Uncharted 4 é um jogaço. Eu soube disso quando o joguei pela primeira vez. E quanto mais o tempo passa, melhor ele fica. Aliás, toda a série Uncharted é sensacional. Aproveitando o lançamento de Uncharted Legacy of Thieves Collection, vou rejogar as duas aventuras incluídas e criar novos números da nossa série “… de cabeça fria”. E, se eu tiver tempo suficiente para isso ao longo do ano, tenho a intenção de jogar também as três primeiras aventuras, através da Nathan Drake Collection. Mas hoje? Hoje, meu amigo, é dia de relembrarmos Uncharted 4: A Thief’s End. Vem comigo?

UNCHARTED 4 DE CABEÇA FRIA

Uncharted 4 traz tudo que os jogos anteriores tinham de bom. Trata-se de um jogo cheio de adrenalina, com uma história bacana, excelentes atuações, cenas de ação pintudas e um capricho artesanal que é simplesmente embasbacante.

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Diz aí, parece um quadro, mas é cena de gameplay, sem Photo Mode.

Uncharted – a série – é o ápice dos videogames para mim, tanto como uma mídia criativa quanto artesanal. Eu mesmo, que vivo de escrever, nem imagino como é escrever roteiros tão redondinhos para algo que dá agência ao público. Uncharted é cheio de momentos altamente específicos. Do tipo que você tenta uma solução errada em um puzzle e os personagens comentam algo diretamente relacionado ao que você fez. É incrível, e deve dar um trabalho absurdo, além de ser um primor de planejamento e organização.

Mas isso é só a parte criativa. Ainda tem a artesanal. Cada um dos Uncharteds representaram o máximo que era possível ser feito com os videogames da época. Uncharted 4 é o primeiro a sair para PS4, e lembro de muita gente comentar como era provavelmente o jogo mais bonito da história.

Em 2022, Uncharted 4 ainda é ridiculamente lindo, mas os personagens humanos já não são mais tão impressionantes. Ele não parece um jogo de PS5 nesse aspecto, mas ainda é melhor como jogo do que praticamente tudo que foi lançado para o console no momento.

QUANDO UNCHARTED ERA O STATUS QUO

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Na foto: uma cena de ação embasbacante.

Com o sucesso de Uncharted na época do PS3, os jogos embicaram forte para esse caminho. Uncharted, na época, era quase tão influente quanto Dark Souls é hoje. Até Tomb Raider mudou seu gameplay para se adequar a esse estilo. E lembra de Enslaved (valeu pela lembrança, Lucas Fernandes Corrêa!)?

Na verdade, na época, jogos como Uncharted se tornaram comuns, mas também tínhamos muita coisa de mundo aberto, RPGs e RPGs de mundo aberto. O mundo dos games AAA era muito mais variado do que hoje. O que me leva ao próximo ponto.

UNCHARTED 4: QUANDO A NAUGHTY DOG SE RENDEU AO MUNDO ABERTO

Hoje em dia parece que os devs AAA só fazem mundo aberto. A própria Sony seguiu por esse caminho com todos os seus jogos mais recentes, vide HorizonGod of WarGhost of Tsushima. Mas a Naughty Dog foi a que mais doeu para mim. E isso começou com Uncharted 4.

Tanto Uncharted 4 quanto Uncharted The Lost LegacyThe Last of Us Part 2 têm partes de mundo aberto. Verdade, eles não são true mundo aberto, como Horizon. O que eles têm são trechos em que a coisa abre e você fica com aquela jogabilidade de “limpar o mapa” por algumas horas. E depois que você passa dali, volta a ser linear.

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Chegando ao mundo aberto em Uncharted 4.

Desses, talvez Uncharted 4 seja o mais complicado. Ao contrário de Lost LegacyThe Last of Us 2, ele não tem mapa. Então “limpar um mapa” que não existe é bem chatinho. Encontrar todos os colecionáveis nos dois capítulos de mundo aberto de Uncharted 4 é algo que realmente vai colocar sua paciência a teste. Isso é algo que não cheguei a fazer no PS4 e, jogando agora, resolvi seguir um guia para conquistar o maledeto troféu.

O meu problema com isso é que, para mim, o que Uncharted faz é MUITO superior ao que a Ubisoft faz, por exemplo. É como se um guitarrista virtuoso resolvesse passar o resto da sua vida gravando punk rock. Tipo, eu até gosto dos dois – na música e nos games. Na época de Uncharted, gostava muito também de Assassin’s Creed. Mas eu não queria ver um seguir pelo caminho do outro. Ambos faziam o que faziam, e faziam bem. E eu os jogava pelo que esperava de suas séries. Quando quero um mundo aberto, não vou colocar Uncharted 4, entende?

BRINCANDO DE PREFERIDOS

Isso faz com que seja realmente difícil para mim escolher o preferido da série. Provavelmente o que mais gosto é Uncharted 2, mas depois disso a coisa fica mais emaranhada.

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Peraí, deixa eu consultar minha listinha.

Uncharted 4 Lost Legacy, de longe têm os melhores gráficos. A popularidade da série, como um system seller de Playstations, fez com que eles também tivessem um senhor orçamento para cuidar da parte técnica e artesanal, além de criar as cenas de ação mais absurdas. Mas eles têm essa parte “mundo aberto” que, especialmente no curto Lost Legacy, rouba um bom pedaço de suas durações. Talvez eles fossem meus preferidos, se não fosse por isso.

Particularmente, eu gostaria que a Naughty Dog percebesse quão especial é o que eles são especialistas em fazer. E como todo mundo está seguindo a onda do mundo aberto atualmente, a linearidade cinemática de UnchartedThe Last of Us se torna ainda mais especial. E, para pessoas como eu, que têm suas preferências firmemente desse lado dos videogames, simplesmente faltam opções nessa linha.

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Por outro lado aguardo ansiosamente o anúncio oficial do que a Naughty Dog está fazendo agora. E realmente espero que não seja apenas um remake de The Last of Us, jogo ainda acessível e que simplesmente não precisa disso. Seria um desperdício de talento um dos estúdios mais criativos das últimas gerações passar anos simplesmente reconstruindo um jogo que já foi muito bem criado nem tanto tempo atrás.

A série “… de cabeça fria” envolve voltarmos a vivenciar algo antigo e que às vezes até já resenhamos aqui no DELFOS com a cabeça fria e com nossas experiências atuais. Se você gostou, mostre pra gente fazendo comentários e compartilhando, pois nos esforçaremos para fazer muitas outras.

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