Ebenezer and the Invisible World é um metroidvania 2D que ganhou atenção por sua temática no mínimo estranha. Temos aqui um jogo inspirado por Um Conto de Natal, de Charles Dickens. Você conhece a história, mesmo que não tenha lido. É aquela do ricaço malvado que recebe a visita de fantasmas do passado, presente e futuro para incentivá-lo a se tornar uma pessoa boa. É o tipo de coisa que não esperamos ver um videogame baseado. No máximo, inspirar um personagem de gibi que mergulha no seu cofre cheio de moedas.

ANÁLISE EBENEZER AND THE INVISIBLE WORLD

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Ebenezer and the Invisible World acontece depois da história conhecida. Ebenezer Scrooge já é uma pessoa boa, e vê a importância disso. Daí ele recebe a visita de alguns fantasmas que pedem a ajuda dele para transformar um outro ricaço malvado chamado Caspar num caboclo gente fina. Acontece que depois de ele ser visitado pelos fantasmas que ajudaram Scrooge, um outro fantasma apareceu e destruiu todo o trabalho feito, fazendo o ricaço se tornar ainda mais malvado.

Assim, nosso amigo Patinhas vai explorar Londres atrás de coisinhas que representem o passado, presente e futuro de Caspar, para então apresentá-las a ele. Obviamente, Ebenezer terá a ajuda de um monte de fantasmas do bem, mas os obstáculos serão numerosos, variando de soldados do Caspar a fantasmas malvados.

TEMÁTICA PITORESCA, METROIDVANIA TRADICIONAL

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Apesar da temática inesperada, o jogo é um metroidvania bem tradicional. O combate e movimentação lembram Castlevania Symphony of the Night, mas sem as características de RPG. Você encontra várias armas diferentes, mas o dano delas é fixo. Os upgrades são basicamente de movimentação. Pulo duplo, glidedash. Você a essa altura deve saber bem o que vai encontrar por aqui.

O bacana é que cada poder reflete a ajuda de um fantasma, o que visualmente é muito legal. Por exemplo, o pulo duplo envolve um fantasma que segura a mão do Ebenezer e o joga para cima. Cada poder tem uma gracinha desse tipo. O combate também envolve armas fantasmas. O combate padrão é com a bengala, mas você pode pegar itens que transformam a bengala em chicote ou num machadão super poderoso.

VISUAL BONITO E LEVEL DESIGN INTERESSANTE

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As duas principais características que tornam Ebenezer and the Invisible World um bom jogo são o visual e seu level design. O jogo parece desenhado a mão e, embora as animações não sejam realmente especiais, o visual é bonito e cheio de detalhes.

Também gostei bastante do level design, que tornava um prazer explorar quando não estava ativamente tentando me deixar com raiva. Pois é, seguindo as modinhas atuaisEbenezer and the Invisible World não tem opções de dificuldade. E vou dizer, ele nem é tão difícil. Porém, a punição para o fracasso é absurda, a ponto de que em vários momentos da minha campanha, eu quis parar de jogar simplesmente por não aceitar a quantidade de progresso que perdia ao morrer.

QUE CUSTA FAZER MAIS CHECKPOINTS?

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Ebenezer and the Invisible World usa checkpoints no estilo “fogueiras”, que ressuscitam inimigos e curam o herói. Os pontos de fast travel são independentes dos checkpoints, e nunca estão perto um do outro. Mas o principal problema é a quantidade de tempo e de progresso que você perde ao morrer.

Na maior parte dos metroidvanias modernos, morrer te volta ao checkpoint e revive os inimigos, mas o estado do mundo se mantém igual. Missões cumpridas, itens coletados e, especialmente, chefes derrotados são salvos. Aqui não. Aqui você volta literalmente do save, perdendo absolutamente todo o progresso – até mesmo sidemissions cumpridas, upgrades coletados e mapa descoberto. E como os checkpoints são MUITO raros, é comum você perder muito progresso, até mesmo mais de 45 minutos.

Em uma morte especialmente infeliz, eu perdi uma sidemission concluída, uma outra iniciada e quase todo o mapa explorado de uma fase inteira. Em outra, fiquei com preguiça de voltar até o save distante depois de matar um chefe. Para minha surpresa, ao morrer e voltar ao checkpoint pré-chefe, precisei vencê-lo de novo. Dá para acreditar? Ah, e morrer em chefe envolve ter que martelar o botão para pular todo o enorme diálogo que vem antes de cada uma dessas lutas. Já seria ruim apertar start para pular, mas você precisa apertar o botão uma vez para a frase “ser totalmente digitada” e outra para pular CADA frase.

EBENEZER AND THE INVISIBLE WORLD E A FALTA DE POLIMENTO

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Quando eu não morria, até gostava do jogo. Mas sem exagero, a cada morte eu tinha vontade de abandonar o jogo e ficava ansioso pensando há quanto tempo não salvava. Eu provavelmente teria gostado muito mais de Ebenezer and the Invisible World se ele tivesse opções de dificuldade ou checkpoints melhor distribuídos. Preferencialmente os dois.

Infelizmente, não é só nisso que falta polimento. O botão de ataque simplesmente não funciona de vez em quando. Teve várias vezes que eu ficava parado na frente do inimigo martelando o X e só conseguia atacar após ser eu mesmo atacado. Além disso, há um grande foco na história, e o texto em inglês está MUITO mal escrito. Ele carece forte de uma revisão profissional.

Depois de terminar, vi que Ebenezer and the Invisible World parece ser um jogo brasileiro, e nesses casos costumo jogar em português. Como não sabia de sua nacionalidade, joguei em inglês, então não posso falar sobre a qualidade do texto em PT-BR. Mas acredito que, por ser o idioma original, deve estar melhor do que em inglês. Felizmente, a história é até interessante, e é bonitinho ver como o herói Ebenezer se tornou uma boa pessoa depois de ser tão odioso. Isso, claro, você só sabe se for na história original, pois aqui ele já começa “do bem”.

TIO PATINHAS, EBENEZER AND THE INVISIBLE WORLD

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Chama a atenção, positivamente, quão poucos chefes há no jogo. Há cinco principais e mais uns três em sidemissions, o que é muito pouco para um metroidvania. Chama a atenção, negativamente, o fato de que objetivos e áreas de interesse não são marcados no mapa. A única sidequest que eu não cumpri faltou apenas eu encontrar a pessoa certa para dizer que fiz a missão, e simplesmente não lembro onde o NPC está, o que é bem frustrante.

Ebenezer and the Invisible World nunca seria um metroidvania realmente especial ou chamativo, tirando pela temática. Mas com um pouco mais de cuidado, ele poderia ser um jogo bacana, que poderia ser recomendado para fãs do gênero sem grandes ressalvas. No final das contas, ele fornece alguma diversão, mas para acessá-la você vai precisar lidar com diálogos que se repetem exaustivamente e muito progresso injustamente apagado. Vai encarar?