Análise Before Your Eyes – Especial PS VR2

Finalmente algo diferente no mundo dos games.

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Before Your Eyes é um jogo que está no meu radar há bastante tempo. Faz meses que baixei no meu celular (ele está incluído na assinatura do Netflix), mas eu não gosto de jogar em celular. Agora ele chegou no PS5, o que não só me permite jogar com mais prazer, ainda me dá desculpa para escrever uma análise Before Your Eyes. E bora lá então!

ANÁLISE BEFORE YOUR EYES

Em todas suas versões, o que mais chama atenção em Before Your Eyes é a forma de controle. É um jogo que exige câmera e que detecta suas piscadas. Eu testei a versão de PS VR2, então vou me estender no funcionamento dela.

Before Your Eyes é uma história interativa. O protagonista é Benjamin Brynn, que começa a história morto. Mais especificamente, no pós-vida. É a hora de ele lembrar toda sua vida, desde a mais inocente nenetude.

CONTROLANDO BEFORE YOUR EYES COM OS OLHOS

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Como jogo, Before Your Eyes é bem primário, em gráficos e controles. Mas felizmente é bastante criativo com as ferramentas que usa. A versão de PS VR2 usa controles tradicionais para navegar nos menus, mas o game em si é controlado com a sua cabeça.

Ele não usa o tracking de olhos do PS VR2. Para mover o cursor, é necessário mover a cabeça, como já acontecia em alguns jogos do PS VR anterior. A pegada é a interação, a famosa clicada. Esta se dá quando você pisca. Em alguns casos, você pode interagir com cenários, e o jogo registra isso quando você aponta o cursor para o local e pisca.

Em outros, é de seu interesse ficar sem piscar o maior tempo possível. Isso porque piscar avança o tempo. Basicamente, quando você pisca, rola um fast forward na história. A sensação é de que você tem um controle que permite pular coisas, como aquele do clássico filme do mestre Adam SandlerClick. Especialmente quando alguém está brigando com você e, ao piscar, outra cena se inicia imediatamente.

QUANTO TEMPO VOCÊ FICA SEM PISCAR?

tracking das piscadas não é perfeito. Na maior parte das vezes, quando eu piscava normalmente, o jogo não registrava. Eu precisava piscar de forma mais contundente para dar certo, sabe? Isso acabava prejudicando alguns pontos da história em que o objetivo é justamente ficar sem piscar. Afinal, eu estava quase invulnerável a isso, já que o PS VR2 não detectava minhas piscadas normais, apenas as mais épicas. Mas tudo bem, Before Your Eyes é uma história, não um desafio. E como tal, ele se dá bem.

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Eu percebi que é relativamente fácil se emocionar quando vemos uma vida inteira passando em pouco tempo. Desde que a coisa seja bem escrita e atuada, é fácil de se identificar. É fácil de ficar triste quando a vida termina ou mesmo com as frustrações do caminho. É o que deixou, por exemplo, aquela cena do Up – Altas Aventuras tão absurdamente emocionante. E é a mesma fórmula que dá certo em Before Your Eyes.

A vida é ao mesmo tempo curta e longa. Quando a estamos vivendo, ela parece longa, com um monte de tédio, decepção, frustração. Mas quando você está na sua festa de aniversário de 40 anos, casado, com filhos e com um trabalho de adulto, é muito fácil ficar confuso e tentar entender para onde foi todo aquele tempo que parecia infinito quando era criança.

A CRUEL PASSAGEM DO TEMPO

Sei lá, pelo menos para mim isso é bem forte. Eu ainda me sinto como o jovem nerd que descobriu o heavy metal. Ainda lembro como me senti ao criar o DELFOS e do ato físico de sentar para escrever meu primeiro texto para o site. Sou a mesma pessoa que era quando entrei e me formei nas duas faculdades que cursei. Ou que era no ensino médio. Ou quando trabalhei no Kotaku Brasil. Mas tudo isso passou e não volta mais. Amadureci? Sim. Mudei? Sim. Mas continuo o mesmo. Só mais velho e menos saudável. E isso me emociona. Como dizia George Constanza, se você pegar toda a minha vida e condensar em um único dia, ela até parece decente. Mesmo que aqui, enquanto escrevo este texto que poucas pessoas vão ler, tudo pareça em vão.

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E é em vão? Eu sinceramente não sei. Algo do que fazemos aqui neste planeta é realmente importante? Certamente o DELFOS nunca terá o impacto cultural que eu sonhava. Daqui a 100 anos, quem vai saber? Alguém vai se lembrar? Caramba, quantas pessoas se lembram hoje?

Estas são as coisas que passam na minha cabeça com narrativas como a de Before Your Eyes. Condense uma vida inteira em alguns minutos, e ela não parece em vão. Pelo menos não tanto quanto parece quando estamos vivendo. A vida do Benjamin não me parece ter sido em vão depois de jogar. Especialmente depois de ver a eulogia final. A sua parece? Talvez só sentimos isso porque ainda estamos vivendo. E, quando conhecermos a história completa, tudo talvez faça sentido. Talvez.

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