Faz meses que eu quero fazer uma segunda campanha de Doom Eternal, mas desde então eu venho me segurando. Por um lado, falta tempo. Por outro, eu quero me resguardar para que a segunda vez seja nos consoles da próxima geração. Mas afinal de contas, é para isso que DLC serve, não é mesmo? Para jogarmos mais um pouco de um jogo que gostamos muito sem precisar nos comprometer a uma campanha inteira. E portanto hoje é dia da nossa análise The Ancient Gods – Part One, o primeiro DLC de história de Doom Eternal.

ANÁLISE THE ANCIENT GODS – PART ONE

Doom Eternal é um jogo deveras complexo. E minha memória não é nada boa. Aqui temos um título de ação em que todas as armas precisam ser utilizadas em inimigos vulneráveis a elas, no qual munição e outros recursos são recuperados com ações específicas e que tudo deve ser decidido e executado em frações de segundo. Assim, eu estava esperançoso que o DLC começaria numa boa, com as armas sendo adquiridas em doses homeopáticas e que os tutoriais de como vencer cada demônio voltassem a aparecer.

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Eu, uma escopeta e um zumbi. Queria que começasse assim.

É até engraçado pensar que qualquer coisa em Doom Eternal rolaria na maciota. Doom Eternal está para os videogames como King Diamond está para o heavy metal: sutileza definitivamente não é seu forte. The Ancient Gods já começa com todos os upgrades e armas que você coletou na campanha (no meu caso, o Doomguy estava completão). E poucos segundos depois de começar o jogo você já está encarando dúzias de demônios, inclusive os mais cascudos, como o odiado Marauder!

E sim, eu tive alguns problemas para me habituar sendo jogado no fundo da piscina dessa forma depois de seis meses sem encostar no game. Porém, o hud é bem claro com as ações que cada botão executa e os tutoriais são revisitáveis a qualquer momento pelo menu. E eu precisava muito disso. Exigiu um pouco de esforço, mas quando a campanha começou a apresentar suas novidades, eu já estava perfeitamente acostumado a rasgar demônios a torto e a direito.

SIM, TEM NOVIDADES

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O maldito Marauder. Eu nunca serei amigo dele!

Alguns dias antes de começar The Ancient Gods, eu comentei com um amigo como DLCs costumam ser feitos a toque de caixa, com baixo orçamento, e como, na maior parte dos casos, são totalmente ignoráveis e esquecíveis, se limitando a repetir as áreas e mecânicas presentes no jogo completo. Acredito que você concorda que é bem raro vermos DLCs do naipe de um Blood and Wine ou Left Behind. Pois eu tenho uma boa notícia: The Ancient Gods é um desses.

Suas cutscenes são totalmente realizadas, faladas e animadas. Todas as fases são inéditas, com cenários muito diferentes entre si, e com o mesmo impacto visual enorme do jogo base. Mesmo a duração é bacana. Apesar de serem apenas três fases, elas são, aos moldes da campanha baunilha, extremamente longas, levando mais de duas horas para navegar do começo ao fim de cada uma.

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The Ancient Gods tem um tremendo impacto visual.

Mas o jogo não se limita a trazer novos estágios para aniquilação de chifrudos. Ele traz novos chifrudos, e até novos upgrades, que podem ser adquiridos e depois usados nas fases do jogo base.

NOVOS CHIFRUDOS

Porém, eu devo dizer que os novos inimigos não acrescentam nada e, na verdade, até arrastam um pouco o jogo para baixo. Quase todos os novos bandidos devem ser vencidos com um ou mais tiros altamente precisos no seu ponto fraco. Por um lado, isso dá ao sniper, a única arma sem grande utilidade do jogo base, uma raison d’être. Por outro, tem um motivo para o sniper não ser útil em Doom Eternal.

Este é um jogo muito intenso, muito rápido, que exige movimentação constante. E, você sabe, sniper é o total oposto: uma arma metódica e lenta. Esses novos demônios exigem que você pare onde está e mire cuidadosamente em uma pequena parte de seus corpos. E isso não combina com as mecânicas naturais do combate de Doom. Um tipo é ainda pior: além de exigir um headshot, isso só é efetivo no momento que precede um ataque forçudo. É praticamente um Marauder para profissionais.

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O Espírito é o único novo demônio que não exige mira precisa.

Assim, cada vez que um desses novos inimigos aparece no meio da galera, você é obrigado a parar de correr e focar toda sua atenção neles. E quase sempre isso significa que os outros demônios é que vão rasgar VOCÊ!

Tem também dois chefes, e os dois são péssimos, a ponto de que o DLC seria melhor sem eles. Isso porque são batalhas longas demais. Duas fases de um boss já costumam ser demais para mim, mas os chefes daqui têm quatro ou cinco. Aposto que todo mundo vai exclamar, depois de vencer a terceira vida de um desses chefes algo como “caramba, ainda não acabou?”.

NOVAS RUNAS

Os upgrades exclusivos do DLC são três novas runas de suporte. Elas funcionam como as runas do jogo baunilha. Ou seja, são efeitos passivos, como aumentar o dano do blood punch ou possibilitar que você recupere uma vida matando o demônio que te matou logo depois da sua morte.

O legal é que você pode equipar uma das três runas de suporte sem desequipar as três runas baunilha que você provavelmente já tem equipadas. Porém, acaba acontecendo como rola com essas: ao liberar a primeira, você vai escolher a que te parecer mais interessante, e depois vai destravar as restantes só por complecionismo mesmo, sem nunca utilizá-las.

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Tirando essas poucas novidades, o resto de Ancient Gods é mais Doom Eternal, o que de forma alguma é algo ruim. Tudo que o jogo original tem de bom, como o combate eufórico, o visual impressionante e a ação ridiculamente intensa está aqui. Também estão de volta os aspectos mais fracos do jogo, como o Marauder (em determinado ponto na campanha, você é obrigado a vencer dois ao mesmo tempo) e os encontros opcionais. Estes, eu sei, só os jogadores com TOC como eu que vão fazer, mas justamente por isso eu preferia que eles não estivessem aqui.

No geral, no entanto, foi uma experiência bastante prazerosa jogar The Ancient Gods Part One. Agora é esperar a parte dois e ver para onde essa nova história vai nos levar.

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