Se você acompanha o DELFOS, sabe que, embora eu seja um fã de longa data da Nintendo, eu nunca tinha jogado várias de suas séries mais populares antes. É o caso, por exemplo, de Luigi’s Mansion, e até mesmo de Zelda. E em todos os casos, eu tenho me deparado com jogos excelentes, que têm me divertido como poucos outros lançamentos recentes. O mais novo acréscimo da lista é, claro, este do qual falaremos hoje. Bem-vindo à nossa análise Paper Mario: The Origami King.

ANÁLISE PAPER MARIO: THE ORIGAMI KING

Luigi’s Mansion eu não tinha jogado por falta de oportunidade. Zelda eu demorei para experimentar porque, lá na época do Nintendinho/Super NES, eles pareciam jogos complicados. Como eu era um garoto Sega, que só jogava Nintendo em casas de amigos, não era o tipo de jogo apropriado para visitas rápidas (em comparação com jogos competitivos, como Street Fighter 2, ou mais pick up and play, como Super Mario World). Este é o mesmo caso de Paper Mario.

Até pouco tempo atrás, eu não jogava RPGs, assim simplesmente ignorava o gênero. Agora, com um repertório mais expandido, me arrependo da minha cabeça fechada e de tudo de bom que deixei passar. Eu não classificaria Paper Mario: The Origami King como um RPG, o que pode decepcionar os fãs dos jogos anteriores. Na verdade, a sensação de jogá-lo é bem semelhante à de Link’s Awakening. É um jogo de exploração e aventura simplesmente delicioso. Visualmente lindo, repleto de músicas pegajosas e com um humor bobinho que muito me agrada.

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Eu sinceramente adoro a alegria e a fofura dos jogos da Nintendo!

De RPG mesmo, ele só tem o combate em turnos, mas mesmo isso é mais puzzle do que tática. Funciona assim: o Mario fica no meio de um círculo, e os inimigos se espalham ao seu redor. Você deve mover os círculos e colunas para juntar os meliantes em grupos de quatro, seja em colunas (possibilitando pular neles) ou em quadrados (usando o martelo, como o Mario fazia lá no jogo original do Donkey Kong). Há limite de tempo e de movimentos, mas dá para gastar dinheiro para simplificar o desafio ou ganhar outros benefícios (como cura).

FAÇAM FILA PARA APANHAR

Caso você consiga fazer grupos bonitinhos, seu poder de ataque é aumentado e, se escolher a arma apropriada, é possível vencer todo mundo antes que eles tenham a chance de atacar.

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Mas juntar os grupinhos nem sempre é fácil.

Se não conseguir agrupar a galerinha, o combate começa como um RPG tradicional. Você escolhe onde atacar, qual arma usar e daí é a vez dos inimigos. Depois disso, você tem mais uma chance de resolver o puzzle. Eles têm vida e podem ser vencidos na força bruta. Solucionar o quebra-cabeça apenas faz com que o combate acabe mais rápido, com menos dano e mais moedas de recompensa.

MACHO, MACHO GOOMBA

Eu vi muita gente reclamando do combate. Eu sinceramente não achei ruim. Meu problema com ele é quão frequente ele é, e quanto tempo toma. Você pode, por exemplo, chegar numa tela com quatro ou cinco inimigos. Isso, em um jogo com ataques em tempo real, seria vencido rapidinho. Porém, aqui, quando você ataca um, é levado para a tela de combate, onde um inimigo pode virar 10 ou mais. Daí, depois de vencer, você volta para a tela de jogo, e todos os outros ainda estão lá, esperando para iniciar o combate novamente. Assim, esses quatro ou cinco inimigos facilmente se estendem a uma sequência de batalhas que passa dos 15 minutos.

O problema, para mim, é que o combate afasta você do que The Origami King realmente tem de bom, que é explorar, curtir os cenários, solucionar segredos e simplesmente saborear toda a ambientação, em especial o visual, a música e o humor. Assim, não é que o combate é ruim, ele só toma muito tempo em um jogo onde os maiores prazeres estão em outras partes.

Curiosamente, o combate em turnos, que é a maior parte, acontece apenas com inimigos feitos de dobradura. Alguns inimigos são feitos com papel machê – e são hilariamente chamados de inimigos “macho”.

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Aqui, por exemplo, temos três Shy Guys “machos”.

Estes são vencidos em tempo real. Em geral, você deve desviar de seus ataques e martelá-los por trás. A minha opinião é que funciona bem melhor do que as lutas em turnos, além de serem muito mais rápidas. Tem até alguns chefes “machos”, que são vencidos em tempo real, e são simplesmente fantásticos. É uma pena que os “machos” sejam tão raros em comparação com as dobraduras. Estes combates aproximam ainda mais Paper Mario de um Zeldinha clássico.

UMA AVENTURA FOFINHA

Ainda assim, o combate claramente não é o foco aqui. As partes mais marcantes envolvem buscar tesouros, encontrar toads escondidos, abrir portas trancadas e explorar templos. Mais do que um RPG, ou um jogo de ação, Paper Mario: The Origami King é uma aventura. E esse é um gênero de games que eu venho curtindo cada vez mais.

É incrível também a habilidade dos devs de fazer esses jogos da Nintendo estarem entre os mais bonitos da geração, mesmo rodando em um hardware menos poderoso. O visual aqui é embasbacante. Todos os personagens, tantos os de dobradura, quanto os machos e, claro, os de papel reto, são muito expressivos e de grande fofura. Os cenários também são cheios de cores vivas e, mesmo sendo tudo feito de papel, ainda parecem um jogo do Mario autêntico. Mais do que isso, até mesmo jogar, com exceção do combate, dá a sensação de um jogo normal do Mario.

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Até salvar é legal. Você deve dar uma cabeçada em blocos com um S, o que amassa a cabeça do Mario e pausa o jogo por uns dois segundos.

O CARISMA NINTENDO

Isso se estende aos chefes. A maioria deles são coisas que você encontra em um escritório e que podem ser usados para fazer origami. Sabe, tipo fita adesiva, furador? Nada de mais. Porém, até aí a Nintendo coloca seu incrível gerador de carisma. Um dos chefes, que é uma caixa de lápis de cor, é bem sem graça. Mas daí ele fala, e você percebe que as letrinhas de seus balões são coloridas.

Só é uma pena mesmo que a Nintendo tenha essa insistência em não desenvolver totalmente suas histórias, com dubladores e cutscenes. É tudo contado em textos, e só alguns poucos personagens, como o Luigi, soltam alguns gemidos e outros sons com suas vozes já conhecidas.

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It’s me! Luigi!

E O MUNDO ABERTO?

Paper Mario: The Origami King segue, na maior parte, um mundo estilo Zelda. Ou seja, a história é linear, mas você tem liberdade de voltar para áreas previamente exploradas. Porém, tem dois trechos em que ele flerta com mundo aberto e, não por acaso, são as piores partes do jogo.

São elas, o deserto e o mar. Em um deles, você tem um carrinho, no outro, um barquinho. Em ambos os casos, são mapas bem largos. Porém, não tem motivo para serem tão grandes. São basicamente um monte de nada com alguns pontos de interesse específicos. Ambos funcionariam melhor se tivessem os pontos de gameplay mais próximos e abrissem mão de seus veículos, como o restante do jogo. Do jeito que está, parece algo que só serve para estender o game desnecessariamente.

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Isso não significa que não há partes boas nessas áreas.

Eu estava achando o jogo uma delicinha até chegar no deserto, quando o tédio e a preguiça bateram forte. E daí, quando terminei a área, achei que o jogo voltaria a ser como era antes, mas logo em seguida veio a parte do mar. Em geral, eu passei umas duas tardes nessa parte “aberta” do jogo, o que correspondeu a cerca de 1/3 do jogo. E é por este motivo que não dei a ele nota máxima.

Ainda assim, como você pode perceber, dei uma nota bem alta, o que demonstra o quanto gostei de Paper Mario: The Origami King. Como minha primeira aventura no mundo de Paper Mario, foi bastante satisfatória e divertida. E agora eu preciso ir atrás dos jogos anteriores da série. Qual você me recomenda?