Resident Evil Village se tornou um dos meus games preferidos. Se não da vida inteira, pelo menos dos últimos anos. É um dos poucos games recentes que eu joguei do início ao fim três vezes. A primeira antes do lançamento, para review. A segunda cerca de um ano depois, para coletar troféus e liberar munição ilimitada e a, até então última, pouco depois, com munição ilimitada na dificuldade mais alta. Assim, o jogo inteiro está bem fresco na minha memória, posição ideal para jogar, usufruir e avaliar a expansão Winters, em especial a nova história, Shadows of Rose.
O QUE TEM NA WINTERS EXPANSION?
Comecemos com o básico. Além de Shadows of Rose, a Winters Expansion inclui uma versão turbinada do minigame de ação arcade, Mercenaries. De novidade, temos dois mapas e três personagens adicionais: Chris Redfield, Alcina Dimitrescu e Heisenberg. De todo esse novo conteúdo, no entanto, apenas Chris aparece liberado de cara. Todo o resto deve ser desbloqueado através do gameplay. E, para ser sincero, eu não gosto do Mercenaries, então não destravei nada de novo e só joguei um pouquinho com o Chris, que traz armas e ataques próprios, diferentes do Ethan baunilhão. E por falar no baunilhão…
Outro conteúdo deste DLC é a possibilidade de jogar a história principal em terceira pessoa. Há novas animações do Ethan e é engraçado ver o esforço que ele faz para esconder o rosto a todo momento. Esta novidade é limitada à campanha. Até onde pude perceber, o Mercenaries é sempre em primeira pessoa, e a história Shadows of Rose é sempre em terceira.
Sinceramente, eu não tenho nenhum interesse nesse tipo de conteúdo adicional. Como disse, não gosto do Mercenaries e até jogaria o game principal um dia em terceira pessoa, mas quero guardar a experiência de uma quarta campanha para o vindouro modo em VR. Para mim, o bifão dessa expansão – e a única coisa que de fato interessa – é a nova campanha. Então vamos a ela.
SHADOWS OF ROSE: SOMBRAS DE ROSE: DO OUTRO LADO DA VIDA
A Capcom solicitou que a imprensa não publique capturas de imagens próprias da campanha Shadows of Rose com o review. Então a partir de agora, todas as imagens desta matéria são oficiais, fornecidas pela empresa. Isso também explica porque os reviews antecipados que você vai ler por aí usaram as mesmas imagens que nós.
Shadows of Rose é uma nova história, que acontece 16 anos depois de Resident Evil Village. Aqui você vai controlar Rose, a filha de Ethan, já crescida e atormentada pelos seus poderes. Um colega do Chris sugere a ela “entrar” num resquício de Megamycete, onde vivem as memórias de pessoas perecidas sensitivas à substância. Ele acredita que lá dentro ela vai conseguir encontrar um cristal que pode acabar com seus poderes de uma vez por todas e permitir que ela viva uma vida normal.
ENTER THE MATRIX, SÓ QUE EVIL
Pois é, todo o DLC acontece dentro dessa “simulação”. Lá, você vai explorar novamente cenários pelos quais já passou no game original. Não há nenhuma fase nova aqui, mas todas foram remixadas, com novos encontros, puzzles e áreas bloqueadas. Há um único tipo de inimigo novo, mas parece simplesmente uma nova skin para um dos zumbis padrões de Village. E, claro, tem chefes, e estes são novos, pelo menos em design de combate.
O DLC começa no Castelo Dimitrescu, com aquele tipo de jogabilidade tradicional de Resident Evil, com portas trancadas, puzzles, inimigos e pouca munição. A coisa muda bastante depois, mas dessa parte não falarei aqui. De qualquer jeito, como são áreas já conhecidas, a maior novidade de Shadows of Rose acaba sendo mesmo o poder da protagonista.
SHADOWS OF ROSE E O SUOR BRANCO DA ROSA
Eu esperava que o poder dela fosse mudar totalmente o combate e exploração, como aconteceu no DLC End of Zoe, de Resident Evil 7. Não é o caso. Rose pode apenas abrir caminhos corrompidos pelo mold (bolor em português) ou então “gastar” mana para congelar inimigos por alguns segundos. Em geral, o combate em Shadows of Rose é bem familiar, seguindo aquela famosa combinação de armas fracas, inimigos resistentes e pouca munição.
Shadows of Rose é bom. Muito bom até. O level design, apesar de usar as mesmas áreas, traz puzzles e desafios bem diferentes, bem sucedidos em não dar impressão de que estamos jogando o mesmo jogo de novo. O combate, puzzle e mesmo o terror continuam afiados – e me fizeram gritar de susto algumas vezes. Porém, a familiaridade das armas, cenários e inimigos deu a impressão de mais do mesmo.
Embora mais longo (durou cerca de três horas para mim), Shadows of Rose me pareceu muito menos ambicioso do que End of Zoe, que trazia novas áreas, inimigos e um combate totalmente diferente de tudo que a série apresentou antes. Por isso, se End of Zoe me surpreendeu com sua qualidade e ambição, Shadows of Rose me decepcionou um pouquinho. Eu esperava que fosse de fato uma nova campanha, e não simplesmente um remix de um jogo maravilhoso.
Vale a pena? Sim! Mais de Resident Evil Village é sem dúvida uma coisa boa. Mas ele está saindo em uma época com muitos grandes lançamentos bombados (God of War, A Plague Tale, Call of Duty, etc). Dado o escopo menor, eu diria que vale a pena dar prioridade para os grandes lançamentos, e pegar este DLC mais para frente. Talvez no começo do ano que vem, para esquentar para o remake de Resident Evil 4.
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