Sabe a The Chinese Room? É aquela desenvolvedora britânica que criou jogos bacanas de exploração, como Dear EstherAmnesia: A Machine for PigsEverybody’s Gone to the Rapture. Já pensou se eles fizessem um jogo de plataforma 2D? Então, essa é nossa análise Little Orpheus.

ANÁLISE LITTLE ORPHEUS

Mecanicamente, Little Orpheus talvez te lembre de Limbo. Porém, ele tem bem menos foco nas mecânicas em si. Como os outros jogos da The Chinese RoomLittle Orpheus é uma experiência narrativa, e as mecânicas ficam em segundo plano.

Sim, ele é um jogo de puzzle plataforma. E embora você passe boa parte do tempo pulando, empurrando caixas ou passando quando o inimigo não estiver olhando, também vai ficar um bocado simplesmente segurando a alavanca para a direita e assistindo ao que está acontecendo.

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Não passe quando ele estiver iluminando o caminho. Você já viu isso antes.

Assim, Little Orpheus é quase um walking simulator em 2D. Mas não veja isso como um ponto negativo. Aliás, muito pelo contrário. Eu o joguei imediatamente depois de terminar Horizon Forbidden West, com suas centenas de mecânicas e mundo aberto. A simplicidade de Little Orpheus me conquistou imediatamente.

DEU A LOUCA NO COSMONAUTA

Little Orpheus conta a história do cosmonauta Ivan Ivanovich. Ele se perde no centro da Terra e, mais importante, perde a bomba atômica Little Orpheus (sim, este é o nome dela). A narrativa mostra Ivan contando o que aconteceu com riqueza de detalhes para um general que não acredita e não se importa com nada além da localização da bomba.

É um tipo de narrativa semelhante a How I Met Your Mother, em que você fica esperando algo acontecer, mas a prioridade de quem está contando é outra. E é muito boa! O fato de Ivan ser exagerado significa que ele floreia muito a história, e é constantemente questionado pelo general. É mais um caso daqueles narradores não confiáveis, e você sabe, eu adoro isso!

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Pterodátilos? Temos sim!

Há algumas cutscenes animadas, em que você vê Ivan e o general conversando, mas a maior parte da narrativa acontece durante o gameplay. Ou seja, enquanto você vai seguindo pelas fases, ouve os dois conversando descrevendo o que está acontecendo. E o humor é muito bom. Bobinho e inocente como eu gosto.

KD LITTLE ORPHEUS?

Ainda mais legal é que as fases são totalmente roteirizadas. Aquele estilo de que tem coisas que acontecem exatamente quando você passa. Some isso à trilha sonora excelente e Little Orpheus é uma aventura bem cinemática.

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Tipo olha o bichinho vigiando o Ivan em primeiro plano.

Aliás, a trilha sonora é demais. Ela lembra muito aqueles curtas antigos do Mickey Mouse, sabe? São melodias sutis que sincronizam perfeitamente com a ação. Se eu já acho legal isso em mídias puramente narrativas, em uma interativa, como games, acho sinceramente impressionante.

ANÁLISE LITTLE ORPHEUS RESPEITA SEU TEMPO

Outra coisa legal de Little Orpheus, especialmente depois de terminar Horizon Forbidden West, é que ele é um jogo curto e rápido. Dá para terminar tranquilamente em uma tarde, e as fases apresentam bastante variação temática e narrativa. Então embora tenha alguns momentos melhores que outros, nunca fica de fato chato.

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O tempo é tipo uma bola rolando atrás de você.

Minha principal crítica está no tratamento que ele dá a unlocks e colecionáveis. Na sua primeira jogada, eles simplesmente não existem. Little Orpheus coloca os colecionáveis apenas na sua segunda partida, na tentativa de forçar você a jogar duas vezes e assim estender artificialmente a duração. Isso não é legal. Particularmente, eu sequer colocaria colecionáveis, mas se é pra colocar, que eles estejam disponíveis em todas as partidas, sabe? Então eu não recomendo jogar Little Orpheus uma segunda vez. Pelo menos não só para fazer 100%. Jogue de novo se quiser vivenciar essa aventura novamente, não para pegar uns trecos.

Mas sim, jogue Little Orpheus, meu amigo. Eu sei que fevereiro e março estão lotados de jogos grandes. Você provavelmente quer jogar Dying Light 2Horizon Forbidden West Elden Ring, e faça isso também. Mas tire um sábado à tarde para fazer uma pausa de jogos enormes e complicados e se dê a possibilidade de jogar algo mais leve e divertido. Vai te fazer tão bem quanto fez a mim.