Quem diria? Depois de anos e mais anos esperando por Bayonetta 3, um novo jogo relacionado sai alguns poucos meses depois. É um game totalmente diferente no entanto. Sabe onde você descobre mais sobre ele? Pois é, meu camaradinha. Na nossa análise Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon.

ANÁLISE BAYONETTA ORIGINS CEREZA AND THE LOST DEMON

Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon conta uma história da Bayonetta, quando ela ainda era uma fofa menininha chamada Cereza. Ela não tem os superpoderes da sua versão adulta, e é quase totalmente indefesa. Felizmente, ao se envolver em uma aventura para tirar a mãe da prisão, consegue invocar um demônio. Porém, o monstrinho não é formado pelo seu cabelo, mas possui seu gatinho de pelúcia, Cheshire.

Análise Bayonetta Origins, Cereza and the Lost Demon, Platinum, Nintendo, Switch
Cereza e Cheshire, já possuído pelo demônio.

Temos aqui um game de ação isométrico com level design de metroidvania. Este formato lembra bastante clássicos como Zelda e o estilo visual “livro de historinha” tem muito de Okami. Embora eu não goste de todos os games desse estilo, este me agradou muito. A sensação mais parecida que tive com outro game da Nintendo, no entanto, foi com Paper Mario: The Origami King, se você pode acreditar.

Porém, Bayonetta Origins tem uma pegada única, graças ao fato de você precisar controlar dois personagens ao mesmo tempo.

CEREZA E CHESHIRE: BROTHERS

Análise Bayonetta Origins, Cereza and the Lost Demon, Platinum, Nintendo, Switch

O controle, aliás, é bem interessante. Cereza ocupa todo o lado esquerdo, enquanto Cheshire responde pelo direito. Isso inclui as alavancas. Cereza é movimentada pela alavanca esquerda e Cheshire pela direita, exatamente como em Brothers: A Tale of Two Sons.

Você não precisa andar com os dois independentemente o tempo todo. Dá para combinar os personagens no “modo abraço”, em que Cheshire volta a ser um bichinho de pelúcia e é carregado por Cereza. O level design, no entanto, incentiva que você use tanto os personagens separados quanto juntos. Há, inclusive, pedaços em que são separados e você precisa controlar ambos ao mesmo tempo, fazendo um abrir caminho para o lado do outro, como um game cooperativo tradicional.

Análise Bayonetta Origins, Cereza and the Lost Demon, Platinum, Nintendo, Switch
Usando o Cheshire, levante o chão para a Cereza andar pela esquerda.

A princípio, o game parece ser single player. Porém, como cada personagem é controlado por metade do controle, pode ser possível poder jogar em cooperativo com cada jogador assumindo um joy-con. Eu não tentei isso, no entanto. Se você tentou, conte nos comentários sua experiência.

ANÁLISE BAYONETTA ORIGINS: CEREZA INOCENTE, CHESHIRE PERIGOSO

Uma coisa curiosa é que todos os ataques vêm do Cheshire. É com ele que você tem uma experiência mais tradicional de games de ação. Porém, é Cereza, e apenas Cereza, que pode morrer. Então numa batalha normal você ataca com Cheshire e foge com a Cereza, o que dá um belo tilt mental. A única magia que Cereza pode usar imobiliza os inimigos, o que permite que Cheshire performe seus combos mais viscerais mas, por si só, não causa dano.

Análise Bayonetta Origins, Cereza and the Lost Demon, Platinum, Nintendo, Switch

É um esquema que para mim parece bem único, embora seja remanescente do combate com demônios gigantes que já está presente em Bayonetta 3. A vantagem é que aqui a heroína não fica imobilizada enquanto você controla o demônio. Eu já vi outros games em que você controla dois personagens ao mesmo tempo (como o próprio Brothers), mas normalmente são focados quase exclusivamente em quebra-cabeças e exploração. Cereza and the Lost Demon é um game focado especialmente em combate.

Dito isso, não é como Darksiders Genesis. Este era um game de orçamento mais baixo que saiu pouco depois de Darksiders 3, mas cujos controles e sensação de jogar ainda remetiam diretamente à série principal. Aqui você não se sente jogando um novo Bayonetta, mas um game totalmente novo. E, como é um game muito legal, isso também é ótimo.

ANÁLISE BAYONETTA ORIGINS E O AUDIOVISUAL

Análise Bayonetta Origins, Cereza and the Lost Demon, Platinum, Nintendo, Switch

Esta talvez seja a maior surpresa. Afinal, o visual de Bayonetta 3 é seu maior – quiçá único – ponto fraco. Não há dúvidas que o orçamento de Cereza and the Lost Demon é mais baixo do que o do game anterior. Porém, o Switch é muito mais capaz de reproduzir esse tipo de visual de “livro de historinha” do que o estilo mais realista tradicional dos outros consoles.

Isso faz com que Bayonetta Origins Cereza and the Lost Demon seja atraente e rode bem o tempo todo. Ao contrário de Bayonetta 3, ele realmente parece e joga como um game de Nintendo. E eu amo Bayonetta, mas eu também amo a alegria e fofura do “estilo Nintendo”. Combinar os dois é como colocar requeijão num pão de queijo: não tem como dar errado.

As músicas também são bem legais, com um jeitinho brincalhão e fofo que dá à aventura um gostinho de infância muito bem-vindo. Acredito que para o meu gosto pessoal, Bayonetta 3 é um game mais divertido. Porém, se eu analisar de forma imparcial os dois games como obras audiovisuais interativas, Cereza and the Lost Demon leva a medalha de “melhor jogo”, independente de gosto pessoal.

FINALMENTE UM BAYONETTA QUE PARECE DA NINTENDO

Análise Bayonetta Origins, Cereza and the Lost Demon, Platinum, Nintendo, Switch

Sempre causou estranhamento Bayonetta ter se tornado um personagem da Nintendo. Originalmente publicado pela Sega para Xbox 360 e PS3 (e inclusive relançado na geração seguinte), a série sempre pareceu algo da Capcom, disponível apenas para os consoles maiores.

Finalmente, com Bayonetta Origins Cereza and the Lost Demon, a gente tem o primeiro game estrelado pela personagem que tem cara, sabor e jeitão de Nintendo. Ou de Capcom seguindo o estilo Nintendo, vá lá, como Okami. Isso é ótimo e enriquece demais a marca Bayonetta como um todo. Eu definitivamente não me oponho em termos uma série de hack and slashes protagonizada pela Bayonetta adulta e outra isométrica e fofinha com Cereza, sua versão mirim. Vamos ver o que vem por aí, mas o futuro da moça, neste momento, me parece brilhante.