PS VR foi a minha introdução no universo da realidade virtual. Desde que eu o adquiri, passamos por um arco dramático. Eu fui de ir atrás de todo e qualquer jogo que parecesse interessante (o que se refletiu nas minhas resenhas, tornando o DELFOS o site brasileiro com maior conteúdo sobre VR) para começar a ativamente evitar estes lançamentos, por pura preguiça de ter que montar todo o equipamento.

Além disso, os controles ruins, focados no PS Move (que, vamos lembrar, era um acessório de PS3), contribuíram para que eu evitasse um pouco a tecnologia nos últimos meses. Porém, com o fim da geração se aproximando e um potencial novo PS VR sem fios e com controles melhores vindo por aí, eu resolvi visitar as melhores experiências que tive na tecnologia desde que ela entrou na minha vida.

Joguei pela segunda vez (em alguns casos, pela terceira) todos os jogos que marcaram o PS VR para mim. Alguns não foram tão legais na segunda vez, mas a nata da nata entrou na lista abaixo. Vamos comigo?

OS MELHORES DO PS VR

Menção honrosa: Moss

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Moss foi um dos poucos jogos de VR que eu cheguei a comprar (a maioria eu joguei via códigos de review), e por isso não houve cobertura dele aqui no DELFOS. E este foi um caso em que ele estava muito melhor na minha memória do que na segunda jogada. Por isso mesmo não entrou na lista propriamente dita.

Moss é um puzzle plataforma que, sem nenhuma sombra de dúvida, é o jogo mais bonito que existe no PS VR. O visual é extremamente fofo e carismático, o que é corroborado pelas belas músicas e pela doce narração. Tecnicamente, é um espetáculo. Porém, nesta segunda jogada ele testou um bocado minha paciência.

Embora eu goste do jogo em si, ficar travado em um puzzle usando um capacete de VR não é nada legal. Procurar a solução online exige no mínimo levantar o headset e sair da realidade virtual. Além de dar trabalho, não é confortável. E a quantidade de vezes que isso aconteceu nessa segunda jogada foi o suficiente para que eu me decepcionasse com ele.

Curiosamente, minha primeira experiência não foi marcada por essa frustração. Eu gostei muito dele quando o comprei, e por isso achei que valia colocá-lo aqui como uma menção honrosa. Provavelmente Moss é o melhor jogo de puzzle plataforma disponível para o PS VR.

5 – Superhot VR

Superhot
Toma-lhe!

Desde 1999, os videogames de ação tentam imitar Matrix, dando a sensação de ser o Neo. Alguns se deram excepcionalmente bem, como o primeiro Max Payne. Outros, como o punhado de jogos oficiais de Matrix, não foram tão legais. Porém, Superhot em VR consegue isso com louvor.

A série é baseada em uma simples boa ideia: o tempo só avança quando você se move. Isso no controle é ok. Mas em VR, o tempo avança quando você LITERALMENTE se move. Assim, um inimigo atira, e você fica imobilizado pensando no que fazer. Aos poucos, você tira sua cabeça do caminho da bala, e levanta o braço para atirar nele. Para isso dar certo, no entanto, não dá para se mover rápido. Você acaba se movendo na vida real em câmera lenta. Ao acertar o inimigo, ele joga a arma para cima. Você larga a sua, agora sem munição, pega a que ele largou, e a usa para atirar no próximo. É uma experiência única, a ponto de que é até difícil imaginar que Superhot surgiu como uma série em 2D, e não originalmente em VR.

gameplay é fantástico, mas ele tem problemas graves. O visual estilizado talvez te agrade, mas eu sinceramente acho que toda a apresentação audiovisual é terrível. Além disso, e mais grave, ele não criar um checkpoint a cada tela, exigindo voltar desde o início sempre que levar um tiro, o torna frustrante e repetitivo.

4 – Batman: Arkham VR

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Este jogo de lançamento era vendido no Brasil baratinho, a ponto que a loja onde comprei meu PS VR o deu para mim de brinde. E, mesmo assim, é uma das melhores e mais polidas experiências que se pode ter na plataforma.

Em uma jogada de mestre, a Rocksteady percebeu que os Moves eram fracos, e então escolheu programar o jogo para não exigir tanta exatidão. Por exemplo, ao jogar um batarangue, desde que você atire mais ou menos na direção certa, ele é magnetizado em direção ao alvo. É algo pequeno, mas é essencial para fazer você se sentir o Batman. Em Superhot, por exemplo, você pode matar inimigos jogando coisas neles, mas é super comum as coisas irem em direções aparentemente aleatórias. O cuidado da Rocksteady faz com que isso nunca seja um problema em Batman: Arkham VR.

Ao contrário de Superhot, este não é um jogo de ação, focado mais no lado detetive do herói. Porém, faz isso muito bem, com um monte de cenas que ficam impressionantes em VR, e excelentes atuações dos sempre ótimos Kevin ConroyMark Hamill. Se fosse colocar um defeito no jogo, seria em sua história, que termina abruptamente, e não deixa claro se isso é uma história paralela ou se, de alguma forma, se encaixa nos games Arkham canônicos.

3 – Blood & Truth

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Se você acompanha o DELFOS, já deve ter sacado. Eu gosto mesmo é de jogos de ação focados na história. E, dentro dessa categoria, Blood & Truth é o melhor que o PS VR tem a oferecer.

Criado pelo tremendão London Studio exclusivamente para o PS VR, ele tem uma narrativa que lembra muito uma mistura entre Guy Ritchie Tarantino, incluindo aí algumas das melhores atuações que você vai ver em videogames. A história em si, aliás, não é nada tão especial, mas a narrativa e as atuações são tão boas que assistir ao jogo é um prazer.

Ele também intercala com destreza cenas de tiroteio generalizado com outras mais lúdicas e narrativas, e ambas são incrivelmente amplificadas pela natureza imersiva do VR. Isso faz com que ele tenha um sabor Naughty Dog, que vai do desenvolvimento de personagens à leveza, passando por cenas de ação roteirizadas de tirar o fôlego.

Problemas? Sim, infelizmente. E, para variar, os problemas são os malditos Moves. O jogo até se esforça. Por exemplo, a ideia de você ter que bombear a escopeta entre cada tiro é bacana, mas a tecnologia é tão fraca em detectar esse movimento que torna a escopeta simplesmente inútil. Mesmo outras armas pensadas em ser usadas com duas mãos, como rifles e metralhadoras, funcionam bem melhor em apenas uma. Teoricamente, apoiá-las numa segunda mão dá mais estabilidade, mas é tão difícil fazer o jogo detectar essa posição que é mais negócio simplesmente usar uma metranca diferente em cada mão.

Aliás, não é por acaso que os dois primeiros colocados nesse Top 5 abriram mão do Move totalmente, sendo controlados única e exclusivamente pelo Dualshock. São eles:

2 – Astro Bot Rescue Mission

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Repare nos robozinhos no controle.

Como eu falei na minha resenha, Astro Bot Rescue Mission é Super Mario em VR. Se essa proposta te agrada, pronto. Não tem nem mais o que dizer.

Astro Bot Rescue Mission é lindo, fofo, carismático, e passa uma deliciosa alegria ao jogar. Como todo bom plataforma, cada fase é pensada para ser um agradável parque de diversões. E cada pequena detalhe contribui para não apenas um dos melhores jogos de PS VR, mas um dos melhores da geração, ponto.

E os chefes, meu amigo, que chefes. O VR dá uma sensação de escala absurda, fazendo com que os pássaros, tubarões e gorilas que você encara nessas batalhas sejam ainda mais impressionantes. E ao mesmo tempo são todos muito simpáticos. Não dá para não simpatizar com eles quando, após alguns golpes, eles começarem a aparecer com curativos e machucados.

Astro Bot Rescue Mission é diversão do início ao fim. Um excelente representante do raríssimo gênero do plataforma 3D em fases. Ao contrário dos outros dessa lista, ele até poderia ter saído para o PS4 normal. Perderia algo? Sim, perderia. Ele sem dúvida é melhor em VR. Porém, fico bem chateado que muita gente que não tenha um PS VR fique impedida de experimentar essa maravilha dos jogos de plataforma.

O lado bom é que todo PS5 vai vir com um novo jogo do Astro Bot instalado. Não é claro ainda se ele vai ser um jogo completo, como este, ou apenas um tech demo (como a aparição do Astro Bot em The Playroom), mas eu estou bastante animado para descobrir. Faz muito tempo que os consoles pararam de vir com um jogo bacana incluído, e a julgar por este, a Sony tem uma bela carta na manga aí.

1 – Resident Evil VII: Biohazard

Resident Evil 7, Delfos
Não aguenta, bebe leite. Hum… leite…

Eu tenho alguns problemas com Resident Evil VII como jogo, em especial o fato de todos os inimigos serem aqueles monstros de piche sem graça e repetitivos. Porém, sua implementação em VR é exemplar. Resident Evil 7 faz VR melhor do que muitos jogos criados apenas para a tecnologia, inclusive alguns desta lista.

Capcom viu todos os problemas intrínsecos ao PS VR e resolveu um por um. Sabe-se lá como, mas apesar de ter movimentação livre, Resident Evil VII quase não causa enjoo (quando causa, é porque você se movimentou rápido demais ou chegou muito perto de uma parede). Mas o mais genial é sua solução para um problema que literalmente quebra boa parte dos jogos.

Se você já usou o PS VR, deve ter percebido que ele tem uma tendência a descentralizar a imagem, indo aos poucos, mas cada vez mais, para a esquerda ou para a direita. Segurar o botão options deveria resolver isso, mas não resolve. Pois Resident Evil VII resolveu. Ao colocar para cima na alavanca direita, sua imagem é totalmente centralizada. Acho incrível que, anos depois, nenhum outro jogo tenha copiado essa ideia.

END OF ZOE

Com seus excelentes controles e um monte de cenas impressionantes e assustadoras, Resident Evil 7 em VR é provavelmente o jogo mais assustador já feito. Eu sou macaco velho no gênero terror, e dificilmente fico com medo de um filme ou jogo. Porém, Resident Evil 7 consegue arrancar alguns másculos e viris gritos da minha pessoa. E conseguiu isso mesmo quando eu o joguei pela terceira vez, agora em 2020.

Aliás, para a criação dessa matéria, a Capcom forneceu um código da versão Gold, para que eu testasse os DLCs. A maioria deles são minigames sem muita sustância. Porém, o End of Zoe, o único que de fato expande a história, é fantástico.

Nele, você se defende com socos. Por um lado, você se sente mais invencível e poderoso do que com munição limitada. Por outro, isso exige que você chegue realmente perto dos monstros, o que em VR é bastante aflitivo. Eu não diria para você comprar o Season Pass de Resident Evil VII, mas o End of Zoe vale muito a pena.

O PODER É DE VOCÊS!

Essas são minhas indicações com as experiências mais inesquecíveis e marcantes que eu tive no PS VR. Teve algo que deixei de fora? Confesso que não cheguei a jogar Beat SaberTetris Effect, mas o povo fala muito bem deles. De qualquer forma, como você percebeu, eu gosto mais de experiências com começo, meio e fim, do que a incansável busca por pontos. É possível que eu tenha deixado passar outros jogos bacanas também, então vou adorar ler – e eventualmente experimentar – as suas recomendações. O que você jogou de bom no PS VR?