Eu odeio o shopping Iguatemi. Aquilo é um buraco negro sem lógica alguma. Deve ter gente perdida lá dentro desde a época da inauguração. O prédio parece um quadro do Escher, cheio de escadas que vão do nada a lugar nenhum. Obviamente, a cabine de Ruby Sparks: A Namorada Perfeita foi realizada lá, ou não faria sentido eu abrir o texto desse jeito. Ou será que faria? Pense nisso.
Enfim, este é o novo filme dos diretores de Pequena Miss Sunshine, o qual, por algum motivo, não assisti até hoje. Aqui, um jovem escritor sofrendo de bloqueio criativo e solidão passa a escrever sobre a mulher imaginária com a qual anda sonhando todas as noites. E bum, num passe de mágica, ela ganha vida, embora ela própria não saiba se tratar de uma personagem fictícia.
Pô, quisera eu ter este poder. Criaria logo um harém de ruivas, morenas, orientais. E será que eu conseguiria criar o bacon também, ou teria que arranjar à parte? São tantas dúvidas não respondidas. Mas voltemos ao longa.
A premissa lembra bastante o bacana Mais Estranho Que a Ficção, mas todo o resto da condução é diferente, visto que aqui temos uma tradicional comédia romântica. E bastante simpática, por sinal. Principalmente por conta desses elementos fantásticos, dos quais eu gosto muito.
No entanto, mesmo apesar deles, a condução é aquela velha coisa previsível de sempre, com todos os passos obrigatórios para uma produção do gênero. Dá para saber tudo que vai acontecer e em quais momentos. Mas os personagens simpáticos, assim como o longa em geral, e os já referidos elementos fantásticos, compensam os clichês do roteiro. E o terceiro ato, vale dizer, até que é mais pesado que a média para esse tipo de filme.
Aqui você não vai encontrar nenhuma novidade e nem uma das comédias românticas mais memoráveis de todos os tempos (e será que existe alguma?), mas é bem assistível. E se sua namorada o arrastar para vê-lo num sábado à noite, não vai tirar pedaço.
