Em muitos aspectos, este Samurai Shodown 2019 se assemelha a Street Fighter IV. Ambos são novas iterações em longevas séries há muito dormentes, que vêm rodeadas de expectativas e nostalgia. Assim como Street 4, o novo Samurai Shodown é quase um remake do clássico dos anos 90, incluindo aí boa parte dos personagens já conhecidos. Quer saber mais? Então venha ler nossa análise Samurai Shodown.
ANÁLISE SAMURAI SHODOWN
Na minha primeira luta, escolhi Haohmaru. No primeiro golpe de espada que acertei, nem pareceu que fazia 26 anos desde que joguei o Samurai Shodown original no Neo Geo, então o videogame mais poderoso e mais desejado do mundo.
Apesar da comparação com Street Fighter IV acima, o gameplay de Samurai Shodown sempre foi bem diferente dos outros jogos de luta. Pense nele como o Dark Souls dos fighting games. A ação aqui é lenta e metódica. Se você sair atacando desvairadamente, como aquela priminha apelona que jogava com a Chun-li, vai apanhar feio.
Isso porque um ataque forte compromete seu personagem em uma animação de alguns segundos. Erre, e você ficará extremamente vulnerável. Mesmo as defesas funcionam de forma diferente. Embora haja, nesta versão, um sistema de parry bastante técnico, uma simples defesa padrão reflete o ataque, e também deixa o atacante vulnerável.
Some a isso o fato de que uma investida forte tira MUITA energia, e temos aqui um jogo de alto risco. Cada luta acaba em quatro golpes bem dados, mas exige técnica e planejamento acertar cada um deles.
AI, MEU BAÇO!
Nesta nova iteração de Samurai Shodown há a barra da raiva, que deixa tudo ainda mais interessante. Conforme você apanha, esta barra é preenchida. Quanto mais cheia ela estiver, mais fortes serão seus ataques. Quando ela estiver cheia, dá para ativar a explosão, que dobra sua força por alguns segundos, mas depois a barra some pelo resto da luta.
Caso você esteja se sentindo especialmente apelão, pode também consumir esta barra apertando L2 duas vezes, o que vai desferir uma investida que tira, sem exagero, pelo menos 70% da vida do seu desafeto. Há outro ataque com a mesma força, chamado de “super golpe especial”, mas este envolve um comando mais elaborado, necessita estar próximo ao oponente e só pode ser usado uma vez por luta.
Apesar de o uso de ambos ser limitado, receba um deles nas fuças, e você perderá o round, a não ser que esteja com a vida quase cheia. Assim, os rounds de Samurai Shodown são altamente técnicos, mas como uma luta de espadas real, podem terminar relativamente rápido. Já vi rounds encerrando, por exemplo, em quatro segundos. E isso me leva à minha primeira crítica: os loads.
Não é que são loads insensatos, de vários minutos. Porém, as lutas tendem a ser tão rápidas que não raro você passa mais tempo esperando o combate começar do que lutando. E isso tira boa parte da empolgação do jogo.
HISTÓRIA
Há um modo história por aqui, mas não espere algo mais elaborado, como em Mortal Kombat 11. Na real a coisa é bem mais próxima ao tradicional modo arcade, como era em Street Fighter IV. Basicamente, cada personagem tem uma cutscene introdutória e uma final. Cada um tem também uma batalha contra um rival, que é precedida por um curto diálogo entre os personagens. E daí tem o chefe final.
O chefe final segue a linha dos que a gente costuma ver em Marvel vs. Capcom. Ou seja, é quase estático e não reage a seus golpes. Particularmente, acho este tipo de batalha terrível. Ela simplesmente não combina com o lado técnico de um jogo de luta, pois envolve basicamente martelar o botão e esperar que a energia do chefe termine antes da sua.
O chefe final de Samurai Shodown é tão fraco que sua simples existência me desanimava a jogar o modo história.
OUTROS MODOS
Aliás, já que citamos Mortal Kombat, admito que fiquei surpreendido ao ver que Samurai Shodown é vendido ao mesmo preço (60 dólares na gringa). É bastante claro que há um abismo de valores de produção entre eles. Não que Samurai Shodown seja feio. Longe disso. Ele é apenas bem mais simples.
Veja, por exemplo, o cenário acima. Lindão, né? Mas não tem muita coisa acontecendo nele. Compare com os de Mortal Kombat 11, em que cada centímetro do cenário tem um nível de detalhamento e polimento surpreendentes. Ambos têm seu valor, mas comparar o visual de Samurai Shodown com Mortal Kombat 11 é como comparar uma capa do Iron Maiden com uma do Maestrick.
Isso se estende também aos modos de jogo. Samurai Shodown não chega a ser tão peladão quanto Street Fighter V, mas está longe da infinidade de conteúdo do Mortal Kombat 11. Eu consegui, por exemplo, ao longo de uma tarde, vencer todos os modos de jogos disponíveis com o Haohmaru, e fazer a história de outros quatro bonecos.
Obviamente, se você quiser dominar a jogabilidade com cada um dos 16 personagens jogáveis, vai precisar investir muito mais tempo, mas eu gostaria de mais conteúdo aqui, tanto single player quanto online.
Aliás, é possível deixar o jogo procurando por oponentes em segundo plano enquanto você joga sozinho, mas ao contrário de como acontecia em Street 4, depois da luta você não retorna à atividade anterior, mas à tela título. Isso torna inútil fazer qualquer coisa mais avançada do que lutas aleatórias enquanto espera, afinal, seu progresso pode ser eliminado a qualquer momento.
SAMURAI SPIRITS
Comparei bastante Samurai Shodown com seus competidores Street Fighter e Mortal Kombat, mas a verdade é que seu gameplay lento e metódico o coloca em uma categoria totalmente diferente. Seus congêneres mostram caminhos pelos quais as atividades propostas pelo jogo poderiam seguir, mas seu combate é um capítulo à parte, o que sem dúvida fará Samurai Shodown atrair uma categoria bem diferente de jogadores.
E, se você faz parte deste público, pode ter certeza que o gameplay de Samurai Shodown é cuidadosamente construído, recriando muito bem a sensação única que o jogo causava lá em 1993. Podia ter mais conteúdo e loads mais curtos, é verdade, mas se você quer um jogo de luta técnico para curtir no sofá com os amigos, Samurai Shodown é a melhor pedida.
