Esta é a quarta vez que a série River City Girls/River City Ransom aparece no DELFOS. E demonstra uma tendência: ela só é realmente boa, assim, excelente mesmo, quando é estrelada pelas meninas da cidade do rio. Felizmente, este é o caso de hoje. Vamos em frente que hoje é dia da nossa análise River City Girls 2.

ANÁLISE RIVER CITY GIRLS 2

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Tenho duas lembranças muito fortes do primeiro River City Girls: quão bonito e quão difícil ele era. Relendo minha análise de 2019, vi que tive muitos problemas por ele chamar “vida” de “stamina“. Isso me impedia de usar os itens, porque nunca precisava do que pensava ser stamina, apenas de vida. Em River City Girls 2, você é incentivado a estar sempre usando itens, pois a primeira vez em que algo é consumido, ele aumenta suas estatísticas, tipo Ghostwire Tokyo. Desta forma, eu logo descobri, novamente, diga-se de passagem, que para a WarForwardstamina é vida.

Assim, não sei se foi isso, ou se o jogo foi de fato tunado para ser mais amigável, mas eu consegui jogar River City Girls 2 até o fim sem grandes dificuldades. Travei por algum tempo na chefe Marian (sim, a namorada de Billy e Jimmy Lee), mas daí resolvi fugir, colocar um monte de comida no bolso e voltar em seguida, o que tornou a maratona bem mais fácil.

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A Marian e sua lendária barriga tanquinho me deram uma canseira.

Uma outra boa notícia são as opções de checkpoint. Você pode voltar do início da tela, com os mesmos itens que tinha ao chegar nela, sacrificando um pouco de dinheiro. Ou então voltar do último esconderijo/save point, sem perder dinheiro. Isso exige passar por outras telas antes de voltar ao chefe, mas permite estocar em comidas e assim ter mais chance nas próximas batalhas.

No começo, dinheiro foi bem limitado. Eu queria comer muita coisa e aprender muitos golpes, mas conforme avançava, consegui acumular cada vez mais comidas, a ponto de simplesmente não morrer mais. E isso tornou minha campanha em River City Girls 2 muito mais gostosa do que a do primeiro.

MAS COMO É A CAMPANHA?

Então, eu comecei o texto desta forma menos tradicional porque antes de sentar para escrever esta resenha, reli meu artigo sobre o primeiro jogo. E a coisa é muito parecida. Temos aqui um beat’em up com a pixel art mais linda já criada pela humanidade. As músicas são muito boas, inclusive várias cantadas. Some todo o audiovisual e a jogabilidade elaborada, e temos um game 2D que definitivamente não parece de baixo orçamento ou mesmo independente.

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Lindão!

O que o diferencia de outras superproduções do gênero, como TMNT Shredder’s Revenge ou Streets of Rage 4 é que aqui não basta andar para a direita socando tudo que se mexe. River City Girls 2 é um metroidvania. Cada região da cidade é dividida em várias pequenas telas, com várias saídas. Seus objetivos primários e secundários o enviarão para todos os cantos.

CAMPANHA E SIDEMISSIONS

Há a missão de história e várias sidemissions. Muitas dessas envolvem simplesmente caçar colecionáveis, como gatos ou cartas de tarô, espalhadas em todas as áreas do jogo. Estas te acompanham por toda a campanha. Outras, menores, são apenas um pequeno minigame, como um jogo de vôlei ou uma arena de porrada contra algumas dezenas de meliantes.

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Dance Dance Revolution.

Minhas primeiras horas com River City Girls 2 foram simplesmente deliciosas. Estava literalmente amando o jogo, me deliciando em seu combate e audiovisual. Porém, eventualmente a luz diminuiu. Comecei a reparar seus truques de level design e isso fez com que me incomodasse cada vez mais com o fato de que ele faz tudo para levar o máximo de tempo possível.

TIME IS MONEY! OH, YEAH!

Uma típica fase de River City Girls 2 te inicia em um canto do mapa, com seu objetivo no outro canto. Algumas telas estarão trancadas e não podem ser acessadas a princípio. Daí, quando você chega do outro lado da fase, um NPC te fala um objetivo que deve ser cumprido naquela tela trancada no início do dungeon. Daí você volta tudo e cumpre o dito-cujo, apenas para ter que voltar até o fim, conversar com o NPC e liberar o acesso à sala final, onde está o chefe da fase. Ou seja, quase todas as fases do jogo envolvem ir até o fim, voltar ao começo e ir de volta ao fim. E fazer isso pela sexta ou sétima vez começa a dar nos nervos.

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Além disso, quando você finalmente libera acesso para o que parece ser a última área, um NPC popa para dizer que colocou bomba em todos seus amigos, colocou cada um em um canto da cidade e você tem 20 minutos para salvar todos. Ou seja, antes de entrar na última fase e terminar o jogo, você deve atravessar o mapa inteiro em busca de amigos presos e liberá-los dentro do limite de tempo. Ou repetir desde o início até passar, já que não dá para salvar no meio dessa missão.

É algo relativamente comum em metroidvanias que querem estender sua duração sem investir o dinheiro, o tempo e o capricho necessário para isso. E é algo que eu sinceramente odeio. É um conteúdo que já não se justificaria sendo opcional. Sendo obrigatório, então, uma barreira pela qual você precisa passar, antes de poder ir à última fase, fica mais imperdoável.

TELAS DE CARREGAMENTO

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Outra coisa que fez com que eu me sentisse perdendo tempo são as telas de carregamento. Elas nunca são muito longas, durando no máximo dez segundos na versão de PS5. Porém, são absurdamente frequentes. River City Girls 2 é dividido, literalmente, em telas. E sempre que você vai de uma para outra, tem um carregamento de dez segundos.

Quando você está simplesmente correndo de um lado a outro do dungeon, sem lutar com os inimigos (que são infinitos, a não ser quando são obrigatórios, como no game anterior), você passa literalmente menos de dez segundos simplesmente correndo de um lado ao outro da tela. Então é mais tempo esperando carregar a próxima tela do que andando.

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A não ser, claro, que você pare para admirar este cabelo sensacional.

River City Girls 2 ganharia muito com um mundo contínuo, ou pelo menos dividido apenas em áreas da cidade, não em pequenas telas. Some o quest design de vai e vem, a encheção de linguiça antes da fase final, e as telas de carregamento, e diria que River City Girls 2 leva aproximadamente 70% mais tempo do que deveria durar para ser de fato excelente, com o conteúdo que tem.

NOVIDADES

Além das duas meninas protagonistas, também é possível jogar desde o começo com Rikki e Kunio, os namorados delas e protagonistas de River City Ransom. Mais dois personagens extras são desbloqueados ao longo da campanha. Porém, assim como o anterior, o jogo incentiva você a manter o mesmo herói durante toda a campanha, e fazer novas campanhas com o restante.

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Você pode trocar de herói em qualquer esconderijo, mas os outros estarão bem abaixo do nível do seu principal. Isso é chatinho, e faz com que mudar de personagem torne a campanha mais difícil do que deveria. Porém, é um problema comum em beat’em ups que brincam com progressão de RPG. Os inimigos sobem de nível e, se você não subir junto, não dá mais para jogar.

ANÁLISE RIVER CITY GIRLS 2 E OS RECRUTAS

Uma novidade que muito me agradou são os recrutas. Você pode recrutar qualquer inimigo, com exceção dos chefes, a lutar a seu lado como summons. Dá para equipar dois ao mesmo tempo, e chamá-los com L2 e R2. Daí eles aparecem, fazem um ataque especial, uma dancinha de exibição e fogem. Obviamente, eles podem apanhar enquanto dançam e têm suas próprias barras de vida. Mas dá para pegar qualquer inimigo anteriormente recrutado em qualquer esconderijo.

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Abobo, Mibobo e Sei-lá-o-quê-bobo.

A exceção são os summons especiais. Personagens conhecidos, como o Abobo, de Double Dragon, podem ser contratados por dinheiro. Estes são mais fortes e ficam com você até perderem toda a vida ou serem substituídos. Porém, depois disso, para contratá-los novamente, deve ir até onde ele mora e pagar de novo. Seria interessante se desse para recontratá-los de qualquer esconderijo depois da primeira vez, mas esta funcionalidade não existe aqui.

RIVER CITY DOUBLE DRAGON

Outra coisa legal, que já estava presente em River City Girls, é que você vai passar por áreas conhecidas e encontrar personagens famosos de outros jogos antigos da Technos Japan. Double DragonRiver City Ransom são óbvios, mas há também referências a outros como Combatribes. Ei, não duvido nada que haja até referências que eu não peguei, então se você sacar alguma que não falei, deixa nos comentários.

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Double Dragon tem muito mais valor afetivo para mim do que qualidade como jogo.

E este é o fim da nossa análise River City Girls 2. Temos aqui uma ótima continuação, que melhora o game anterior em muitos aspectos, mantendo vários que o tornavam especial. Porém, embora seu estilo metroidvania e foco na exploração sejam legais e o diferenciem de outros beat’em ups, o quest design estilo vai e volta e o excesso de telas de carregamento afetam consideravelmente a diversão. Mesmo assim, é altamente recomendável para fãs de porradinha e pixel art linda de morrer.

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