Ao escrever esta crítica Batman, pensei com meus botões. Eu já fui a muitas sessões de imprensa com filmes do Batman. Será que fui a mais cabines do Batman ou do Homem-Aranha (Batman X Homem-Aranha era um assunto frequente nas minhas conversas de faculdade com o Carlos Cyrino). Vejamos. Eu estive nas sessões de imprensa de Batman Begins, Cavaleiro das Trevas, Cavaleiro das Trevas Ressurge, Lego Batman e Batman vs Superman. Só perdi mesmo a da Liga da Justiça. No lado aracnídeo, estive em Homem-Aranha 3, O Espetacular Homem-Aranha 1 e 2, De Volta Ao Lar,Longe de Casa, Sem Volta Para Casa. E ainda vi as participações do herói em Guerra Civil e Vingadores Guerra Infinita. Só perdi o Aranhaverso. Quem diria? Ponto pro amigão da vizinhança. Enfim, bora falar de Batman?
CRÍTICA BATMAN
Talvez a melhor coisa desses personagens de gibis que são adaptados exaustivamente para o cinema é que temos acesso a interpretações bastante diferentes. Obviamente, você sabe que Lego Batman é totalmente diferente dos filmes de Christopher Nolan. Mas mesmo a versão Batfleck é outra. O Batman de Batman, então, mostra uma faceta do homem-morcego que ainda não tínhamos visto no cinema: a de detetive.
O filme de Matt Reeves tem cenas de ação, mas passa longe da adrenalina dos filmes de Nolan e Zack Snyder. Este Batman é mais introspectivo, aproximando o longa de uma história policial, e afastando do tradicional gênero super-heróico. E, cá entre nós, já estava na hora de ver um Batman assim no cinema.
Outro personagem bacana que tem aqui uma ótima reinterpretação é o Charada. Sai o humor que normalmente marca o personagem, e entra uma atuação mais psicopata que me lembrou bastante o Jigsaw. E o legal é que eu sempre imaginei que o próprio Jigsaw foi influenciado pelo Charada, então agora esse caminho oposto é mais ou menos como quando Tomb Raider foi influenciado por Uncharted. São os pupilos se tornando os professores.
CRÍTICA BATMAN E A ESPERADA SINOPSE
O Charada está matando algumas pessoas proeminentes de Gotham. Ele alega que todas estão no cerne da podridão que acomete a cidade. Um jovem Batman trabalha com a polícia, em especial com Jim Gordon, para evitar novas vítimas e desmascarar o assassino.
Esse foco no Batman detetive torna o Charada uma excelente escolha de vilão. Afinal, as charadas do Charada são mais cerebrais, exigem investigação, seguir pistas, interrogar suspeitos. Ele é totalmente diferente da força bruta do Bane. E uma vez que este filme tem como proposta ser mais uma história policial do que uma de ação, isso é ótimo.
Claro, há muitos outros personagens que os fãs do herói vão reconhecer. Temos Falcone, o Pinguim, a Mulher-Gato e até uma aparição especial secreta. E o Charada, embora seja um psicopata, talvez esteja com a “envergadura moral” em uma cidade em que ninguém é santo. Isso deixa o filme mais elaborado e mais bacana.
E O DCU?
Aliás, a história me trouxe muitas surpresas. Inclusive o fato de que eu literalmente achei que ele ia acabar, mas daí veio todo um quarto ato, que durou aí mais uns quarenta minutos. Pois é, Batman tem três horas de duração e, cá entre nós, talvez funcionasse ainda melhor se fosse dividido em dois filmes. Eu começaria um segundo filme no quarto ato, e expandiria a história, ao invés de correr à sua conclusão. Mas isso provavelmente foi efeito da insegurança do universo DC nos cinemas, e no fato de que ninguém sabe se este homem-morcego vai entrar no lugar do Batfleck ou se vai se manter separadamente.
Assim, se esforçaram até para não deixar nenhum gancho muito claro para uma continuação, já que a essa altura nem devem saber se isso vai rolar. O único gancho é a tal participação especial perto do final, mas que pode ser encarada como apenas uma referência ao invés de um gancho de verdade.
ELENCO
Eu gostei do filme, como você deve ter percebido. Mas tenho alguns problemas com suas escolhas de elenco. Permita-me elaborar, começando pelo próprio Batimão, Robert Pattinson. E nesse caso, minha aversão a ele é basicamente política. Lembro de um causo, na época em que Crepúsculo era o maior filme do mundo e ele um dos atores mais disputados e desejados pelas moças. De alguma forma, eu caí no Twitter dele, e a biografia do cara era simplesmente a frase “no fat chicks“.
Em outras palavras, um dos maiores galãs do início de século, decidiu que não queria que mulheres gordas o seguissem no Twitter. Duvido que essa frase ainda esteja lá, mas é uma demonstração de babaquice tão grande que este é um cara que eu nunca mais queria ver na vida. Já vi gente cancelada em Hollywood por menos do que isso, e esse fat shaming é um assunto bem sensível e importante para mim.
Outro problema é com o Colin Farrell como Pinguim. E nesse caso é um problema parecido com o que tive com aquele filme do Elton John. O Pinguim é um personagem criado para ser feio. Um dos pouquíssimos da cultura pop, aliás. E o Matt Reeves me pega um dos atores mais bonitos da atualidade pra fazer o cara? Claro, quilos de maquiagem são capazes de deixar uma pessoa bonita feia – ou vice-versa. Mas devo dizer aqui, como um representante oficial das pessoas feias, que a escolha dele para o papel me deixou pessoalmente ofendido. Caramba, Hollywood, tá na hora de dar chance para uns feiosos também.
POLÍTICA À PARTE
Felizmente, minhas críticas com o elenco nesse caso se devem a diferenças políticas, não a suas performances. Então devo dizer, como o crítico parcial/imparcial que sou, que ambos os atores estão bem no papel. Curiosamente, Robert Pattinson quase não aparece sem máscara, o que realmente me agradou. Você deve lembrar que eu vivo criticando o Homem-Aranha e outros heróis da Marvel por tirarwm a máscara a todo momento. Pois, como promete o título, Batman é um filme do Batman, não de Bruce Wayne. E pela primeira vez um filme do herói tornou canônico o fato de Bruce passar maquiagem nos olhos pra ficar mais sensual antes de colocar a máscara. Todos os Batmans do cinema faziam isso, mas o fato nunca foi reconhecido pela narrativa.
E chega a ser engraçado também o reconhecimento do roteiro com o fato de que o Batman é uma tremenda drama queen. Tipo, a quantidade de vezes que ele sai andando lentamente das sombras, com passos bem definidos e ritmados é tão engraçado que acredito que foi uma tentativa de colocar humor em um filme bem sisudo.
Diferenças políticas à parte, o elenco todo está bem, aliás. Destaque claro para Paul Dano como o Charada, que é o único que, quando vi o nome no elenco, pensei algo tipo “taí, esse faz sentido”. Também gostei do Falcone e da Mulher Gato, que dão interpretações bem diferentes a personagens bastante conhecidos de outros filmes, desenhos e games.
ENCERRANDO NOSSA CRÍTICA BATMAN
E este é Batman. Um filme de super-herói que se afasta fortemente do gênero, e ganha com isso. Talvez decepcione algumas pessoas que esperem que a DC faça algo mais próximo do MCU, já que ele vai por um caminho diametralmente oposto. Porém, tenho a sensação de que quem conhece o Batman pelos gibis vai gostar bastante. Coleguinha Cyrino, depois me conte o que achou!