Windscape é divulgado como um Zelda-like, feito em sua quase totalidade por uma única pessoa. Verdade, para um jogo quase individual, ele é até ambicioso, flertando com mundo aberto, sidequestscrafting e combate. Porém, ele é bastante primário em quase todas suas características. A começar pelo seu visual, que parece ter sido feito por alguém que está aprendendo a desenhar em vetor.

Windscape, Headup Games, Magic Sandbox, Delfos
Esta é a protagonista.

Trata-se de uma aventura em primeira pessoa, com combate corpo a corpo e necessidade de coletar materiais para fazer novas armas, armaduras e magias. Os mapas são grandes e bastante vazios, e seus melhores quests normalmente envolvem ir até o ponto marcado, explorar um dungeon e vencer o chefe. O gameplay é focado na exploração, com combate em segundo lugar e desafios de plataforma em terceiro.

A questão é que é tudo muito lento. Vivemos uma época em que os jogos deixam a gente pegar loot sem sequer ter que esperar uma animação. Aqui, cada coisinha que você pega demora tanto que literalmente aparece um círculo mostrando o progresso. Cortar árvores, por exemplo, exige uma espera de mais de dez segundos.

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A animação de colher plantas parece que você está socando ela. Toma essa, planta infiel!

O foco em crafting e o visual “low poly até demais” deixa impossível não lembrar de Minecraft à primeira vista.

INDIE AO EXTREMO

Mas vá lá, temos aqui um jogo claramente de baixo orçamento e que, curiosamente, consegue apresentar boas músicas, tocadas em instrumentos de verdade. O problema é que tudo nele faz parecer que ele é um projeto, algo que alguém fez para aprender a criar games, não algo para ser vendido.

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Nas cidades, por exemplo, você vai achar que está no final de A Bruxa de Blair.

Esta foi minha opinião em várias horas de jogo, com dezenas de quests completados e vários chefes vencidos. Porém, algo aconteceu que acabou sendo bem mais grave do que simplesmente um jogo deveras básico.

GAME BREAKING BUG

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Eu estava em um deserto, onde cumpri várias missões. As coisas pareciam estar caminhando para a conclusão da área. Minha próxima missão era entrar em uma pirâmide. Para isso, precisava dar a volta nela. Cada um dos quatro cantos tinha um mini-chefe que, ao ser vencido, droparia um artefato. Eu precisava juntar os quatro para entrar no dungeon.

Juntei três sem problemas. Na luta com o quarto chefe, estava com pouca vida e, ao acertar meu último tiro, vi que tinha um dele vindo na minha direção. Quando estes chefes morrem, rola uma pequena cutscene mostrando o artefato aparecendo. Eu morri durante a cutscene. Renasci no checkpoint e fui até lá novamente. Matei o chefe de novo e o artefato não apareceu. Reiniciei o jogo e recarreguei meu save. Venci o desgraçado mais uma vez. Nada de artefato. De alguma forma, o jogo salvou como se eu já tivesse o item, mas ele não aparece no inventário e eu não consigo entregar o quest para o NPC.

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Este foi o chefe em questão.

Obviamente, recomeçar a campanha do zero não é uma opção. E se eu já não estava gostando muito da obra, depois disso, a impressão ficou bem negativa.

Verdade, reconheço que foi um bug bem específico. É difícil matar um chefe e morrer ao mesmo tempo, mas para evitar este tipo de coisa, vários jogos trazem mais de um campo para saves ou fazem backups. Não é o caso de Windscape.

Eu até percebo que este é um jogo bastante ambicioso para ter sido feito por uma pessoa, mas é difícil recomendá-lo quando existem coisas bem melhores sendo vendidas por aí.