Dyschronia Chronos Alternate é, no momento em que escrevo isso (27 de abril de 2023 – sim, faz tempo), o último jogo planejado para o nosso especial de lançamento do PS VR2. Claro, ainda vamos ter análises de games futuros lançados para a plataforma, mas este é o último deste enorme especial de games que saíram na janela de lançamento. E, poxa, eu realmente queria que ele fosse melhor.

DYSCHRONIA CHRONOS ALTERNATE

Dyschronia Chronos Alternate é uma visual novelpoint and click para VR. No caso, eu joguei a versão de PS VR2. O game tem um visual bem interessante, que eu nunca tinha visto em VR. Pois é, já explorei um monte de casas cheias de infiltração e buracos, mas não tinha ainda explorado um animê. O visual e a forma de contar a história é bem parecido com o que vemos em games como Astral ChainScarlett Nexus. Em outras palavras, é estiloso paca, mas não é exatamente “animado”.

Perp Games, Dyschronia, PS VR, PS VR2, PS5, Delfos
É assim que você vê a maior parte dos NPCs.

É, sinceramente, um jeito de contar histórias que não me apetece. Cenas de diálogos, que correspondem a 80% do game, envolvem você ficar em primeira pessoa olhando para uma pessoa que move pouco além dos lábios. Além disso, parte da história é falada, enquanto uma outra parte é apenas escrita, no máximo com uma ou outra palavra gravada, tipo “Hm…”.

WHODUNIT

A história coloca você no papel de um supervisor novato que tem, como sua primeira missão, solucionar um assassinato. Em uma cidade utópica totalmente sem crimes. O roteiro até é interessante, e interagir com portas, botões e outras interfaces em VR nesse esquema futurista meio Minority Report é muito legal. Mas infelizmente isso é tudo de bom que eu tenho a falar dele.

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Cada ação que você toma, seja errada ou certa, inicia um diálogo. E todos os diálogos arrancam totalmente o controle do jogador. Um bom exemplo é a mecânica do cafuné. Tem um troféu para fazer cafuné 50 vezes na menininha fofa voadora que te acompanha. Quando você quiser fazer isso, precisa encostar na cabeça dela. Isso faz ela pedir um cafuné. Depois disso, você afana a cabeça dela por alguns segundos. Se for curto demais, ela reclama e não conta. Se for longo o suficiente, ela fala várias frases seguidas e repetitivas comemorando o cafuné.

Na prática, para cada cafuné você fica dois segundos movendo a mão na cabeça dela e 40 segundos esperando os diálogos terminarem para voltar a poder se mexer. Da mesma forma, cada coisa que você pega ativa uma frase do tipo “coisa X adicionada ao inventário”. Isso também te bloqueia por vários segundos, e você só pode voltar a se mover depois que a frase que narra o que você fez sumir.

DYSCHRONIA NÃO É PARA HIPERATIVOS

Esse tipo de narrativa travada já é normalmente ruim, mas Dyschronia torna tudo ainda mais lento. Você precisa ficar apertando o botão para ir de uma frase para outra em diálogos. E os atores claramente gravaram as frases soltas, sem conectar uma à outra, o que arruina totalmente o timing.

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Some a isso o quanto de tempo que o jogo consome. Dyschronia é dividido em três episódios, sendo que dois já saíram e o terceiro não tem data divulgada até o momento (inclusive esperar o lançamento completo foi o motivo que fez com que este texto demorasse tanto para sair). Eu achei que seria uma coisa rápida, talvez uma hora por episódio. Mas já clockei seis horas e sequer terminei o primeiro.

Dyschronia é um tipo de jogo especial. Isso porque ele não me venceu pela dificuldade, mas pelo tédio. Eu simplesmente não aguentava mais ficar esperando diálogo truncado atrás de diálogo truncado para poder andar um pouquinho e iniciar outro diálogo truncado. Dyschronia exige um tempo que eu não tenho. E não é divertido o suficiente para me fazer liberar este tempo.