2020 foi um ano exótico. Quase não tivemos cinema, por isso não achamos que fazia sentido criarmos uma lista com os melhores filmes de 2020. Porém, tivemos muitos games. E vários deles muito bons. Graças à pandemia, os games brilharam este ano, se tornando uma das principais fontes de entretenimento de muita gente. Portanto, cá estamos nós para eleger os melhores games de 2020.

Como sempre, a lista é minha e é pessoal, baseada nas minhas experiências. Isso significa que ela é totalmente objetiva e imparcial, como absolutamente tudo que publicamos no DELFOS. Portanto, se você discorda, está errado. A lista abaixo não reflete necessariamente os jogos com as maiores notas em nossas análises, mas os que mais marcaram meu ano e se mantiveram vivos na minha memória.

E vamos começá-la com a maior patacoada do ano. Vale lembrar que você pode clicar no nome do jogo para ler a nossa análise ou cobertura relacionada (quando disponível).

D&D – Decepção Delfiana e Menção Horrorosa – o pior do ano: CYBERPUNK 2077 (PS4, Xbox One, Stadia e PC)

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Estas categorias não poderiam ter nenhum outro escolhido neste ano. O caso Cyberpunk 2077 e a forma que a CD Projekt Red escolheu para lidar com o problema representa tudo que está errado com este nosso hobby preferido. Digo mais, eu não me lembro de nenhum outro caso em que uma empresa de entretenimento agiu com tamanha e descarada má fé.

Sim, é óbvio que Cyberpunk 2077 deveria ter tido seu lançamento adiado. Se pá, ter desencanado de vez de ter lançado versões para PS4/Xbox One e ter focado apenas na nova geração. Porém, uma vez que o lançamento foi mantido, a má fé da empresa ficou clara.

Em uma tentativa de manipular a imprensa e a opinião pública, eles se recusaram a enviar códigos de review das versões de console. E quem topou analisar no PC – a versão mais próxima do que o jogo deveria ser – teve que assinar contratos onde abriam mão do seu direito de capturar e publicar vídeos próprios.

Isso tudo teve um lado positivo. Agora sabemos que todo mundo que publicou análises da versão de PC antes do lançamento aceitou abrir mão da sua liberdade de imprensa. Em outras palavras, você sabe quem vendeu sua integridade para ganhar um joguinho “de grátis”.

A situação toda é lamentável e, na minha opinião, colocou a CD Projekt Red entre as empresas mais vilanescas e desonestas do mundo. Particularmente, eu estou adorando as suas ações e seus CEOS perderem literalmente bilhões de dólares. Isso mostra que esse tipo de golpe não é mais aceitável em 2020. E espero que outras empresas aprendam essa lição também.

FOMO do ano: HADES (Switch e PC)

Eu não peguei Hades no lançamento por ele ser um roguelike. Eu simplesmente não curto o gênero. Desde então, o jogo vem conquistando elogios, inclusive por pessoas que não curtem rogues. Será que eu gostaria desse? Talvez, mas sinceramente, com tanta coisa para jogar, eu não me vejo gastando dinheiro para experimentar mais um rogue. Quem sabe um dia?

Menção honrosa: RESIDENT EVIL 3 (PS4, Xbox One e PC)

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Eu odeio os lickers desde que os encontrei pela primeira vez, em Resident Evil 5.

Resident Evil 3 só não está na lista abaixo porque eu evito colocar remakes e relançamentos entre os melhores. É a minha forma de incentivar a indústria a lançar jogos originais. Dito isso, Resident Evil 3 se tornou meu Resident Evil preferido, ao lado de Resident Evil VII. Sei que o consenso geral é que o remake do segundo é melhor, mas a necessidade de jogá-lo uma segunda vez com outro personagem o arrasta para baixo.

Resident Evil 3 é intenso. Dura pouco, mas é totalmente inesquecível, sem repetição ou conteúdo requentado. É tudo que um jogo da série deveria ser para mim, e assim ganhou um espaço nessa lista, ainda que separado da nata.

OS MELHORES GAMES DE 2020

Chegou a hora. Bora escolher o que de mais bacana saiu em 2020!

5 – ASTRO’S PLAYROOM (PS5)

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Eu tive uma conversa bem interessante com o Daniel – que infelizmente não virou podcast – sobre o fato de que Astro Bot não se torna uma grande franquia por ser usado principalmente como uma ferramenta de marketing. Marketing ou não, o fato é que, para mim, Astro Bot é capaz de reinar lado a lado com Super Mario entre os melhores jogos de plataforma 3D. E ele ainda tem a enorme vantagem de ser em fases, e não coletatons.

Astro’s Playroom vem pré-instalado em todos os PS5 (o que é diferente de ser um jogo grátis, assim como Wii SportsSuper Mario World também não eram gratuitos). Ele serve como uma demonstração do que o controle Dualsense é capaz. Porém, mesmo deixando isso de lado, o fato é que o jogo é uma delicinha.

Astro’s Playroom é lúdico, fofo, alegre. É um jogo feito para gerar sorrisos e eu diria que este é o objetivo mais nobre em uma peça de entretenimento. Ele só não está mais alto nessa lista porque não parece ser exatamente um game completo.

Por exemplo, o jogo anterior, Astro Bot Rescue Mission, tem mais fases, tem um chefe para cada mundo e, em geral, parece mais um jogo de plataforma completo. Astro’s Playroom tem uma sensação de spin-off menos ambicioso. Algo como Miles Morales ou Uncharted: The Lost Legacy. Isso não o impede de ser um dos melhores lançamentos do ano, mas é difícil não desejar mais, considerando quão bom ele é.

Aliás, Astro’s Playroom foi a primeira platina que conquistei no PS5. E as activity cards do PS5 tornaram a busca por colecionáveis um prazer. Eu entrava em uma fase e tinha um vídeo disponível mostrando onde estava o que deixei passar antes. Super prático. Confira abaixo um vídeo imortalizando minha primeira platina na nova geração.

 

4 – THE TAKEOVER (PS4, Switch e PC) e STREETS OF RAGE 4 (Switch, PS4, Xbox One e PC)

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Axel Stone: desde 1991 batendo em mulheres.

Essas duas maravilhas do gênero beat’em up dividem a mesma posição porque são absurdamente parecidos, e também porque os dois apresentam interpretações diferentes de como um novo Streets of Rage deveria ser (ambos foram feitos por fãs da série original, só que um dos grupos teve a licença de usar o nome e personagens).

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Não dá para faltar a fase do elevador.

Se você jogou apenas um deles e curtiu, pode ter a mais absoluta certeza que vai gostar do outro também. E, se você tem qualquer apego pelo gênero, pode comprar os dois sem receio algum. No meu livro delfiano, The TakeoverStreets of Rage 4 são os dignitários do troféu de melhores beat’em ups já lançados. E, diante da dificuldade de escolher apenas um, por que não os dois?

3 – DOOM ETERNAL (PS4, Xbox One e PC)

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Não é segredo que eu não acho o Doom de 2016 um grande jogo. Porém, Doom Eternal foi uma senhora continuação, que melhorou absolutamente tudo e abriu mão do que o anterior tinha de mais fraco.

Assim, Doom Eternal se tornou o melhor jogo de ação adrenalística do ano. Intenso, rápido, difícil na medida certa. Bonito, com controles excelentes e um gameplay delicioso. Doom Eternal é pura adrenalina, e só não está mais em cima na lista por causa do maldito Marauder!

2 – PAPER MARIO: THE ORIGAMI KING (Switch)

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It’s me! Luigi!

Essa é a grande surpresa do ano para mim. Eu sinceramente não esperava que um Paper Mario estaria na minha lista de melhores. Essa é uma série que eu nunca tinha jogado antes, e sinceramente não esperava muito, mas o jogo me marcou como poucos.

O visual, o gameplay, a história. Caramba, a história. Como esquecer do Bob-omb, meu amigo? Paper Mario é uma delícia, uma montanha russa emocional e fofinha que me surpreendeu e me divertiu durante toda sua duração. Eu queria muito jogá-lo de novo, mas infelizmente o jogo não deixa.

1 – THE LAST OF US PART II (PS4)

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The Last of Us Part II é uma relíquia de outra era. Um jogo de alto orçamento, linear e focado na história. Até a própria Sony tem abandonado o gênero, trocando-o pelo mundo aberto e RPGs. Mas a Naughty Dog ainda resiste. Eles cismam em colocar um pedaço “mundo aberto” na campanha, mas no caso de The Last of Us Part II, tem tanto jogo depois disso que você até esquece que teve aquela parte pentelha no início.

The Last of Us Part II gerou muitas discussões, e foi tema principal de um dos nossos podcasts. Muita gente reclamou que o jogo é longo demais. E eu entendo essa posição. Este provavelmente é o jogo linear mais longo já feito. Porém, é também o único jogo nessa linha lançado em 2020. Sabendo disso, e sem ideia de quando teríamos um novo representante linear, eu saboreei cada momento, e não queria que ele acabasse. Inclusive, joguei uma segunda vez e o platinei antes mesmo do lançamento, de tanto que curti a campanha.

A história segue alguns caminhos inesperados – questionáveis até – mas é inegável que ela é extremamente marcante e faz você sentir. Seja raiva, compaixão, medo, não dá para passar por The Last of Us Part II incólume. Eu sinceramente não esperava que as coisas que acontecem aqui acontecessem aqui. E isso tem um valor absurdo para mim. Cada vez mais, histórias de qualquer mídia falham em me surpreender. E este me surpreendeu várias vezes.

Por sua raridade, qualidade e capricho em todos os aspectos, The Last of Us Part II foi o jogo mais marcante do ano para mim. E agora o jeito é esperar e torcer para que 2021 tenha algum jogo linear de alto orçamento. Será? Enquanto sacrificamos nossos bodes, faça sua lista de jogos preferidos de 2020 nos comentários.