Fearmonium é um caso raro entre os games indies. É um metroidvania 2D, o que é absolutamente comum, mas seu principal destaque é a narrativa. Aqui você é uma palhacinha que mora dentro da mente de um menino que está a ponto de entrar em depressão.

Você é uma memória desagradável, mas logo conhece a Dona Depressão, e ela te incumbe de se tornar uma fobia. Para isso, você deve se aliar a diversos outros palhaços e eliminar todas os outros muitos medos do moleque. Os palhaços são os upgrades comuns no gênero, enquanto os outros medos, claro, são os chefes.

REVIEW FEARMONIUM

Fearmonium, Ratalaika Games, Metroidvania, Delfos

O jogo falou comigo quase imediatamente, mas não de um jeito legal. Afinal, seu objetivo é prejudicar o moleque que, nas cutscenes em quadrinhos, está claramente sofrendo. A sensação inicial é a que tive em God of War 3, ou seja, você é um vilão. Claro que você está lutando contra os outros medos do carinha, então logo fica claro que talvez a narrativa seja maior do que aparenta.

O bacana narrativamente é que os textos realmente entram com alguma profundidade em questões de saúde mental. Não sou nenhum expert no assunto, mas a Dona Depressão e os outros personagens elaboram de forma bem interessante o nascimento dos medos, ansiedades e outras questões de saúde mental que afetam tanto a todos nós.

E O GAMEPLAY DE FEARMONIUM?

Fearmonium, Ratalaika Games, Metroidvania, Delfos

Tirando a temática, que pode ser definida como um Divertida Mente meio gótico, o jogo em si não é muito interessante. A princípio ele me chamou atenção pelos gráficos desenhados, mas a verdade é que o jogo é feinho e os personagens não são carismáticos nem bem animados. Tem alguns jogos que pela animação você já sente o impacto e o sabor do gameplay. Aqui não. As fases até trazem boas ideias, mas o gameplay não é gostoso o suficiente para dar vontade de explorar e jogar além do necessário.

Dentre essas boas ideias, temos momentos em que você escorrega por cartas ou flutua para desviar de espinhos e inimigos. Um upgrade que não é muito comum no gênero é a scooter, que basicamente é a possibilidade de pegar velocidade e dar um pulão mais longo. Mas de resto é um metroidvania bem padrão, sem o espetáculo audiovisual ou a jogabilidade impactuosa que outros do gênero trazem.

SABOTADO PELA DATA DE LANÇAMENTO

Fearmonium, Ratalaika Games, Metroidvania, Delfos

Fearmonium não é um jogo ruim, mas é simplesmente mais um em um gênero superlotado. Além disso, escolheram lançá-lo no final de 2023, perto de um monte de games grandes ou mais interessantes. Juntando os dois, se você pegar só os metroidvanias do fim de 2023 que eu joguei e escrevi sobre nas últimas semanas, tivemos TeviCookie CutterLaika Aged Through Blood. E já no início de 2024 temos o Prince of Persia The Lost Crown. É muita coisa muito parecida saindo junta. E Fearmonium é o mais feio e com gameplay mais fraco destes quatro que já saíram.

Daí ele tem a temática, que é o que realmente o torna único e interessante. Porém, seria bacana que esta temática estivesse envolvida em um jogo que desse vontade de jogar. Terminar um metroidvania apenas para ver a história não é um bom uso do gênero, e Fearmonium, embora também seja o mais curto dentre os supracitados, ainda é trabalhoso e difícil a ponto de ficar cansativo muito antes de terminar.

Fearmonium, Ratalaika Games, Metroidvania, Delfos
Apesar de desenhado a mão, Fearmonium não é bonito.

Tivesse saído em uma época menos cheia do ano, ou em meio a menos concorrentes do mesmo exato gênero, Fearmonium talvez fosse um jogo para fãs de metroidvanias. Aquele que não empolga muito, mas que você acaba indo até o fim por falta de coisa mais legal para jogar. O problema é que, neste fim de 2023, início de 2024, temos muita coisa legal para jogar. Daí complica pra ele. É uma pena, mas é o que tem pra hoje.