Os melhores discos de Metal de 2010

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Acho que todo fã de música pesada ficou feliz igual tocha acesa em igreja de madeira com os discos lançados em 2010. Tivemos um pouquinho de tudo nos lançamentos deste ano, e foi impossível escolher só cinco. Assim, sem consultar o Corrales, resolvi colocar um Top 5 extra antes do Top 5 principal. Seria injustiça não fazer isso, eu juro. Ah, e de bônus recomendo uma música que represente bem cada um dos discos em questão.

Que 2011 seja um ano ainda mais metálico!

TOP 5 DE DISCOS QUE QUASE ENTRARAM NO TOP 5 DE DISCOS DE 2010:

5 – Iron Maiden – The Final Frontier

Quem me conhece sabe que eu tenho verdadeiro horror aos discos novos do Iron. Por novos, entenda do Brave New World em diante, pós-volta do Bruce. O disco antes desse, o tal de A Matter Of Life And Death, foi o maior desfavor já prestado à música como um todo. Minhas expectativas para esse The Final Frontier eram bem baixas, e talvez por isso acabei gostando dele. Algumas músicas ainda transpiram aquele Iron cansado e à beira da morte que eles eram no A Matter…, como a horrorosa The Alchemist, mas em geral o disco é legal e bem audível. Eu só queria saber por que é que eles odeiam tanto a idéia de produzir decentemente os discos recentes. Quando o novo do Darkthrone soa melhor que o disco do Iron, algo está bem errado no mundo.

Para conhecer o disco: Starblind

4 – Burzum – Belus

Um disco com um clima que há muito tempo eu não via (ok, ouvia) em um disco de Black Metal. Podemos todos falar mal do Varg Vikernes, um notório racista homofóbico, mas o cara é bom compositor. Bom pra caramba, até. E, mal ou bem, o estilo de vida solitário e isolado do cara se reflete perfeitamente na música que ele compõe. Dá para ficar hipnotizado com isto aqui, eu garanto. É só fechar os olhos e usar fone de ouvido. Como qualquer disco do Burzum, não é para qualquer um, já que é preciso entrar no clima para entender a música. Não dá para ouvir algo deles “casualmente”.

Para conhecer o disco: Keliohesten

3 – Eparistera Daimones – Triptykon

Quando Thomas Gabriel Fischer lança um disco novo, o mundo tem que parar e ouvir. De Celtic Frost todo mundo gosta, não? Então, já que temos isso como verdade, todo mundo automaticamente gostará do Triptykon também, já que é um Celtic Frost melhor produzido, com um temperinho extra de Doom e um pouco mais, e digo isso com cautela, progressivo. A desgraceira chamada Eparistera Daimones é uma evolução clara do que ele fazia antes. O riff da abertura, Goetia, é simplesmente macabro. Estaria bem mais perto do primeiro lugar caso a competição não tivesse sido ferrenha e o disco não fosse tão longo (quase 80 minutos).

Para conhecer o disco: Goetia

2 – Exodus – Exhibit B: The Human Condition

Continuação do Exhibit A lançado em 2007, e seguindo na mesma linha: músicas longas (coisa incomum em Thrash), os agora já familiares vocais do Rob Dukes (que não é um Zetro, mas faz um ótimo trabalho) e aquele timbre de guitarra inconfundível do Gary Holt. O som do baixo da banda também está entre os melhores que conheço. Resumindo, o Exodus continua lançando ótimos discos, e acho difícil que isso mude no futuro. Também recomendo a regravação do Bonded By Blood, de 2008, pois para mim ficou tão bom quanto o original.

Para conhecer o disco: Good Riddance

1 – Violator – Annihilation Process

E dá-lhe Thrash. Acho que a estas alturas todo mundo já ouviu falar no Violator, banda de Brasília, e do seu excelente, incrível e fabuloso Chemical Assault, de 2007. Este EP segue a mesmíssima linha: música que não soaria fora de lugar na Bay Area dos anos 80, e que traz um sorriso no rosto de quem gosta de música agressiva feita com amor e carinho. Tem até umas frases perdidas do Tyler Durden (personagem do Brad Pitt em Clube da Luta). Tem só 25 minutos, é verdade, mas o Slayer soube passar bem a mensagem em Reign In Blood com seus 29 minutos, e discos curtos e intensos são os melhores. Recomendadíssimo para os fãs de porrada.

Para conhecer o disco: Deadly Sadistic Experiments

Agora com os discos que quase conseguiram fora do caminho, liberamos espaço para os grandes vencedores desse ano desgracento (no melhor dos sentidos). É sério, acho que 2010 foi o melhor dos anos recentes para a boa e velha música pesada.

O TOP 5 PROPRIAMENTE DITO:

5 – Enslaved – Axioma Ethica Odini

O Pink Floyd do inferno conseguiu manter a impecabilidade pós-Below The Lights. Levemente mais agressivo que o último, Vertebrae, e melhor produzido (convenhamos, a produção do Vertebrae não combinava com o disco), os noruegueses do Enslaved têm tudo para figurar em 9 de 10 listas de “Melhores de 2010”. Tem até um leve toque de Bathory na música Singular. Um disco difícil, como os discos da banda têm sido desde o Below…, mas que compensa o esforço. Meio que o contrário do Darkthrone, que conquista pela simplicidade. E como bônus, eles adotaram o padrão de nome dos discos do Dimmu Borgir: três palavras obscuras aleatórias.

Pra conhecer o disco: Singular

4 – Accept – Blood Of The Nations

Existe Accept sem o Udo Dirkschneider? Depois da primeira música deste ótimo Blood Of The Nations, quem ainda disser que ‘não’ tem que usar mais cotonetes. Se o delfonauta gosta dos clássicos da banda, pode encarar sem medo. O vocal lembra um pouquinho o estilo do Udo, e o resto já é o velho Accept que todos conhecemos e gostamos. Wolf Hoffman, além de ter um dos nomes mais legais que já vi, é um guitarrista e compositor de mão cheia. Para mim, ficou pau a pau com Balls To The Wall e Metal Heart, pois o disco ficou com aquela cara apelativa/grudenta desses dois clássicos da banda, mas sem os exageros que se seguiram. Depois desse disco deu muita vontade de ver um show da banda, e isso só pode ser um ótimo sinal. Só não está numa posição mais alta porque tem algumas músicas água-de-salsicha.

Para conhecer o disco: Teutonic Terror

3 – Darkthrone – Circle The Wagons

Taí uma banda true no sentido literal da palavra: eles fazem o que querem e dane-se a opinião alheia. Começaram como uma banda de Death Metal, seguiram praticamente criando os padrões do que foi considerado o True Norwegian Black Metal e, atualmente, fazem uma divertida mistura de Punk, Metal tradicional e (na falta de uma definição melhor) Motörhead. O último, Circle The Wagons, vai bem na onda dos últimos dois, F.O.A.D. e Black Flags & Dark Thrones. Metal feito com paixão é sempre recomendado, mas o Darkthrone eleva isso a algumas potências metálicas acima. Pô, até nos encartes eles deixam claro como a coisa toda é muito pessoal para eles, pois rola até recomendações de discos que eles gostam. Dá gosto ouvir isto igual dá comer a comida da sua casa depois de viajar por meses.

Para conhecer o disco: Stylized Corpse

2 – Therion – Sitra Ahra

Depois da (leve) decepção que foi o Gothic Kaballah, uma das minhas bandas favoritas volta com um grande disco, cheio dos bons clichês que eles mesmos criaram. A pompa toda está aqui: orquestras, mil e um cantores líricos, composições estilo Wagner, etc e tal. Só não falo mais porque já tenho uma resenha do disco pronta onde gastei todas as palavras que tinha para ele.

Para conhecer o disco: The Shells Are Open

1 – Watain – Lawless Darkness

Cacete, o que é isto aqui? Não imaginava que era possível superar a (linda) violência de No Return – Sworn To The Dark, disco anterior deles, mas os caras conseguiram. Diria até que eles conseguiram ultrapassar a clara influência deles, o Dissection, do falecido Jon Nödtveidt. Timbres de guitarra excelentes, vocais entre os melhores do gênero (senão da música como um todo), produção limpa e áspera ao mesmo tempo e o principal, composições intocáveis. Sabe aquelas músicas que começam e terminam no tempo delas próprias, onde nada parece corrido ou exagerado? Pois é, é por aí. Melhor disco do ano, pois acho impossível que algum fã de Black Metal não fique arrepiado com esta monstruosidade aqui. Se o mundo fosse um lugar ideal, teríamos o especial de final de ano do Watain na Globo ao invés do Roberto Carlos.

Para conhecer o disco: Wolves Curse

D&D – Decepção Delfiana: Halford IV – Made Of Metal

Resurrection, o primeiro disco da banda Halford, é simplesmente uma das melhores coisas metálicas já lançadas. Os últimos discos do Judas não foram essas coisas todas, então, quando o Metal God anunciou um novo disco solo, eu esperava que fosse alguma coisa com tanto, mas tanto metal, que precisaria ser lançado aqui no Brasil pelo grupo Gerdal. Não foi o caso: é um disco meio intimista e com pouquíssimo peso. Não é ruim, admito, mas está muito aquém de um Resurrection.

Menção Horrorosa– O Pior do Ano: Ozzy Osbourne – Scream

Um nome mais adequado seria Scram, porque é exatamente o que o Ozzy deveria fazer. Acho simplesmente impossível que alguém tenha realmente gostado dessa porcaria modernosa que o Ozzy lançou, claramente tentando agradar fãs do horrível metal “jump-da-fuck-up” americano. O disco anterior, Black Rain (que eu até resenhei aqui) já mostrava algumas tendências nessa direção e, não coincidentemente, as piores músicas eram as que o Zakk Wylde não co-assinava com o Ozzy. Tirando o Zakk, sobrou a geléia de cérebro do Ozzy tentando compor e o resultado foi essa porcaria em forma de plástico tocável. Por favor, Ozzy, está na hora de se aposentar, e agora é sério.

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