Tudo indica que As Marvels vai ser o maior fracasso da Marvel nas bilheterias. Isso não representa qualidade, mas expectativa. Afinal, você compra ingressos antes de saber se vai gostar do filme. É só ver que continuações de filmes muito bons costumam vender muito, mesmo quando decepcionam geral. Vide Homem-Aranha 2 e Homem-Aranha 3 ou O Cavaleiro das Trevas e O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
Assim, a potencial bilheteria fraca de As Marvels diz muito, mas pouco sobre o filme em si. Reflete um lugar estranho no MCU, que anda perdido em meio a multiverso e Jonathan Majors. Reflete uma campanha online machista contra Brie Larson. E, claro, o fato de que muita gente, cansada de tanta “lição de casa para ir ao cinema”, simplesmente não assistiu à série Miss Marvel. Bom, eu começo esta crítica As Marvels dizendo que não esperava muito do filme também. Mas acabei me surpreendendo e me divertindo. Muito, diga-se de passagem. Me acompanha neste ensaio?
CRÍTICA AS MARVELS
As Marvels realmente não torna fácil assistir a ele. No mínimo, ele espera que você esteja com Capitã Marvel e Miss Marvel bem frescos na memória, e que tenha um bom conhecimento sobre a lore que envolve a guerra entre skrulls e kree, mesmo que não tenha assistido a Secret Invasion. E a origem da terceira Marvel é contada em Wandavision. Assim, definitivamente não é uma história autocontida, mas sim uma que depende MUITO do estado atual do universo cinematográfico da Marvel. Dito isso, se você está atualizado na sua lição de casa, o que temos aqui é um filminho de ação e comédia muito divertido.
Tudo começa com uma líder Kree que encontra o par do bracelete que deu os poderes para a Miss Marvel. Isso causa altas confusões, sério mesmo. Em especial, toda vez que duas das três Marvels (a terceira é Monica Rambeau, a menininha que aparece em Capitã Marvel, crescida desde Wandavision) usam seus poderes ao mesmo tempo, elas trocam de lugar. Isso causa umas cenas de ação muito engraçadas e divertidas, que acabam respondendo por boa parte da comédia e confusão do início do filme.
Como é praxe em filmes de heróis, o uso indiscriminado do poder recém adquirido pela líder Kree vai causar o fim do universo. Então cabe às três Marvels, as campeãs da parcimônia, resolver o problema. E o Nick Fury e os skrulls também aparecem e tal.
AÇÃO LEVE E DIVERTIDA
Apesar da alta penalidade pela potencial, mas não possível, derrota das heroínas, o que deixa o filme tão legal é que ele é deliciosamente leve. E muito disso se deve a Kamala Khan, a Miss Marvel. Embora no combate ela seja café com leite, na narrativa ela é vital. Iman Vellani rouba a cena e carrega o filme nas costas com seu humor e carisma.
Eu já tinha sentido isso quando assisti à sua série, mas a Miss Marvel é meio o que eu esperava do Homem-Aranha no cinema. Um fanboy que age como criança, lado que ele só mostrou mesmo em Guerra Civil. Sei lá, a cultura pop em geral parece ter muita pressa para fazer Peter Parker crescer – talvez para abrir espaço para o Miles. E eu acho isso uma pena.
Então a Kamala Khan – e o próprio Miles – acabam assumindo este papel que sempre foi tradicionalmente do Peter Parker. Felizmente, com bons resultados. A Kamala da Iman Vellani é simplesmente muito fofa. Em uma cena, a Monica Rambeau conta algo triste, e a Kamala responde com um abraço, enquanto acena para que a sisuda Capitã Marvel se junte ao agarrão em grupo. Eu sei, você sabe: tem horas que só dá para responder com um abraço. E tudo bem. É muito legal ver um super-herói fazendo isso no cinema.
AS MARVELS: A LÍNGUA DELAS É A MÚSICA
Nem todo o humor está centrado na Miss Marvel, embora ela acabe roubando a cena mesmo quando a ideia é rir de outros personagens, como na cena de dança e canto mais gratuita – e mais divertida – do MCU.
Muita da má vontade em relação a As Marvels vem do fato de ser um filme protagonizado por três mulheres. Sinceramente, eu achei isso um de seus maiores trunfos. É legal ver uma equipe de mulheres, sem a agressividade e rivalidade testosterônica que costuma ter em grupos de homens (lembra da cena do playboy, filantropo, bilionário, etc, etc?). Mulheres sabem o que nós, homens, nunca conseguimos descobrir: como na vida real, tudo fica melhor com um abraço.
Salvo engano, só tem um abraço de verdade em As Marvels, mas felizmente o humor e a diversão permeiam toda a projeção. Que leva menos de duas horas, para variar um pouco, o que também contribui para o timing acelerado da narrativa. As Marvels é exatamente como acho que um filme de super-heróis deve ser. Humor, fofura edificante e cenas de ação divertidas. Não acho que nenhuma qualidade salve o fracasso anunciado de bilheteria, mas torço para que muita gente descubra o filme quando ele chegar ao Disney Plus. E quem sabe ele não vire um queridinho cult?
Nossas críticas do Marvel Cinematic Universe:
– Homem de Ferro – Genial, playboy, filantrópico, mas não o melhor.
– Homem de Ferro 2 – Sejam bem-vindos, Viúva Negra e Máquina de Combate!
– O Incrível Hulk – O Edward Norton faz falta?
– Thor – Até que é bom, mas falta alguma coisa.
– Capitão América: O Primeiro Vingador – Se eu perdesse uma dança com a Peggy também nunca iria me perdoar.
– Os Vingadores – The Avengers – O primeiro, mas não o único.
– Homem de Ferro 3 – É sensacional, todavia, as armaduras do Tony parecem de papel.
– Thor: O Mundo Sombrio – Hum, meh.
– Capitão América 2: O Soldado Invernal – Who the hell is Bucky?
– Guardiões da Galáxia – A aventura mais pipoca de todas.
– Vingadores: Era de Ultron – Agora, sim, isso aqui é um time de responsa.
– Homem-Formiga – Sério, o vilão é sem sal.
– Capitão América: Guerra Civil – O Steve tem razão.
– Doutor Estranho – Os poderes mais incríveis são do Mago Supremo.
– Homem-Aranha: De Volta ao Lar – É assim que se faz, tá, Sony?
– Thor: Ragnarok – Quero meu martelo de volta.
– Pantera Negra – Um tapa na cara da sociedade.
– Vingadores: Guerra Infinita – Tanto esforço por uma gota de sangue…
– O Homem-Formiga e a Vespa – Meio genérico. Também, veio depois de Guerra Infinita!
– Capitã Marvel – A herói mais porreta da Terra. É, Thanos, agora pegou pro teu lado.
– Nota sobre nossa crítica de Vingadores: Ultimato – Nossa crítica do filme demorou para sair. E este é o motivo.
– Vingadores: Ultimato – E esta é a crítica que demorou para sair.
– Vamos falar sobre Vingadores: Ultimato COM SPOILERS: só clique aqui se já assistiu.
– Homem-Aranha: Longe de casa: É o macaco noturno!
– Shang-Chi e os Dez Anéis: É o mano do busão!
– Homem-Aranha: Sem Volta para Casa: O lado bom do fanservice.
– Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: Mais um da série “não teve espaço para dar um título para a crítica”.
– Thor Amor e Trovão: uma farofa deliciosa: Quem diria que logo o Thor viraria a maior farofa do MCU?
– Homem-Formiga e a Vespa Quantumania: Um filme que nem tenta contar uma história nova.
– Guardiões da Galáxia 3: diretor bom, roteiro ruim: Pior quando as duas funções são feitas pela mesma pessoa.