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Poucos jogos mainstream têm uma história tão semelhante com o que está acontecendo no mundo atualmente quanto Resident Evil e suas armas biológicas. E o timing deste lançamento coincidiu com este momento terrível para a sociedade, o que o torna ainda mais relevante. A boa notícia é que, como você vai conferir nessa análise Resident Evil 3 Remake, não seria apropriado atribuir a ele qualquer qualidade abaixo de “fantástico”.

ANÁLISE RESIDENT EVIL 3 REMAKE

A série Resident Evil foi de seu ponto mais baixo, com Resident Evil 6, para o seu ápice, com os três últimos lançamentos: Resident Evil 7, e os remakes de Resident Evil 23. São três jogos de altíssima qualidade, lançados em três anos seguidos, e que colocaram a franquia e a própria Capcom entre os principais nomes dos games single player da atualidade.

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Meu preferido na série, até o momento, era o sétimo. Resident Evil 2 é fantástico, mas a meu ver a simples presença da segunda campanha, quase igual à primeira, o enfraquece consideravelmente. Resident Evil 3 é totalmente focado. Pelo menos até o momento, ele tem apenas o modo história e o multiplayer (Resident Evil Resistance, incluído com a compra, mas acessado como um jogo separado). E quer saber? É o suficiente. Você sabe, eu não sou fã de modos alternativos, desafios ou repetições. Me dê uma campanha – e faça dela uma campanha decente – e você terá um Corrales feliz. E, ao terminar a história de Resident Evil 3, em exatas oito horas, eu era um Corrales feliz.

EXPECTATIVA X REALIDADE

Normalmente quando nos deparamos com a dualidade expectativa X realidade, é com o doloroso soco da realidade nas nossas fuças. Este foi o caso contrário. Vou admitir: eu estava com expectativas bem baixas para Resident Evil 3 – pela simples presença de seu personagem mais famoso: o Nemesis.

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Nemesis: pode vir quente que estou fervendo!

Eu não joguei o Resident Evil 3 original, mas eu sinceramente esperava que o Nemesis fosse ser uma turbinada do Mr. X, que você encontra em Resident Evil 2. Basicamente, ele ficaria te caçando enquanto você explora e resolve puzzles, e você tem que ficar fugindo – com o agravante de que ele estaria presente o jogo inteiro. E isso, meu amigo, eu esperava que fosse ser deveras chato e frustrante. Essas fases de perseguição por um inimigo imortal são sempre os pontos mais fracos de jogos como Dead Space e o próprio Resident Evil.

E daí veio a realidade, mas ao invés de vir com um soco nas fuças, veio com um delicioso beijinho. O timing de Resident Evil 3 é simplesmente perfeito. Narrativamente falando, o mote da história é que Jill está sendo caçada pelo titular Nemesis. Porém, isso não se reflete no gameplay como o Mr. X.

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As aparições do Nemesis vêm em momentos pontuais da história. O jogo como um todo combina muito bem momentos de exploração sossegada com horas de perseguição “sebo nas canelas”. A campanha é surpreendentemente linear. Embora traga exploração, puzzles e vai e vem, os cenários funcionam como fases. Depois que você sai do centro da cidade, por exemplo, não vai voltar mais para lá. Assim, a variação de ambientes é bem maior do que em Resident Evil 1 ou 2, por exemplo.

E digo mais, isso permitiu que a Capcom exercitasse seus músculos cinematográficos com cenas de ação absurdas e até mesmo com muito senso de humor. Apesar de ser assustador ser perseguido pelo Nemesis, suas constantes aparições com armas diferentes dão a ele um ar de Coiote (aquele do Papa-Léguas). Assim, quando ele aparecia, eu nunca pensava “putz, de novo”, como acontecia com o Mr. X em Resident Evil 2. Pelo contrário, eu o recebia com risadas. Seguidas, claro, de uma rápida troca de fraldinhas.

AÇÃO E TERROR

Resident Evil 3 demonstra ser uma boa ponte das origens terror da franquia com a ação que viria depois, a partir de Resident Evil 4. E, para mim, ele está no ponto perfeito entre ação, terror e humor. Quem já leu algo sobre roteiro e criação de clima no geral sabe que a tensão não se sustenta sem leveza. E este é um jogo que dá uma aula nesse aspecto.

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Ainda bem que eu fechei a porta.

Ele tem, sim, traços fortes de terror. Mas eu não o classificaria simplesmente como um survival horror. Há momentos em que você vai se sentir mal equipado, indefeso e com medo. Mas tem horas igualmente frequentes em que a Jill não deixa nada a dever ao Schwarzenegger como uma grande heroína de ação. E a forma como ela – e, consequentemente, o jogador – encara o Nemesis é responsável por uma enorme parte disso.

TIMING

O mais incrível é como a Capcom refletiu isso não apenas narrativamente, mas especialmente no gameplay. O timing do jogo é perfeito. Tem a hora de ficar com medo, a hora de sair correndo e a hora de, com o perdão da expressão chula, colocar o pau na mesa. E tudo acontece exatamente quando deveria acontecer. Me causou até estranhamento quando eu percebi que estava com mais munição para a metralhadora do que para o tradicional revólverzinho fracote. Mas isso era o jogo me mostrando que era hora de lutar – e VENCER!

Ainda sobre o timing, um problema comum em Resident Evil são seus inimigos mais poderosos. Acredito que não estou sozinho no meu ódio contra os lickers e, especialmente, contra os malditos cachorros.

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Eu odeio os lickers desde que os encontrei pela primeira vez, em Resident Evil 5.

Porém, o timing aqui é tão bom que isso não é um problema. Com exceção dos zumbis tradicionais, que aparecem ao longo da campanha inteira, os meliantes mais poderosos habitam áreas específicas, relacionadas com a história. Então nunca chega ao ponto de você estar cansado de enfrentar tantos cachorros, como acontece em todos os outros.

AUDIOVISUAL FANTÁSTICO

Completando o pacote fenomenal, temos um visual que está, provavelmente, entre os mais bonitos e elaborados já feitos. Pode parecer incrível, mas Resident Evil 3 é ainda mais bem feito do que o 2.

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Olha os detalhes do rosto!

A única coisa que me pareceu um retrocesso foi o som. Resident Evil 2 tinha suporte para Dolby Atmos no Xbox One X. Resident Evil 3 aceita, no máximo, 5.1: nem 7.1 é suportado. Sim, eu sei que isso é a definição de first world problem, e que poucas pessoas de fato têm equipamentos compatíveis com Dolby Atmos ou mesmo 7.1. Porém, 7.1 é o som padrão da geração atual, e se o jogo anterior tinha suporte a Atmos, é compreensível esperar que este também tivesse.

Também acho que o jogo seria ainda melhor com autosaves mais tradicionais. Ele salva automaticamente em alguns momentos, mas é raro o suficiente para não dar para contar com isso. Assim, era comum eu fazer saves manuais, limpar as salas próximas, e voltar para salvar de novo, o que não é exatamente divertido. É necessário, porém, se você, como eu, não tem tempo nem saco para ficar repetindo os mesmos desafios várias vezes. Pelo menos ele não exige ink ribbons para salvar, o que transformaria um jogo fantástico em um deveras frustrante.

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A iluminação é um dos maiores destaques do visual.

Basicamente, a ausência de checkpoints automáticos e de suporte a Dolby Atmos são minhas principais reclamações com Resident Evil 3, o que deve te dar uma boa ideia de quão absurdamente bom ele é.

RESIDENT EVIL RESISTANCE

E, claro, há o jogo “extra”, o multiplayer assimétrico 4X1 chamado Resident Evil Resistance. Este modo coloca um time de quatro sobreviventes trabalhando em conjunto para escapar das armadilhas colocadas pelo quinto jogador.

No momento do fechamento desta matéria, eu não tinha passado muito tempo com ele ainda. Você sabe que nosso foco aqui no DELFOS é sempre a campanha. Porém, vou jogar mais um pouco e, se tiver algo considerável a dizer, escreverei um novo texto focado nisso. No momento, no entanto, o modo Resistance para mim é um modo bônus de um jogo que já me pareceu completo e satisfatório apenas pela campanha.

RESIDENT EVIL 3 REMAKE SAI NA PRÓXIMA SEXTA, 3 DE ABRIL

Sinceramente, é difícil dizer como Resident Evil 3 poderia ser melhor sem parecer que estou falando de picuinhas (como o suporte a Atmos). Fiz sua campanha com calma, sem guias, explorando tudo (e até onde sei, a única coisa que não resolvi foi a combinação de um cofre no hospital), e levei exatas oito horas para terminar.

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É realmente difícil passar para palavras quão legal é a iluminação, então aqui está mais uma imagem.

De fato não é um jogo exatamente longo. Eu o terminei ao longo de um final de semana, e acredito que a maioria das pessoas fará isso também. Porém, acredito que ele está mais ou menos na média da duração da série. E bateu Resident Evil 7 como o meu preferido.

Será que a Capcom vai continuar com Resident Evils anuais? Será que ano que vem veremos Resident Evil 8? Eu diria que temos grandes chances disso. Mas por enquanto, é hora de curtir Resident Evil 3 Remake, que promete ser um dos melhores jogos de 2020.