Com os jogos AAA demorando cinco anos ou mais para sair, nossas prioridades e desejos acabam mudando. Por exemplo, eu amava (amo?) a Naughty Dog, mas o último jogo inédito dela saiu há três anos e meio. E a essa altura a gente nem sabe qual vai ser o próximo (inédito, já que janeiro trará um remaster de TLOU2), então coloca aí pelo menos mais três anos até a gente poder jogar. Enquanto isso, a Tequila Works vem lançando um monte de coisa maior legal. Este Song of Nunu é um deles, claro, mas você deve se lembrar que eles lançaram também GyltRime Deadlight, todos com qualidade absurda. E estes são só os que joguei.

Acaba que a gente tem mais a acompanhar dessas desenvolvedoras menores do que das grandes, e isso faz com que elas ocupem um espaço maior no nosso coração. Mesmo em “trabalhos contratados”, como este Song of Nunu, que é baseado no universo de League of Legends. Eu não joguei nem devo jogar LOL um dia, mas por ser da Tequila Works, eu quis experimentar Song of Nunu. E ainda bem que o fiz.

ANÁLISE SONG OF NUNU

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Song of Nunu conta a amizade do menino Nunu com o yeti Willump. O menino quer encontrar a mãe e Willump, fiel escudeiro, o acompanha nesta missão. Mesmo quando fica claro que o moleque está nadando mais fundo do que se espera, se envolvendo com deuses, bruxas e o escambau.

O jogo é deliciosamente lento e lúdico. É muito importante que você, controlando Nunu, se afeiçoe ao yeti, e ele dá tempo e oportunidades para isso acontecer. Não há pressa. Dá para jogar bolinhas de neve no Willump a qualquer momento, e ele responde atirando de volta e rindo. Fique sem avançar por algum momento e o yeti vai beber água, se coçar nas paredes, sentar ou fazer desenhos e bonecos de neve.

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Olha, o Willump me desenhou!

A relação entre os dois protagonistas é o coração e a prioridade da campanha, acima de qualquer outra coisa. Assim, quando Willump começa a ficar sisudo e Nunu percebe e se preocupa, você, como jogador, se preocupa também. Mesmo sendo claro para qualquer um os motivos que estão deixando o yeti com uma pulgueta atrás da orelha.

MAS E O GAMEPLAY DE SONG OF NUNU?

Boa pergunta, delfonauta impaciente. Song of Nunu é um puzzle plataforma em 3D, com combate leve, mas focado na exploração. Há momentos em que Nunu vai no “pocotó” de Willump, o que te coloca no controle deste. Em outros, eles andam separadamente. Os momentos mais típicos do gênero envolvem solucionar quebra-cabeças para avançar. Normalmente estes dependem do uso da flauta mágica de Nunu.

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E a flauta é muito versátil, pois pode manipular máquinas, hipnotizar criaturas ou, especialmente, ajudar Willump a carregar bolas de gelo que podem ser usadas para consertar equipamentos. O bacana é que Willump é totalmente independente, ao contrário do bicho de The Last Guardian. Você não precisa ficar dando ordens torcendo para ele obedecer. Se você faz sua parte no quebra-cabeça, ele também fará a dele. É o tipo de companheiro que a gente quer nos videogames e na vida real: fofinho e independente.

O game também tem trechos de escalação, semelhante ao que vemos em Uncharted, que são uma delícia de fazer. Ele traz alguns problemas técnicos constantes, no entanto, em especial relacionados aos controles. Tem vários momentos em que você pula em direção a uma beirada ou algo assim e o personagem não agarra. Em outros, eu tentei fazer o óbvio, não deu certo, eu procurei um guia e vi que era isso mesmo, mas o jogo tinha dado pau e precisei reiniciar pra poder continuar. O que nos leva ao…

SWITCH

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Tem um motivo para eu só pegar games no Switch quando não tenho outras opções. Song of Nunu é visualmente lindo, mas não parece pesado, já que seus gráficos são estilizados e têm detalhes simples. Mesmo assim, a performance no Switch sofre bastante, caindo constantemente.

A coisa incomoda a ponto de eu realmente ter vontade de jogar Song of Nunu num videogame mais poderoso, mas até o momento ele está disponível apenas para Windows e Switch. Talvez eu devesse ter escolhido a versão de Windows, mas já foi.

Também vale dizer que a campanha não se mantém tão boa durante toda sua duração. O capítulo final, a partir da parte de stealth, é bem fraco e não volta a ser bom de novo depois. Além disso, a história não termina, numa vaga esperança de uma continuação que me parece difícil de rolar.

COMBATE

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Tem combate, mas definitivamente não é o foco. Além de ser bem raro, costuma acabar logo e não ser especialmente desenvolvido. Basicamente, você usa o yeti para dar uns sopapos nos inimigos e, quando eles perderem toda a vida, pode fazer uma finalização que recupera a sua.

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As batalhas contra chefes também são sossegadas.

Os chefes também seguem essa linha, normalmente dependendo de saber o que fazer, mais do que de habilidade ou reflexos. São poucas, mas boas. E isso também é uma boa definição para Song of Nunu. É um jogo simples e relativamente curto, mas é uma delícia enquanto dura. Altamente recomendável para quem gosta de aventuras bonitas com histórias edificantes e companheiros carismáticos.