Lego Star Wars The Skywalker Saga me animava cautelosamente. Delfonautas veteranos e de muito boa memória devem se lembrar do quanto eu gostei do primeiro Lego Star Wars. Se você chegou depois, ou já esqueceu, clique aqui para saborear da mágica da viagem no tempo na internet.

A verdade é que aquele início promissor acabou sendo diluído em muitos – MUITOS – jogos. De Lego Harry Potter Lego Piratas do Caribe, quase todas as grandes franquias apropriadas para crianças ganharam versões fofinhas em Lego. Mas de todas elas, as muitas continuações lançadas para Lego Star Wars estão entre as melhores.

Lego Star Wars The Skywalker Saga visa recontar a história dos nove filmes principais em um único jogo. Ou seja, combinaria em um único game Lego Star Wars (trilogia prequência), Lego Star Wars 2 (trilogia sagrada) e Lego Star Wars: O Despertar da Força (nova trilogia, embora o original foque em apenas um filme). São nove filmes.

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Também poderia se chamar “A Saga Palpatine”.

Mas seria um remake dos jogos anteriores, ou algo totalmente novo, contando a mesma história? Pois não priemos cânico, meu doce camaradinha. Minha análise Lego Star Wars The Skywalker Saga está aqui para salvar a pátria. Ou seria a galáxia?

A HUMILDE ANÁLISE LEGO STAR WARS THE SKYWALKER SAGA

Ok, vamos começar respondendo essa pergunta. Lego Star Wars The Skywalker Saga é um jogo totalmente novo. As fases não são recriações das que vieram antes. Aliás, são intencionalmente diferentes. Assim, The Skywalker Saga não substitui os dois primeiros Lego Star Wars, mas soma a eles. O chato é que é também muito inferior aos originais.

Quando iniciamos o jogo, a primeira impressão é fantástica. Uma bela tela título, mostrando vários personagens importantes, dá o tom da jornada. Um lindo menu permite escolher por qual episódio começar sua campanha. Dá para escolher começar dos episódios IIV e VII. Os restantes são liberados quando você termina o anterior.

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Olha só que menu mais bonitinho!

Eu escolhi jogar em ordem cronológica. Ou seja, começando no Episódio I, e seguir a ordem, terminando no Episódio IX. Isso foi um erro, tornando a primeira impressão excelente um passado distante diante da segunda impressão.

A SEGUNDA IMPRESSÃO DE LEGO STAR WARS THE SKYWALKER SAGA

Lego Star Wars The Skywalker Saga coloca nas duas primeiras trilogias o mundo aberto conhecido nos jogos Lego, e que ainda não existia na época. Há, literalmente, mais de 1000 colecionáveis, e algumas centenas de personagens desbloqueáveis. Todos escondidos atrás de puzzlessidemissions. Estas são semelhantes ao que você já viu antes em outros jogos da franquia. Ou seja, não são muito envolventes, e parecem simplesmente enormes listas de afazeres. Algo para você dar o controle na mão dos seus filhos e ter algumas horas de paz.

Aqueles entre nós que exigem mais dos seus games até costumavam receber isso em jogos de Lego anteriores. Lego Os Incríveis, por exemplo, tem uma campanha muito boa, que lembra até Uncharted, vivendo lado a lado com o mundo aberto cheio de filler.

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Mestre Yoda, você é nossa única esperança!

O problema é que esse aspecto, a qualidade da campanha, foi um enorme retrocesso aqui. E daqui a pouco o plugin de SEO vai começar a chiar, então preciso criar mais um intertítulo. Guenta aí.

AGORA SIM, A SEGUNDA IMPRESSÃO

Lego Star Wars The Skywalker Saga segue uma fórmula bem clara. Basicamente, tem algumas dezenas de pequenos mapas de mundo aberto, repletos de sidemissions e colecionáveis.

O modo história vai te colocando nesses mapas de acordo com a narrativa. Você pode explorar e passar um bom tempo neles, mas se conhece a série de games, sabe que a maior parte das coisas vai ficar travada até você ter acesso a vários personagens. Então, como sempre, o negócio é focar na história.

Esses mapas abertos não são fases, nem no modo campanha. Envolvem basicamente andar até o marcador de objetivo e apertar A para “continuar a história”. Isso vai gerar uma cutscene ou uma tela de carregamento, e daí a coisa se repete ad infinitum.

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As fases em si são praticamente minigames.

Em cinco pontos de cada episódio, o “continuar história” vai virar “iniciar fase”. E aí é onde esperava que o jogo passasse a mostrar a que veio. E foi aí que foi um enorme erro começar pelo Episódio I. Acontece que neste episódio, as “fases” são basicamente minigames.

FASES QUE SÃO MINIGAMES

As fases costumavam ser aventuras de exploração, intercalando puzzles e combate. Aqui são pequenas atividades. Coisas como fugir de um peixe grande ou outro tipo de minigame nessa linha. O mais envolvente que rola no Episódio I é a batalha contra Darth Maul. Ao terminar A Ameaça Fantasma, fiquei com a incômoda impressão de que o jogo inteiro seria “andar até o objetivo – apertar A para continuar – entrar em minigames – ocasionalmente vencer uns chefes”.

A primeira fase propriamente dita, que apresenta aquilo que você espera de um Lego Star Wars, veio apenas no Episódio II. Para você ter uma ideia de quão avançada estava a história, ela só aconteceu depois que Anakin tinha voltado a Tatooine e reencontrado a mãe. Ou seja, mais da metade da trilogia prequência já tinha passado quando cheguei na primeira fase.

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Essa foi a primeira fase do jogo para mim.

A essa altura, eu já estava sinceramente de saco cheio, jogando apenas por obrigação. Mais de cinco horas de jogo haviam passado, e nada do que estamos acostumados a esperar de um jogo Lego. Mas sejamos justos: aí vem a terceira impressão.

A TERCEIRA IMPRESSÃO DE LEGO STAR WARS THE SKYWALKER SAGA

A verdade é que as coisas melhoram depois desse ponto da história. As fases passam a ser mais elaboradas a partir da metade do Episódio II. Mais próximas àquilo que você espera da série, sabe? O level design ainda é bastante inferior ao que víamos nos jogos antigos – ou mesmo nos mais recentes, como Lego Os Incríveis. Mas pelo menos começam a aparecer fases de verdade, não apenas minigames intercalados por chefes.

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Obi-Wan posando em frente a uma estátua de si mesmo, porque humildade é o caminho para o lado da luz.

Lego Star Wars, desde o primeiro jogo, trazia fases sensacionais. Aquela primeira fase do Episódio III, um combate de navinhas que lembra muito Star Fox 64, ainda está entre minhas fases preferidas dos games. Mas ela não está aqui. E nada que está chega àquele nível de qualidade. As fases são, no máximo, legaizinhas.

Então temos esses três tipos de fases. Chefes (que pegam o capítulo inteiro), minigames (idem) e fases exploratórias propriamente ditas. Eu só gosto dessas últimas, mas provavelmente por causa dos problemas de desenvolvimento que rolaram em Lego Star Wars The Skywalker Saga, elas não são tão boas quanto você espera.

O MUNDO ABERTO DE LEGO STAR WARS THE SKYWALKER SAGA

Essas são as fases de história, das quais há cinco por episódio. Durante a campanha, auando você não está em uma fase, está no mundo aberto, que sempre envolve apenas andar até o ponto marcado e apertar A. Ainda assim, jogar todos os nove episódios vai consumir um bom tempo, de 20 horas para cima, mesmo que você não vá em busca de  sidemissions e colecionáveis.

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Essa parte é programada para vir no final, depois da história. Afinal, você terá mais personagens e estará mais equipado para limpar cada um dos muitos mapas abertos. E todos eles vão consumir várias horas. Mas isso costuma ser onde eu coloco meu ponto final com os jogos Lego. O problema é que Lego Star Wars The Skywalker Saga é focado nisso, já que as fases em si são as menos envolventes de toda a série. E isso, para alguém como eu, que joga pelas fases, acaba sendo decepcionante.

Sem dúvida há um apelo em explorar livremente cenários famosos como Coruscant ou Tatooine, mas não é o tipo de atividade que me atrai.

ALGUMAS COISAS SÃO PERFEITAS

Dito isso, alguns detalhes estão tão bons ou melhores do que jamais estiveram. É o caso dos gráficos, por exemplo. Eu sempre achei o visual dos jogos Lego perfeitos, desde a época do PS2. De alguma forma, no entanto, eles conseguem ficar ainda melhores a cada lançamento, e aqui são sinceramente impressionantes.

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É muito charmoso ver cenas famosas em versão Lego. Quem atirou primeiro?

Digo o mesmo do humor, que é sempre muito fofinho e divertido. É comum o roteiro subverter as expectativas, trazendo surpresas que contam a mesma história, mas de forma diferente. Gostei muito disso.

Também elogio as atuações. Há atores dos filmes, como Anthony DanielsBilly Dee Williams. Mas mesmo os soundalikes fazem um excelente trabalho, a ponto de que você nunca tem certeza se está ouvindo os atores originais ou novos, contratados para soar como as celebridades conhecidas.

Particularmente, eu ainda gosto mais da narrativa não-verbal dos primeiros jogos, mas isso é algo que a série Lego já deixou para trás faz tempo. Tem uma opção aqui de trocar as falas por gibberish, mas isso não deixa a história não-verbal. Você ainda precisa ler as legendas para entender.

A SAGA SKYWALKER EM LEGO STAR WARS

Meu carinho por Star Wars, e especialmente pelos primeiros Lego Star Wars, fez com que The Skywalker Saga fosse o jogo da série que mais me animava em muito tempo. Infelizmente, essa expectativa causou uma grande decepção, ao me deparar com um gameplay muito menos elaborado e divertido que era antes.

Lego Star Wars The Skywalker Saga é muito mais um sandbox do que uma experiência narrativa e dirigida. Então seu aproveitamento vai depender do que procura. Se o que você quer mesmo é explorar cenários de Star Wars cuidadosamente recriados enquanto pega colecionáveis quase infinitos, provavelmente vai se divertir muito aqui. Se quer fases mais elaboradas, é melhor ficar com os outros jogos da franquia.

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Esta resenha foi escrita e dirigida por Carlos Eduardo Corrales.

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