A Três Vamos Lá

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Acho que só pelo título você já deve saber do que se trata A Três Vamos Lá. Mas, em todo caso, não custa reiterar: é uma história de triângulo amoroso. Porém, não com uma levada de comédia romântica, algo que era de se esperar pelo tema, mas com uma pegada de dramédia com a sensibilidade europeia, o que torna a coisa bem mais interessante.

A sinopse é a seguinte: Mélodie é amiga do casal Micha e Charlotte. Quando Micha viaja a trabalho, rola um clima entre Mélodie e Charlotte e elas engatam um caso. Pausa para o hell, yeah. Hell, yeah! Pois bem, quando Micha retorna, não só o caso entre as duas mulheres continua em segredo, como rola também um caso secreto entre o próprio Micha e Mélodie.

Bom para Mélodie, que passou o rodo no casal e se diverte a valer. Contudo, como todo triângulo amoroso dita, afinal, geometria é uma coisa complicada, fica meio difícil conciliar dois casos secretos, especialmente quando se trata das duas partes que formam um mesmo casal. Caramba, escrever isso até me deixou confuso. Eu já disse que geometria é complicada?

Daí rolam as confusões já esperadas, tipo ter de inventar desculpas para ver um deles, enquanto dispensa o outro, encontrar tempo para encaixar os dois na agenda, situações onde tudo quase vai por água abaixo e por aí vai. Já para o casal, há as confusões resultantes do fato de que ambos estão se traindo com a mesma mulher.

Isso bem poderia apontar para uma comédia mais escrachada e sacana, mas sendo este um filme francês, não é o que rola. Logo, se você espera um American Pie da vida ou mesmo algo mais erótico, não é o que vai encontrar aqui (embora até tenha algumas cenas mais quentes).

Ele tem sim um lado leve e divertido envolvendo os encontros e desencontros do trio, mas também segue por uma pegada mais sensível, explorando os sentimentos dos três protagonistas, tentando entender como cada um deles foi se meter nessa situação. E segue também por um caminho que foge do lugar-comum, mostrando que a resolução de um triângulo amoroso, a exemplo da geometria (escrever esta resenha está me causando flashbacks negativos da época do ensino médio), pode ser algo difícil e que fuja dos padrões naturais.

Assim, A Três Vamos Lá acaba se mostrando uma boa dramédia, interessante pelo tema e pela maneira como é conduzido, sem julgamentos ou falso moralismo. Não é um filme particularmente marcante, mas é bom o suficiente para indicar para quem gosta de um cinema mais alternativo. Se é o seu caso, pode assistir numa boa. Definitivamente é melhor do que uma aula de geometria.

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
a-tres-vamos-laPaís: França/Bélgica<br> Ano: 2015<br> Gênero: Dramédia<br> Duração: 86 minutos<br> Roteiro: Jérôme Bonnell<br> Elenco: Anaïs Demoustier, Félix Moati e Sophie Verbeeck.<br> Diretor: Jérôme Bonnell<br> Distribuidor: Imovision<br>