A vida sem games

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PRÓLOGO

No DVD bônus de God of War II, há uma entrevista com o ator Michael Clarke Duncan (o Rei do Crime no filme do Demolidor), que no jogo dublou o titã Atlas, onde ele diz que, em sua juventude, passava todas as tardes nos fliperamas, mas daí percebeu quanto tempo estava gastando nisso e resolveu fazer algo mais produtivo.

OS GAMES E EU

Minha relação com o entretenimento eletrônico começou na mais tenra idade, quando eu passava as noites jogando com a minha mãe no Atari dela. Uns anos depois, tive o Master System (o primeiro que de fato foi meu) e, mais tarde ainda, o Mega Drive. Esse foi o que eu mais gostei e a geração pela qual eu mais tenho afetividade. O vídeo abaixo realmente foi minha infância em quatro minutos. Eu só não conhecia o Weezer na época, mas ainda assim a trilha sonora se encaixou perfeitamente.

A evolução dos consoles seguiu em frente e veio o Saturn. Em uma viagem que fiz aos EUA, eu o comprei. Foi o primeiro videogame que comprei com meu dinheiro, e paguei muito barato: 200 dólares. Se você estranhou eu chamar isso de barato, saiba que na época, nos idos de 1997, o dólar e o real tinham o mesmo valor. Ou seja, eu comprei um videogame de última geração em Los Angeles por 200 reais. Foi lindo!

Comprei alguns jogos na mesma loja, mas a minha mãe me convenceu a esperar para comprar mais em Miami, última parada de nossa viagem. “Lá vai ter mais opções, e vai ser mais barato”, garantia ela. Infelizmente, ao chegar em Miami, eu só encontrava jogos de Nintendo 64 e piratas de Playstation (os concorrentes mais bem sucedidos do Saturn), então acabei voltando para o Brasil com pouquíssimos jogos. E aqui também não conseguia encontrar mais jogos, então acabei parando de jogar por falta de opções. Eu simplesmente não tinha o que jogar. Era mais fácil encontrar um unicórnio na Avenida Paulista do que um jogo de Saturn à venda.

Paralelamente a isso, comecei a realmente me interessar por Rock, especialmente Heavy Metal. Logo estava em uma banda e boa parte da minha energia era dedicada a ser um bom servente do Deus Metal, e não tanto do Shigeru Miyamoto.

Mas eu ainda jogava ocasionalmente no PC ou em casas de amigos. Nunca deixei de gostar de games, só me afastei um pouco da cena, e praticamente pulei a geração dos Playstations 1 e 2.

Porém, na geração atual, já adulto e com condições financeiras melhores (leia-se “a grana é minha e se eu quiser torrar tudo em CDs de Metal, hambúrgueres, pizzas e videogames ninguém vai me impedir”), eu finalmente pude fazer algo que nunca tinha conseguido antes: comprar um videogame da geração atual, no início da geração atual.

Fiquei muito feliz mesmo ao comprar o Xbox 360 um ano depois de seu lançamento e poucas semanas após o Wii e o Playstation 3 chegarem ao mercado. Achei que seria um videogame do qual eu realmente usufruiria muito, pois teria pelo menos cinco anos para aproveitá-lo como nunca até sua eventual substituição pelo vindouro Xbox 720. Eu estava errado, pois essa seria a geração mais longa da história dos games, e também a que tem os consoles mais descartáveis.

O VÍCIO

Mas não vou dizer que não aproveitei o Xbox 360 ou o PS3 que compraria posteriormente. Pelo contrário, eu de fato aproveitei essa geração mais do que qualquer uma de suas antecessoras por vários motivos. Além da independência financeira, agora há a possibilidade de importar facilmente os jogos, e com preços muito mais em conta.

Admito, eu jogava pra caramba! Basicamente, se eu estava sozinho em casa, tinha 83% de chance de estar salvando o mundo digital na pele de uma ruiva peituda ou de um cara musculoso trajando apenas uma minissaia.

Mas sinceramente, eu não encarava isso como um problema. Primeiro porque eu estava salvando o mundo. Depois porque os jogos melhoraram muito nessa geração em comparação às anteriores (convenhamos, no PS1 e no PS2, a maior parte dos jogos consistia em levar uma caixa de um lugar para outro para conseguir subir numa parede alta) e jogos como Uncharted me divertiam pra caramba!

Eu nunca deixei de trabalhar, estudar ou de fazer qualquer outra coisa para jogar videogame. Também nunca deixei de fazer cursos ou qualquer tipo de desenvolvimento pessoal que me interessava para isso. Repare que, se isso afetou o DELFOS de alguma forma foi apenas no fato de que a minha coluna, a Pensamentos Delfianos, se tornou um tanto mais gamer do que era originalmente.

Jogar videogames era simplesmente algo que fazia no meu tempo livre. Tempo este que, sem o videogame, seria usado apenas para deitar na cama pelado e ficar mexendo nos pelos da barriga. Era algo que eu fazia por diversão entre o fim do trabalho e a hora de jantar, antes de ligar a TV para assistir a Lost ou The Walking Dead. Era meu momento lúdico, meu “me time” antes de precisar me dedicar às obrigações da casa ou a deixar a patroa feliz.

Se eu deixei de fazer alguma coisa na minha vida para ficar em casa jogando games eram coisas que eu não queria fazer mesmo. Nunca deixei de sair para jantar fora com a patroa ou jogar conversa fora com os amigos quando tive oportunidade (a não ser no final de semana em que chegou meu God of War III, mas pô, God of War, né?) e também nunca recusei um convite para sexo grupal em nome do entretenimento digital.

Claro, durante o sexo grupal em questão, é comum eu ver apenas um vaso e prompts de botões, mas isso não significa que eu sou viciado, apenas que eu estou concentrado na minha performance, como o espartano que sou.

Assim, eu não encarava meu vício em games como algo negativo na minha vida. Se me trazia algo negativo eram apenas as constantes dores nos dedos e nos punhos devido às famosas lesões por esforço repetitivo, não algo relacionado a sociabilização ou falta de dedicação aos outros campos da vida. Meus problemas de sociabilização não têm nada a ver com videogames.

A GERAÇÃO ATUAL

O problema é que essa geração foi realmente traumática para mim. Meu primeiro Xbox 360 foi vítima das 3RL depois de um ano de uso. Comprei outro, que durou quatro meses antes de bater as botas com o erro E74, do qual eu sequer tinha ouvido falar até então.

Desisti do Xbox 360. Fui para o lado negão da força e adquiri um PS3. Foi um bom negócio. Além dos games de PS3, ainda usei bastante como um Blu-Ray Player. Uns dois anos depois, no entanto, ele também pediu arrego! “Mas será o Benedito?”, pensei com meus botões. Nenhum dos três foi possível consertar (não é engraçado toda uma geração de consoles que dá perda total a qualquer sinal de problema?).

Veja bem, o problema não é nem tanto a morte do aparelho. Nesse meio tempo, eu também tive dois iPods que morreram do nada (parece até que eu cuido dos meus gadgets como a Felícia do Tiny Toons, mas na real eu os trato com o maior carinho e cuidado). E é uma merda. O troço vira um peso de papel e, se você quiser continuar usufruindo dele, tem que desembolsar a grana para comprar outro. E dói, pois essas coisas são caras. Mas é dinheiro, é bem material, dá para ganhar mais. Mas poder ignorar as velhinhas que vêm puxar papo no ônibus apontando para os fones de ouvido não tem preço.

Sabe o que tem de diferente entre um iPod quebrado e um videogame quebrado? A facilidade para você voltar exatamente onde estava antes de quebrar. Seu iPod novo chegou, você o enfia no computador e automaticamente ele copia toda sua discoteca para o bichinho, inclusive suas playlists. Se você tenta colocar seu HD cheio de saves valiosíssimos e jogos baixados em um PS3 novo, o desgraçado está programado para apagar TUDO!

A Sony faz isso para evitar que você leve seu HD na casa de um amigo para jogar Super Street Fighter II Turbo HD Remix com ele durante algumas horas.

Aparentemente, impedir seu amigo de jogar no seu HD sem pagar é tão importante que ela prefere mandar um foda-se enorme para o usuário que, já puto por ter perdido seu videogame, ainda assim resolveu comprar outro, mas gostaria de usar seus saves e jogos no videogame novo. E a Sony quer, a Sony faz. Quem somos nós, pequenos NPCs brasileiros, diante de uma supervilã japonesa?

Esse foi meu principal problema. Cada uma das vezes que eu perdi um desses três consoles, eu também perdi meus saves, DLCs e jogos baixados. Mas o PS3 durou bastante, pelo menos. Mais do que os dois Xboxes somados. E agora existia o slim, que provavelmente era mais seguro. Achei um slim por um bom preço e resolvi comprá-lo. Isso foi no ano passado, e tudo tinha voltado ao normal, embora eu tivesse perdido todos os meus saves pela terceira vez.

O PONTO DE RUPTURA

Era sábado, três de março de 2012. Após me divertir com a patroa no modo cooperativo de The Adventures of Tintin (cuja resenha estava coincidentemente programada para sair no DELFOS dois dias depois da tragédia), ela foi fazer as coisas dela e eu resolvi jogar um pouco de Ninja Gaiden Sigma.

Troquei o disco e dei as costas para o negão sexy, que estava na vertical. Segundo depois, ouço um “POW”. Procuro assustado para ver o que causou o barulho, e encontro o videogame agora na horizontal. Na tela, a XMB travada. Meu coração disparou.

Pausa: Eu deixava o PS3 na vertical longe de qualquer outro móvel ou qualquer outra coisa de tanto medo que eu tinha de ele quebrar. Se você nunca viu um PS3, as saídas de ar são planejadas para funcionarem direito apenas com ele na vertical, pois com ele deitado o ar quente é empurrado na direção da mesa, esquentando a plataforma e em seguida voltando para o console. Admito que eu nunca entendi porque as desenvolvedoras resolveram inventar isso de videogames “de pé” mas, como sempre, a gente é obrigado a aceitar mesmo sabendo que é menos seguro./Fim da Pausa

Desligo. Ele não desliga. Puxo da tomada. Ligo novamente. Ele acusa um erro. Pede para eu inserir um pendrive na entrada USB com o sistema para reinstalação. Faço isso. A barra de progresso aparece e eu fico rezando para não perder meus saves. 10%. 50%. 75%. 99%. 99%. 99%. Ele está nos 99% por muito tempo. Algo está errado. Vários minutos passam. 99% e nenhum sinal de mudança. Tento de novo, e de novo. Sempre os mesmos resultados.

Sem saber mais o que fazer, resolvo trocar o HD pelo HD original do meu fat falecido (RIP), de 80gb. Coloco lá e aparece aquela mensagem da Sony que é mais ou menos assim: “Esse HD já foi usado em outro PS3 e contém saves e jogos. Nós vamos apagar tudo e te estuprar analmente sem lubrificante. Aperte X para continuar”. Eu abaixo as calças, fecho os olhos, prendo a respiração e aperto X.

Pouco depois, quando a barra de progresso do estupro está pouco além dos 30%, a máquina reinicia, a XMB aparece e tudo parece bem. Aparentemente, a tombada do bicho quebrou apenas o HD. Mas eu novamente perdi meus saves, músicas do Rock Band, DLCs e jogos baixáveis. Pela quarta vez. CHEGA! Isso é um hobby, uma diversão, um brinquedo. Não tem que ser tão estressante! Tem que ser agradável! E eu já estou de saco cheio de ser analmente estuprado sem lubrificante pela Microsoft e pela Sony, especialmente porque na época em que os videogames eram da Sega, meu bumbum era totalmente virgem.

Pô, ainda outro dia eu liguei meu Mega Drive, meu Saturn e meu Master System: TODOS funcionaram! Mesmo tendo de 22 a 15 anos de idade e estando totalmente desativados há mais de uma década. Mas um videogame da geração atual não consegue durar dois anos? Qual é? Está programado com um botão de autodestruição ou para entrar em combustão espontânea? Quem esses videogames pensam que são? O baterista do Spinal Tap?

Meu único consolo é que dessa vez o problema aconteceu por erro meu, não morreu espontaneamente como os três anteriores. Quer dizer, eu sequer senti ter de fato esbarrado no PS3, mas isso deve ter acontecido. Ele não ia cair sozinho. Ou vai ver ele também foi programado para isso. Tem algo muito errado com uma indústria quando você fala que seu único consolo pelo seu brinquedo de milhares de reais ter morrido é que ele morreu por burrice sua, não por combustão espontânea.

Meu HD principal, o que quebrou, ainda tem os dados que eu gostaria de recuperar. Se o ligasse em um computador, ainda que o disco esteja com problemas, poderia usar um programa de recuperação de dados e passar tudo para o que está funcionando, mas a Sony não deixa. Ela gosta muito do meu bumbum. E tem muito medo de eu deixar algum amigo meu jogar Street Fighter por uma ou duas horas. Isso poderia levar a empresa à falência, né?

A DECISÃO

Esse problema todo aconteceu na tarde de sábado. O “instala-não-instala-estupra-mais-que-ele-tá-deixando” pegou o resto da tarde e o início da noite. Quando a XMB voltou a aparecer, após a troca do HD, já era mais ou menos 10 da noite. Assim, desliguei o videogame e me dirigi ao meu ritual de sábado à noite: orgia com anões besuntados em azeite de oliva. Obviamente, estava tão chateado com isso que nem usufrui tanto da companhia de meus diminutos amigos.

No domingo pela manhã, ainda com o bumbum doendo pelo estupro da Sony, liguei o PS3. Configurei o wireless, o horário, o vídeo, o som, loguei na PSN e esperei as duas ou três horas necessárias para baixar meus troféus (sem exagero). Ao terminar o download desliguei, decidido a não ligar mais. Pelo menos por um tempo.

Cansei. Não de jogar, mas de ser tratado dessa forma. De brindes de pré-venda. De jogos vendidos incompletos para te obrigar a comprar DLCs. De troféus que me obrigam a pegar 487 coisinhas escondidas em um mundo aberto enorme. E de perder tudo quando essas máquinas podres morrem ou dão problema.

Seu DVD player morreu? Você pode comprar outro de qualquer marca. Você pode comprar um blu-ray player de qualquer marca e, ainda assim, usar nele toda sua coleção antiga de DVDs. Seu PS3 morreu? Você tem que comprar um outro PS3 (não simplesmente um outro videogame da mesma geração) e no mínimo tem que baixar dezenas e dezenas de gigabytes para recuperar os jogos e DLCs. Mesmo assim, seus saves conquistados através de muito suor e habilidade jamais serão recuperados. Caramba, você pode ser obrigado a passar por tudo isso mesmo que queira apenas fazer um upgrade de HD! Nenhum outro campo da cultura pop trata o consumidor dessa forma. O que é normal no mercado de home video, nos games é uma utopia.

Verdade, em alguns jogos como Uncharted ou God of War, perder os saves é quase irrelevante. Mas e em Street Fighter IV, por exemplo? Esse é um jogo totalmente focado no multiplayer com amigos, mas para eu poder jogar devidamente com amigos agora, preciso terminar a campanha uma oito ou dez vezes para destravar todos os personagens. Na primeira vez tudo bem, mas fazer de novo? E isso leva tempo! Outros, como Sonic 4, obrigariam o jogador a pegar as malditas sete esmeraldas novamente caso queira voltar a jogar como o Sonic Super Sayajin. E isso não só leva tempo, como é difícil pra caramba!

Eu adoro games e acho que a geração atual se superou em qualidade. Alguns dos jogos dessa geração são realmente imperdíveis e inesquecíveis. Infelizmente, nessa geração a indústria também se perdeu em sua arrogância, ganância (DLCs, jogos incompletos) e, especialmente, em seu medo da pirataria, que acaba punindo quem não deveria ser punido.

AFTERMATH

Uma coisa é você aposentar um console por vontade própria, como eu fiz com o Mega Drive. Um dia, olhei para ele, percebi que não o usava mais, o desconectei, agradeci pelos serviços prestados, dei um beijinho, guardei na caixa e o coloquei no armário, junto com todos os jogos, lembrando com carinho dos bons anos que passamos juntos.

Outra coisa bem diferente é seu videogame parar de funcionar/apagar seus saves e você querer jogar e não poder. É ter o videogame funcionando, querer jogar Street Fighter IV com os amigos e ficar limitado a basicamente Ken e Ryu, já que vários outros precisam ser destravados.

Os jogos de Mega Drive eu guardo com carinho. Foram parte importante da minha vida. Os jogos de Xbox 360 que eu não consegui vender ainda estão lá no armário e, cada vez que olho para eles, sinto que estão rindo da minha cara. Agora vai acontecer isso também com os de PS3.

E pior do que os jogos são os instrumentos de plástico. Essas tranqueiras enormes e caríssimas, que já fazem parte da paisagem da minha casa, são difíceis de vender e difíceis de guardar. Felizmente, as do Xbox eu consegui vender, mas não sei se conseguirei me livrar das de PS3, especialmente agora que a moda do Rock de plástico passou.

E verdade seja dita, eu ainda não sei se quero me livrar das coisas de PS3. É melhor ter o videogame funcionando e com o HD vazio (mas que pode ser usado se eu quiser) do que querer jogar e não poder.

Tem um conhecido interessado em alguns jogos que gosto muito, e outro até no meu PS3, mas eu ainda não sei se consigo me livrar de um Assassin’s Creed ou de um Uncharted, por exemplo. São jogos dos quais eu gosto muito (os colocaria entre os melhores da história, inclusive), e gostaria de ter a oportunidade de jogá-los novamente.

Se eu resolver vender o PS3, dane-se, eu vendo todos os jogos que conseguir. Enquanto ainda não cheguei a esse ponto, tenho que considerar calmamente de quais jogos realmente vou me livrar. Um Shadows of the Damned, por exemplo, não vai fazer tanta falta quanto um Sonic Generations. Pelo menos não para mim.

Hoje é quarta-feira, sete de março de 2012, quatro dias depois do problema. O videogame não é ligado desde domingo. Segunda, dois dias atrás, saiu essa notícia: a Valve pode fazer um videogame. Parece providencial. Se os saves ficassem guardados automaticamente na nuvem, o problema já seria bem pior. E os PC Gamers realmente gostam do Steam e de como a empresa os trata. É exatamente disso que o mundo dos consoles precisa. Uma empresa que respeita o consumidor e se preocupa com o pós-venda. Infelizmente, esse rumor já foi desmentido.

Meu trabalho é imprevisível. Tem dias que eu trabalho até meia-noite. Em outros, ao meio-dia estou livre. Acho que isso deixa mais difícil ficar sem jogar. Ter o dia inteiro livre, nada para fazer e ninguém com quem sair (todo mundo está no trabalho numa quarta-feira à tarde) é exatamente o tipo de situação em que um videogame cai bem. Não há nada passando de interessante na TV e nem muitas outras opções para se fazer em casa no meio da tarde. E o PS3 está lá, abanando Uncharted na minha cara e tentando me seduzir para um novo estupro.

Mas eu serei forte. Chega de ser estuprado. Hoje eu matei algumas horas escrevendo esse texto. Amanhã farei outra coisa. De repente crio um blog para contar como está indo minha reabilitação ou transformo isso em uma série aqui no DELFOS.

Será que consigo? Não sei. Será que eu quero conseguir? Pensar que, se conseguir, eu provavelmente nunca jogarei Ninja Gaiden 3, Bioshock Infinite, Journey, Assassin’s Creed 3 e o novo Devil May Cry está doendo muito. Da mesma forma, doeu muito quando eu desisti do Xbox 360 e me toquei que provavelmente nunca jogaria Gears of War 2. Essa dor passou. A vontade continua, eu adoraria jogá-lo. Mas não é mais tão importante. Provavelmente a vontade para os jogos supracitados vai diminuir também. É o tipo de coisa que parece eterna enquanto dura, mas a experiência mostra que é apenas temporário. Eu só preciso ser forte, especialmente durante as épocas de lançamento e da E3 que se aproxima.

Mas o que diabos as pessoas que não jogam videogames fazem em seus momentos de folga? Assistem às novelas do Plim-plim? Essa é uma troca que vale a pena? A vida sem videogames vale ser vivida? Convenhamos, não é como se eu estivesse trocando os games para ir onde nenhum homem jamais esteve e fazer sexo com as mulheres coloridas de lá.

Sem videogame eu sinto apenas que meu tempo livre se tornou menos divertido. Menos lúdico. Qual será o próximo passo dessa minha luta? Não sei. Talvez eu conte aqui. Talvez não. O futuro é incerto, e só o tempo vai dizer se eu vou vencer essa luta. Vamos ver o que vai acontecer.

PS: Não sei se você percebeu, mas esse é o texto mais pessoal já publicado no DELFOS. Isso aconteceu porque não foi escrito para o site. Eu realmente o escrevi para me ocupar e para fazer uma espécie de registro desses meus primeiros dias de reabilitação. Só depois de terminar de escrever pensei que talvez possa ajudar alguém ou pelo menos dar mais um incentivo para você rir da minha vida, daí o coloquei no padrão para o site, selecionei alguns vídeos e taí. Aproveite! =]

PS2: Não se assuste. Mesmo que eu vença a luta, o DELFOS não vai parar de falar de games, pois outras pessoas além de mim também escrevem sobre o assunto. E tem várias resenhas minhas que ainda não foram publicadas, então tem conteúdo já criado para o resto do ano, e mais será feito.

PS3: Isso é uma conspiração, não é? Até os post-scripts têm nomes de videogames, caramba!

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