Viva o Metal!

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Atenção: O texto abaixo foi forjado nas profundezas do abismo sem fim em Asgard, usando o mais puro aço e o fogo divino. Se você não tem as bolas para aguentá-lo, você é um mariquinha e um poser. Clique aqui para sair do hall.

Ultimamente tenho escrito muitos textos criticando as coisas que o Metal tem de ruim e tirando sarro do que tem de engraçado (ou de muito engraçado).

Isso deve ter levado muita gente a pensar que eu não gosto mais do gênero. Acredito que delfonautas dedicados se surpreenderam ao ver meu nome assinando esta missiva depois de ter lido a chamada de capa. Caramba, outro dia até vi meu nome na Desciclopédia como um inimigo dos trues ou algo assim (acho que estou ficando famoso).

Na verdade, admito que eu mesmo tinha me convencido disso. Nos últimos meses tenho ouvido muito Punk, Classic Rock e quase nada abençoado pelo vento preto. Para ser sincero, há muito tempo que eu não ouvia música como ela realmente deve ser ouvida, simplesmente apreciando-a, sem ter mais nenhuma distração. A vida adulta limita nosso tempo livre para isso, e eu acabava me contentando em escutá-la durante o trabalho. Ou seja, virava apenas uma trilha ambiente.

Porém, hoje (24 de setembro de 2008) algo mudou. Eu decidi aproveitar um tempo livre que tinha para ouvir um pouco de Metal. E só então meu cérebro me lembrou: eu gosto disso pra caramba! E eu gosto disso alto! Mais alto que o inferno! E foi então que resolvi fazer uma declaração de amor ao gênero neste texto. Não para agradar aos trues imbecis, pois eles ainda são ridículos e, como diria Eric Adams, kiss my ass if you don’t like me, I don’t care!

O fato é que, por causa da postura imbecil da maior parte do público (ou, como li em um fórum recentemente: se não é a maioria, certamente fazem muito mais barulho), acabei esquecendo o quanto o Metal é legal. E não apenas o Metal, mas também o lado mais pesado do Hard Rock, aquele sem coraizinhos fofinhos cantados por três marmanjos no mesmo microfone. Portanto, este texto serve, antes de tudo, como um lembrete para mim mesmo: Corrales, o Metal é legal! =)

E por que o Metal é legal? Ora, existe coisa melhor do que soltar toda sua energia acumulada batendo cabeça e fazendo o sinal do martelo ao ouvir Manowar? E isso só é possível porque a banda em questão é divertida pra burro e, ao contrário dos seus fãs, sabe que é muito mais divertido não se levar a sério.

Lembro que no Encontro Delfiano, quanto estávamos batendo cabeça no meu carro ao som de Manowar, o Victor comentou algo tipo “como o Manowar consegue fazer letras tão estúpidas?”, e eu respondi “pô, eu acho elas mó legais”.

Sim, o Victor tem razão, elas são estúpidas. Sim, elas são engraçadas. Mas isso não quer dizer que elas não têm valor artístico ou são mal escritas. Pelo contrário, elas servem muito bem aquilo a que se propõem. Dizer que Manowar é ruim por causa de suas letras divertidas (o que não foi o que o Victor falou, já que, dada a empolgação do cara, ele deve gostar tanto da banda estadunidense quanto eu) é como falar isso do Monty Python. E repare como as características “estúpido” e “engraçado” também se encaixa perfeitamente no sexteto inglês. E alguém diria que suas esquetes não são geniais e, por que não, muito inteligentes?

Ora, Manowar é pura diversão. Quem não gosta de cantar frases como “if you like Metal, you are my friend”, “one more beer and Heavy Metal and I’m just fine” ou “we’re here tonight to kick some goddamn ass!” (todas tiradas da divertidona Return of the Warlord)? Não, eu não saio de casa com o objetivo de chutar umas bundas malditas ou de estuprar virgens (Hail and Kill) e DEFINITIVAMENTE não morreria pelo Metal (Brothers of Metal), mas isso não torna menos legal cantar essas músicas. Desde pequeno, ser obrigado a ir para a guerra sempre foi um dos meus maiores medos (até porque eu sempre fui contra a violência), mas toda vez que eu ouço Warriors of the World United, logo faço uma cara de mau, o sinal do martelo e canto ela de ponta a ponta! E eu mesmo tinha esquecido dessa reação que ela causa em mim. Brothers, everywhere, raise your hands into the air!

Aliás, nem mesmo o fato de eles serem uma banda completamente homoerótica os torna menos legais. 300, por exemplo, é praticamente um filme pornô gay e é muito legal. E, cá entre nós, tem alguém que, por mais machão que seja, nunca tenha feito a característica dancinha da YMCA? Cacilda, tem alguém que não acha a YMCA uma música legal? Vamos lá, você não precisa admitir para nós, mas pelo menos admita para si mesmo. E até o tremendão Jeff Scott Soto já gravou uma versão dela. E eu sei que você gosta da voz dele! 😛

Outro dia estava falando com o Júlio no MSN e ele comentou que, durante a luta contra Zeus, no God of War II, ele sentiu como se tivesse um pênis de três metros. Eu achei essa analogia engraçada, mas é até real. O jogo God of War faz você se sentir tão absurdamente machão e invencível que isso é parte da graça do jogo. Você se sente o Chuck Norris, o mais alfa dos machos alfa. Talvez seja difícil para as moças entenderem, mas isso também é parte da graça do Manowar (e de filmes como 300, Exterminador do Futuro 2 ou qualquer outro Testosterona Total).

Não, nós não somos guerreiros imortais e invencíveis de Valhalla, nascidos do vento afro-descendente, do fogo e do aço, com a missão de sodomizar virgens e morrer em batalha. Mas é legal nos sentirmos assim, ainda que por alguns minutos. Ajuda a colocar para fora de forma positiva nossa testosterona, nossa agressividade e sentimento de guerra. Claro que também provavelmente é isso que faz os trues agirem como trolls retardados, eles não separam a brincadeira da realidade, tipo aqueles maninhos que jogam RPG e acabam brigando com os amigos por causa do jogo, manja? Mas não vamos entrar nesse aspecto hoje. Esse é um texto feliz, pô.

Claro, nem tudo no Metal é assim. Tem um monte de bandas sérias, com letras profundas, críticas e reflexivas. Quando eu ouço Savatage, por exemplo, fico reflexivo, emocional. Veja o clipe abaixo, por exemplo:

Isso é lindo! Tanto o clipe, quanto a música ou a letra. Gutter Ballet é uma composição maravilhosa e, na minha opinião, beira a perfeição. Mas isso não é empolgante, pelo menos não da forma macho alfa from Hell de outras bandas. Por exemplo, agora veja esse outro clipe:

Não, ele não tem a beleza artística do Savatage. Mas duvido que você tenha assistido isso sem nem sequer bater o pé no ritmo da música. Fala sério, a parte que ele fala “I want shiny cars, dirty money and lots of Rock’n’Roll / I will live in fame and die in flames, I’m never getting old” é do tipo que faz qualquer macho roqueiro gritar algo do tipo “hell, yeah! É isso que eu quero”. Claro, ninguém quer morrer com 40 anos, nem o próprio Blackie Lawless (que, aliás, já deve ter passado dessa idade há muito tempo), mas cantar isso faz parte da atitude Rock! E não tem nada de errado com ela!

Mantendo a referência ao mundo dos games, o Savatage seria um Okami. Lindo, artístico, cheio de mensagens e coisas a dizer. Porém, precisa de um esforço maior, não é algo instantaneamente divertido. Já o W.A.S.P., desse segundo clipe, é pura diversão. É um God of War ou um Gears of War. Você só está lá para fazer um serviço. E esse serviço não é bonito, mas, rapaz, como é divertido. Killing is my business and business is good, manja?

Existem várias bandas que fazem esse tipo de som machão e testosterônico, em vários estilos diferentes. Temos o Hammerfall com seu jeitão mais melódico mesclando Manowar e Helloween, o Exodus do lado mais pesado ou até o W.A.S.P. e o Twisted Sister que flertam com o Hard Rock (e eu desafio qualquer sacripanta que estiver lendo esse texto a ouvir You Can’t Stop Rock ‘n Roll e não se empolgar!). A única coisa que essa música tem de Rock ‘n Roll é mesmo o nome.

Quando eu vou viajar, por exemplo, costumo levar Savatage, Stratovarius e demais bandas “sérias” para ouvir na estrada à noite, enquanto penso na vida e meus companheiros de road trip estão dormindo no carro. Por outro lado, se você for pegar a estrada comigo de dia, pode ter certeza que, entre os CDs que vou levar, estarão coisas como Manowar, W.A.S.P. e Dio (Stand Up and Shout é perfeita para dirigir rápido!). E eu vou acelerar (dentro do limite, é claro, levar multa não é true) e nós vamos gritar, cantar juntos e nos sentir montados em cavalos de fogo enquanto brandimos nossas espadas ao alto pedindo a benção de Odin e do vento preto! Pelo menos por alguns minutos. E essa é uma sensação excelente. Desde que saibamos que é tudo brincadeirinha e não comecemos a acreditar realmente nisso. Afinal, ninguém que assista a 300 vai achar que o Gerard Butler realmente vai fazer compras no mercado de cueca e besuntado em óleo, certo? Pois então, o Joey DeMayo também não. É preciso saber separar a fantasia da realidade na música tão bem como sabemos no cinema.

Aí sim, podemos lutar juntos pelo rei, pela terra e pelas montanhas. Sem falar dos vales verdes onde os dragões voam. Tudo isso com o trovão e a honra ao nosso lado. Esse, sim, é o True Fuckin’ Deepthroatin’ Titfuckin’ Heavy Metal from Valhalla Born of the Black Wind, Fire and Steel Blessed By Odin. E é disso que eu gosto! Hail and kill! Agora vamos todos sodomizar umas virgens, que nos esperam molhadas como uma espada recém banhada em sangue ainda morno (já aprendeu a separar a realidade da fantasia, certo?).

Let us drink to the power, drink to the sound
Thunder and Metal are shaking the ground
Drink to your brothers, who are never to fall
We are brothers of Metal, here in the hall

Faixa Bônus

Calma, está quase acabando. Essa faixa bônus é, literalmente, uma faixa bônus. Aperte play abaixo para ouvir a música Mean Man, do W.A.S.P.. Essa é a composição dos caras que eu mais gosto e, para ser sincero, acredito que estaria entre as minhas cinco preferidas de todos os tempos – e ouve só essa bateria! É uma aula de como fazer batidas para músicas rápidas sem apelar para aqueles irritantes helicópteros e metralhadoras tão usadas entre as bandas de Black Metal e Heavy Melódico. E as viradas, cara! Que viradas! As do último refrão, depois dos três minutos e meio, em especial, são fenomenais! *-*

Porém, ela não está aqui apenas pelo seu riff cabuloso ou sua batida tremendona. O motivo pelo qual ela está neste texto é que considero Mean Man a música mais macha já composta e só não a coloquei acima porque a banda não fez um clipe dela. Então dá um play aí e desfrute-a enquanto bebe uma cerveja, coça o saco e arrota o alfabeto. Hoje é dia da gente agir como macho! Nada daquelas mariquices de coisas fofinhas.

O Ministério Delfiano adverte. Não dirija ouvindo Mean Man, ou você vai passar de 160 km/h sem nem perceber.

PS1: Esta coluna deve ser lida no volume máximo! Read it loud, mutha! m/ m/

PS2: O texto inteiro está repleto de referências a vários grandes clássicos do Metal e do lado mais pesado do Hard Rock. Divirta-se procurando por elas e aponte-as nos comentários para dividir com os demais delfonautas.