Homem de Ferro – Genial, playboy, filantrópico, mas não o melhor.
– Homem de Ferro 2 – Sejam bem-vindos, Viúva Negra e Máquina de Combate!
– O Incrível Hulk – O Edward Norton faz falta?
– Thor – Até que é bom, mas falta alguma coisa.
– Capitão América: O Primeiro Vingador – Se eu perdesse uma dança com a Peggy também nunca iria me perdoar.
– Os Vingadores – The Avengers – O primeiro, mas não o único.
– Homem de Ferro 3 – É sensacional, todavia, as armaduras do Tony parecem de papel.
– Thor: O Mundo Sombrio – Hum, meh.
– Capitão América 2: O Soldado Invernal – Who the hell is Bucky?
– Guardiões da Galáxia – A aventura mais pipoca de todas.
– Vingadores: Era de Ultron – Agora, sim, isso aqui é um time de responsa.
– Homem-Formiga – Sério, o vilão é sem sal.
– Capitão América: Guerra Civil – O Steve tem razão.
– Doutor Estranho – Os poderes mais incríveis são do Mago Supremo.
– Homem-Aranha: De Volta ao Lar – É assim que se faz, tá, Sony?
– Thor: Ragnarok – Quero meu martelo de volta.
– Pantera Negra – Um tapa na cara da sociedade.
– Vingadores: Guerra Infinita – Tanto esforço por uma gota de sangue…
– O Homem-Formiga e a Vespa – Meio genérico. Também, veio depois de Guerra Infinita!
– Capitã Marvel – A herói mais porreta da Terra. É, Thanos, agora pegou pro teu lado.
– Nota sobre nossa crítica de Vingadores: Ultimato – Nossa crítica do filme demorou para sair. E este é o motivo.
– Vingadores: Ultimato – E esta é a crítica que demorou para sair.
– Vamos falar sobre Vingadores: Ultimato COM SPOILERS: só clique aqui se já assistiu.
– Homem-Aranha: Longe de casa: É o macaco noturno!
– Shang-Chi e os Dez Anéis: É o mano do busão!
– Homem-Aranha: Sem Volta para Casa: O lado bom do fanservice.