O James Gunn se tornou um figurão de Hollywood muito em cima do sucesso – merecido – do primeiro Guardiões da Galáxia. Em cima da popularidade do filme, ele conseguiu ser recontratado após ser despedido por cancelamento online. Aliás, não apenas isso, mas ele substituiu o Zack Snyder como o principal figurão do universo da DC. Quem mais teve uma resiliência dessas? Mas será que ele realmente é bom? Ou capturou um relâmpago na garrafa? Descubra na nossa crítica Guardiões da Galáxia 3.
CRÍTICA GUARDIÕES DA GALÁXIA 3: MAS ANTES, CULTURA NERD EM 2023
Você ainda se lembra em que ponto narrativo estão os Guardiões da Galáxia? Eu lembro bem dos dois filmes anteriores, mas a história dos personagens foi muito além disso. Fora dos filmes que levam o nome do grupo, a Gamora morreu, voltou, o Thor virou o líder, deixou de ser… Virge Maria. Devo dizer que se tem alguma série da Marvel que realmente sofre com essa forma multilateral de contar histórias, esta série é Guardiões da Galáxia.
Isso é curioso, especialmente quando você percebe que os três filmes deles – sim, este incluso – contam histórias bastante independentes. Porém, o que aconteceu em filmes de outros heróis é refletido aqui. É muito trabalhoso ser nerd em 2023.
CRÍTICA GUARDIÕES DA GALÁXIA 3
Aqui o nosso amigo Rocket sofre um machucado fatal logo no início do filme. Para salvá-lo, os outros Guardiões da Galáxia vão se envolver em uma aventura interestelar. Então este é, ao mesmo tempo, o filme do Rocket, e um em que o herói quase não aparece. Afinal, a Marvel repete aqui a fórmula do primeiro Vingadores, no qual o Gavião Arqueiro ficava fora de si quase o longa inteiro.
Quando Rocket realmente aparece, é em flashback, em cenas bem reveladoras que finalmente mostram a origem do herói. E se ele é ou não um guaxinim, é claro. Assim, Rocket é um McGuffin. Um Rosebud, se desejar. Importante para o que acontece, mas quase sem tempo de tela.
JAMES GUNN, O DIRETOR
James Gunn é um excelente diretor. O cara tem um estilo que muito me agrada, sabe filmar cenas de ação e consegue, através da mágica do cinema, arrumar com o timing piadas que no roteiro devem ser bem fracas.
Uma das coisas que mais o destaca é sua seleção de músicas. O cara deve ter um gosto muito parecido com o meu, pois eu simplesmente adoro as trilhas de seus filmes. E a forma como ele combina músicas farofa com cenas estilosas me faz lembrar porque eu me apaixonei por rock – e também por cinema – quase 30 anos atrás.
Tem uma cena de ação perto do final. Um plano-sequência que rola ao som de No Sleep Till Brooklin. Eu gosto da música. Eu gosto de planos-sequência. Combine os dois à exuberância estilizada de Gunn que poucos diretores exibem, e a cena é um sucesso. Além de ser provavelmente o plano-sequência mais elaborado que já tive o prazer de ver. E digo isso mesmo consciente de que a coisa é quase inteira, senão totalmente, feita por computação gráfica.
JAMES GUNN, O ROTEIRISTA
Delfonautas antenados já sacaram a espetada “piadas que no roteiros devem ser fracas”. Se você é um deles, já sabe onde quero chegar. Se não, senta aí que eu explico, porque quero que essa resenha tenha mais toques, afinal de contas.
Como roteirista, James Gunn é MUITO fraco. Convenhamos, Guardiões da Galáxia 2 é um desastre, e isso se deve quase exclusivamente ao seu texto. Guardiões da Galáxia 3 não é tão ruim. Mas é clichê até não poder mais. Por exemplo, ele usa e abusa da pentelha trope de matar um personagem, de forma exagerada, a ponto de fazer o espectador pensar “não tem como voltar disso”. Daí ele grita “Rá! Pegadinha! Ele tá vivo, olha só!”. Isso acontece – e não estou exagerando ao dizer isso – um número PLURAL de vezes no filme. E é algo que, como a lambida de um vilão, uma única vez já é inaceitável. Você simplesmente não coloca isso em um roteiro decente.
JAMES GUNN, O ROTEIRISTA VOL. 2
O diretor e o elenco falaram muitas vezes que este é o último filme dos Guardiões da Galáxia. Isso faz com que o público pense que alguém vai morrer. Daí o roteirista explora esse “medo” literalmente matando e revivendo seus personagens várias vezes. Mas é algo vão, efêmero e, como um susto do tipo “bu”, só faz você exclamar “mas que porcaria!”.
E este não é o único problema do texto do filme. As próprias piadas, que destacavam o primeiro Guardiões em um universo Marvel já extremamente bem-humorado, estão ruins. Quando existem. Sim, o filme vai tirar algumas risadinhas, especialmente por causa do Drax, que continua excelente. Mas Thor Amor e Trovão, Doutor Estranho e até Guerra Civil também são engraçados. E mais do que este. Aliás, se tanto eu diria que este filme é menos engraçado do que o padrão do MCU.
CRÍTICA GUARDIÕES DA GALÁXIA 3: HERÓIS COADJUVANTES
Isso tudo me surpreende tanto quanto a você. Afinal, o primeiro filme é realmente muito legal. E isso se deve aos excelentes personagens. Ora, até mesmo nos outros filmes em que participam, os Guardiões da Galáxia roubam a cena. Mas agora estamos falando de uma série no MCU que tem um filme bom em três. E cujo segundo é uma bomba detestável, um filme escrito como uma terapia para um roteirista que se sente abandonado pelo pai.
Não é errado dizer que os melhores momentos dos Guardiões da Galáxia estão nos filmes que não levam este título. Isso pode significar que estes heróis funcionam melhor como coadjuvantes do que como protagonistas. E muitos bons personagens são assim. Porém, eu insisto que o problema do segundo e do terceiro filme não é este, mas um roteiro ruim. Todo o resto é bom. A direção é excelente, aliás. Mas o texto… talvez James Gunn devesse se focar em dirigir e deixar escritores escreverem.
Nossas críticas do Marvel Cinematic Universe:
– Homem de Ferro – Genial, playboy, filantrópico, mas não o melhor.
– Homem de Ferro 2 – Sejam bem-vindos, Viúva Negra e Máquina de Combate!
– O Incrível Hulk – O Edward Norton faz falta?
– Thor – Até que é bom, mas falta alguma coisa.
– Capitão América: O Primeiro Vingador – Se eu perdesse uma dança com a Peggy também nunca iria me perdoar.
– Os Vingadores – The Avengers – O primeiro, mas não o único.
– Homem de Ferro 3 – É sensacional, todavia, as armaduras do Tony parecem de papel.
– Thor: O Mundo Sombrio – Hum, meh.
– Capitão América 2: O Soldado Invernal – Who the hell is Bucky?
– Guardiões da Galáxia – A aventura mais pipoca de todas.
– Vingadores: Era de Ultron – Agora, sim, isso aqui é um time de responsa.
– Homem-Formiga – Sério, o vilão é sem sal.
– Capitão América: Guerra Civil – O Steve tem razão.
– Doutor Estranho – Os poderes mais incríveis são do Mago Supremo.
– Homem-Aranha: De Volta ao Lar – É assim que se faz, tá, Sony?
– Thor: Ragnarok – Quero meu martelo de volta.
– Pantera Negra – Um tapa na cara da sociedade.
– Vingadores: Guerra Infinita – Tanto esforço por uma gota de sangue…
– O Homem-Formiga e a Vespa – Meio genérico. Também, veio depois de Guerra Infinita!
– Capitã Marvel – A herói mais porreta da Terra. É, Thanos, agora pegou pro teu lado.
– Nota sobre nossa crítica de Vingadores: Ultimato – Nossa crítica do filme demorou para sair. E este é o motivo.
– Vingadores: Ultimato – E esta é a crítica que demorou para sair.
– Vamos falar sobre Vingadores: Ultimato COM SPOILERS: só clique aqui se já assistiu.
– Homem-Aranha: Longe de casa: É o macaco noturno!
– Shang-Chi e os Dez Anéis: É o mano do busão!
– Homem-Aranha: Sem Volta para Casa: O lado bom do fanservice.
– Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: Mais um da série “não teve espaço para dar um título para a crítica”.
– Crítica Thor Amor e Trovão: uma farofa deliciosa: Quem diria que logo o Thor viraria a maior farofa do MCU?
– Crítica Homem-Formiga e a Vespa Quantumania: Um filme que nem tenta contar uma história nova.