O ano era 2012. Eu nunca vou esquecer da empolgação que foi jogar Double Dragon Neon pela primeira vez. Lembro até que, assim que rodei o jogo pela primeira vez, fiquei um bom tempo na tela título, só ouvindo a excelente versão glam metal do tema da série. Convenhamos, como não se empolgar com isso?

Uma das vantagens de ter o DELFOS há tanto tempo é que minha empolgação ficou imortalizada na resenha que escrevi em 2012!

Double Dragon: Neon

Agora, na reta final de 2020, o jogo chega de surpresa ao Switch. Considerando que minha cópia de Double Dragon Neon ficou presa lá no PS3, graças à falta de retrocompatibilidade dos consoles posteriores, pulei com força na oportunidade de jogá-lo de novo. E daí já sabe o que rola, né?

DOUBLE DRAGON NEON DE CABEÇA FRIA

Embora uns anos atrás tenha sido lançado Double Dragon 4, oficialmente o jogo mais recente da série, Double Dragon Neon ainda é a entrada mais moderna. Isso porque DD4 traz gráficos de Nintendinho e é um jogo retro. Neon, quando foi lançado em 2012, trazia gráficos 2.5D de última geração e uma trilha sonora totalmente gravada por instrumentos de verdade, com várias canções cantadas.

Double Dragon Neon, Wayforward, Double Dragon, Delfos

Em 2020, o visual demonstra sinais de envelhecimento. Não adianta, gráficos 3D envelhecem bem mais do que pixelados. Ainda assim, eu gosto muito do estilo. O jogo é todo brilhante e colorido. As animações são detalhadas e fluidas. E mesmo o design novo para personagens como o Abobo são muito legais.

Ele também faz uso bem legal dos efeitos que gráficos em 3D possibilitam, como personagens que vêm da direção das câmeras, zoom e muito mais. Assim, apesar de envelhecido, Double Dragon Neon ainda é visualmente agradável.

MAS A TRILHA SONORA…

Já a trilha sonora é algo fora de série. Na época do lançamento original, era possível baixá-la de forma legal do site oficial, e desde então eu a ouço com frequência. Ela combina excelentes músicas novas com versões glam metal de faixas clássicas da série. Ouça, por exemplo, essa versão roqueira da música da primeira fase. É impossível não bater cabeça enquanto você bate em cabeças!

Eu diria que hoje em dia a trilha sonora é literalmente a melhor parte de Double Dragon Neon.

GAMEPLAY

Quando Double Dragon Neon saiu, beat’em up era um gênero quase morto. Assim, ele trazia consigo muita nostalgia e novidade. Esse não é o caso hoje em dia. Só em 2020, tivemos o lançamento de jogos como Streets of Rage 4The Takeover, que estão entre os melhores games do gênero da história. E não dá para falar de outra forma: Double Dragon Neon não é, nem de perto, tão bom quanto esses dois.

Double Dragon Neon, Wayforward, Double Dragon, Delfos

Falemos a verdade: Double Dragon, apesar do status de clássico e de ter sido um dos precursores do gênero, nunca foi tão legal quanto seus contemporâneos. Jogos como Final Fight, o próprio Streets of Rage e até mesmo os muitos arcades licenciados da Konami, como Turtles In Time, sempre foram melhores. Assim, dizer hoje que Streets of Rage 4 é melhor do que Double Dragon Neon é até esperado. E isso não significa que Neon seja fraco. Muito pelo contrário, ele é super divertido.

O humor, em especial, é fantástico. Cenas como a primeira aparição do vilão Skullmageddon ou quando os heróis vão para o espaço e, na falta de um capacete, resolvem segurar a respiração, são de gargalhar. Mas tem um problema grave.

AS MALDITAS FITAS

Antes da época em que tudo viraria RPG, Double Dragon já flertou com o gênero. Durante as fases, você encontra fitas, que são sua interpretação para loot. As fitas afetam suas estatísticas e permitem ativar golpes especiais.

A questão é que, quanto mais fitas do mesmo tipo você pegar, mais eficientes elas serão. Isso poderia servir simplesmente como uma forma de upgrade, mas a coisa fica bem pior. O problema é que, quando você pega muitas fitas, o que é inevitável, seu personagem fica poderoso demais, quase invencível.

Double Dragon Neon, Wayforward, Double Dragon, Delfos
Skullmageddon é um dos vilões mais engraçados dos games.

A ideia é que você aumente a dificuldade. E daí a coisa muda de figura. Você fica fraco demais até pegar mais fitas. Eventualmente, o ciclo se repete na intenção de que você aumente a dificuldade mais uma vez. Isso é feito para fazer você jogar mais vezes, mas o efeito real no jogo é que nenhuma campanha vai ser tão bem tunada quanto a inicial. E você vai ser obrigado a repetir as mesmas fases – as que têm chefes – para poder upar suas fitas de acordo.

FATOR REPLAY

Não sei você, mas ao longo desse ano, eu joguei Streets of Rage 4The Takeover mais de dez vezes do início ao fim. Porém, essa ideia das fitas e upgrades em Double Dragon Neon fazem com que, se eu quiser jogar mais uma vez hoje em dia, provavelmente vou optar por iniciar um novo save.

Double Dragon Neon, Wayforward, Double Dragon, Delfos

Na época do PS3 eu acabei me forçando no grinding para ganhar os troféus. Mas a versão de Switch não tem troféus, e eu passei dessa fase da minha vida. Então fica a dica, se quiser jogar Double Dragon Neon uma segunda, terceira ou quarta vez, inicie um novo save, ao invés de tentar as outras dificuldades.

Assim, você terá certeza que vai maximizar sua diversão e minimizar a frustração. Mas claro, se curtir e quiser encarar o grinding para zerar as outras dificuldades, a decisão é sua.

Double Dragon Neon é um jogo muito divertido. Ele não é mais tão legal quanto era em 2012, mas ainda é bom o suficiente para valer a compra e o tempo investido.

CURIOSIDADE:

Quando saiu em 2012, Double Dragon Neon custava 10 dólares. A versão de Switch custa 15 dólares. Acho que é a primeira vez que eu vejo um relançamento custando mais do que o preço original.

A série “… de cabeça fria” envolve voltarmos a vivenciar algo antigo e que às vezes até já resenhamos aqui no DELFOS com a cabeça fria e com nossas experiências atuais. Se você gostou, mostre pra gente fazendo comentários e compartilhando, pois nos esforçaremos para fazer muitas outras.

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