Rammstein em Buenos Aires (27/11/2010)

0

É com muito prazer (e um copo de café na mão), que pela primeira vez envio uma resenha ao meu site favorito, o DELFOS. Vou logo adiantando que será um longo texto, pois a epopéia que se passou antes e depois do show merece menção, como alerta sobre excursões, pilantras e demais cositas.

Se não quiser ler a historinha, pule para a parte: um show para a história. Lá é mais legal e aparece o Marv… digo o Rammstein.

O CAMINHO ATÉ O POTE DE OURO

A aventura para a terra dos hermanos começou em agosto, quando entramos em contato com a empresa Pé na Estrada, que supostamente nos levaria ao show por R$ 400,00, e ainda teríamos direito a paradas em um albergue, para banho e breve descanso.

Após muita confusão e notícias de calotes a respeito da empresa, uma reunião foi marcada na quinta-feira, dia 25/11/2010, para ouvirmos (com duas horas de atraso) que estaria “tudo sob controle”. Ora, caros delfonautas e delfianos! Todos nós sabemos o que SEMPRE vem em seguida do uso desta frase: caquinha. Mesmo assim, continuamos firmes. O que importava era ver o show.

E foi batata! O ônibus que devia ter saído às 19h do dia 26/11/2010, saiu (após muita confusão, e vai e vem de [ir]responsáveis) cerca de 00h30min do dia 27/11/2010, graças aos esforços das pessoas que só queriam ver o show. Sim! Nós tivemos que tirar mais 36 beija-flores do bolso (alguns colaboraram com mais), para que o ônibus (do qual ainda não tínhamos visto nem a pintura) seguisse rumo a Buenos Aires.

Ao fim das contas, com medo de encarar a situação, o sujeito que (des)organizou a excursão e seria nosso guia na viagem, desistiu da ida. E isso nos levou a mais dor de cabeça na volta.

Chegamos finalmente ao Uruguai. E após sermos obrigados a pagar uma taxa para entrar no país (é, devia estar inclusa no valor pago à transportadora, mas vai entender, né?), finalmente conseguimos seguir viagem até a aduana que dividia Uruguai e Argentina.

Como se não bastassem todos os evil monkeys que Deus já havia mandado ao nosso encontro, ficamos lá, parados, por cerca de duas horas, sendo que já contávamos chegar no Estádio Presidente Juan Domingo Perón, em cima da hora. Você me pergunta, caro Delfonauta, tudo isso? Duas horas? E eu respondo que, graças a uma bebida gaseificada cuja fórmula foi baseada em um xarope (aquela dos ursinhos polares =^.^=), foram “apenas” duas horas. Sim! Desta vez a “taxa”, foi isso.

Passadas as maravilhas turísticas vividas até então, chegamos ao centro de Buenos Aires em torno das 21h de Brasília, 20h local. Apenas para que o delfonauta tenha uma noção do estrago:

Abertura dos portões: 17h local
Rammstein: 21h local
Noção do motorista sobre a localização do estádio: 0 (zero, nada, neca, vazio, nulo)

O tempo passava e o bendito profissional que guiava o ônibus dava agradáveis voltas turísticas pela capital argentina. Realmente, é uma bela cidade, recomendo a todos uma visita por lá. Mas fica uma dica: não façam isso quando estiverem atrasados para um show, e com estresse acumulado de cerca de 20 horas de viagem. 😉

Finalmente um taxista argentino apiedou-se da nossa situação e resolveu guiar-nos ao local do show. Adivinhe quantos de nós tiveram o prazer de bradar: “siga aquele táxi!!”. o/

A chegada ao estádio foi sublime! Mais lindo ainda, foi caminhar até o fim da fila quilométrica que aguardava para entrar. Por algum milagre, os portões estavam abertos há pouco tempo.

Menção honrosa: algumas pessoas da excursão, ainda não tinham o ingresso em mãos, apenas um papel que lhes permitia retirar na bilheteria. A ova! Tiveram que pegar um táxi para trocar os ingressos em um shopping que ficava a “somente” 15 quadras dali. Muito mais caquinha aconteceu com estas pessoas, mas não tenho autoridade para falar a respeito, pois não estava no grupo.

UM SHOW PARA A HISTÓRIA

Ao menos para a minha. 😀

Após uma atividade física supimpa que a organização proporcionou à fila (imaginem um bando de loucos correndo para o estádio, sendo literalmente, tocados como boiada, pelos guardinhas de amarelo), entramos no bendito estádio! HELL FUCKING YEAH!

Mal nos acomodamos e um pano negro que tapava o palco foi iluminado. A introdução de Rammlied começa a tomar forma e o pano cai, exibindo uma gigantesca bandeira da Alemanha. E, em um segundo momento, a bandeira vai ao chão, e lá estão eles: os alemães pintudos do Rammstein!

O show segue e a platéia argentina demonstra um desânimo literalmente brochante. Enquanto nós, brasileiros, fazíamos uma verdadeira demonstração de loucura total, eles apenas erguiam os braços de vez em quando e balançavam suas cabeças (o que não dá para chamar de “bater” cabeça).

Quando a terceira música Waidmanns Heil, estava iniciando, de repente… os músicos param e as luzes se apagam. É, caro amigo delfonauta, bem no meio da introdução.

Após longos minutos (e só porque eu resolvi aproveitar a pausa para comprar uma camiseta) de tensão, a banda volta ao palco e (caminhando e cantando) segue a canção. Aparentemente, a grade que separava o público do palco, desabou, e para evitar maiores problemas o show foi pausado. Mas o que realmente aconteceu ainda não é oficial.

A banda segue e a adorável Keine Lust do álbum Reise, Reise, de 2004, ecoa pelo estádio levando a parte brasileira do público à loucura. Sério, os hermanos quase não se mexiam! Comecei a achar que talvez algum vírus estivesse perambulando pelo lugar, e que logo todos eles virariam para nós com caras retorcidas e purulentas, cuspindo sangue e gritando: “Miooooooooolos!” (só que em castelhano >.<). Weisses Fleich e Feuer Frei completaram o combo das clássicas! Todas repletas de efeitos pirotécnicos de encher os olhos!

Na seqüência, mais duas do álbum Liebe ist Für Alle Da foram executadas. Atenção total da platéia na bela Frühling in Paris, que tomou o posto de Seeman, como a baladinha do setlist.

Após a calmaria estabelecida, era hora de fazer o estádio vir abaixo. O Rammstein tentou, a platéia novamente, deixou a desejar. A introdução de Mein Teil começa a tocar e o adorável açougueiro Till Lindemann entra, carregando um já conhecido caldeirão com o fodástico tecladista Christian “Flake” Lorenz, como ingrediente principal.

A execução foi fantástica, com direito a lança chamas, e Flake correndo do caldeirão e soltando faísca. Tudo o que eu queria ver! Foi essa música que fez cada maldito evil monkey valer a pena! o/

Du Riechst So Gut foi o milagre da noite. A música do primeiro álbum da banda (o melhor, na minha opinião), Herzeleid, fez pela primeira vez o estádio inteiro cantar e pular.

A partir daí explodiram mais três clássicas: Benzin, Links 2 3 4 e a maravilhosa Du Hast. A última exigia uma certa participação da platéia, já que a banda sempre pede para o povo cantar algumas partes. No começo da música as vozes ecoavam pelo estádio, foi lindo. Eu realmente pensei que iria pegar no tranco. Nunca ouvi tão pouca gente gritar tão alto. Mas foi chegando ao fim e o povo foi desanimando, e os gritos se tornaram meras tentativas de mostrar participação.

Pausa: poxa vida! O show pareceu curtíssimo para quem estava lá, mas eu confesso que estou sofrendo para terminar o texto. Vamos lá, respire fundo! Falta pouco agora. XD

A polêmica Pussy foi executada em seqüência, com introdução em alemão e o efeito pirotécnico mais bizarro da noite: pintos flamejantes o/. Sonne, a nova Haifisch, a clássica mega-boga-pintuda Ich Will, e a melhor, IMO, do novo álbum, Ich Tu Dir Weh (que eu costumo chamar de Bestrafe Mich 2.0) foram executadas na seqüência.

Para causar suspense, o Rammstein executa a introdução do que me pareceu ser da música título do novo álbum, Liebe ist Für Alle Da e, de repente, a música se transforma na “romântica” Te Quiero Puta!. Uma clara tentativa de agradar o público latino, por ser cantada em espanhol.

Pergunto, caros delfonautas: vocês acham que o povo sabia a letra da música?

Resposta: Apenas a letra da primeira parte!

Sim, meu querido, o povo não sabia sequer a letra da única música na língua espanhola da banda alemã. Sério. Deu raiva. MUITA raiva.

Após essa demonstração brochante do público, Till Lindemann solta um seco “Muchas gracias!”, e fim de show.

Setlist do show:

1. Rammlied
2. B******
3. Waidmanns Heil
4. Keine Lust
5. Weisses Fleisch
6. Feuer Frei!
7. Wiener Blut
8. Frühling in Paris
9. Mein Teil
10. Du Riechst So Gut
11. Benzin
12. Links 2 3 4
13. Du Hast
14. Pussy
15. Sonne
16. Haifisch
17. Ich Will
18. Ich Tu Dir Weh
19. Te Quiero Puta!

A VOLTA DOS QUE QUASE NÃO FORAM

Essa vai ser rápida.

Era para dar tudo certo na volta. Não deu. Percebemos que aquilo só poderia ser o juízo final, e que hoje o mundo certamente acabaria. Ainda estamos esperando.

Não teve albergue algum. Imagine a maravilha de viajar com um bando de gente fedendo a suor por dois dias! Provação, meu amigo, provação.

A aduana argentina nos segurou por mais algumas horas e “esqueceu” de nos entregar um papel informando que estávamos saindo da Argentina e entrando no Uruguai (aqui um guia cairia muito bem). Descobrimos isso somente na aduana Uruguaia, onde fomos retidos e obrigados a pagar R$ 10,00 (isso mesmo, reais) por pessoa, para que pudéssemos voltar para casa.

A partir daí, em qualquer lugar que o ônibus parava, achávamos que alguém iria cobrar mais alguma maldita “taxa” por qualquer coisa. >.< Resumo da Ópera

– Uruguaios gostam de Reais
– Argentinos gostam de xarope gaseificado
– Quando alguém disser: “Está tudo sob controle!”, corra! O mais rápido que puder.
– O show foi fantástico, um verdadeiro festival de pirotecnia, com direito a fogos de artifício saindo do palco. E o mais legal de todos saiu do palco em direção a duas colunas que cercavam a platéia e retornou. Yeah! =D
– O som estava perfeito, de dar arrepios até no caboclo mais macho. Exceto, é claro, nos argentinos, que se mantiveram aquém de qualquer sensação mundana.
– E o show, apesar de ser em um estádio de futebol, não tinha telões. Talvez para não serem destruídos pelos fogos de artifício. Mesmo assim, senti falta.

E é isso, p-p-p-p-pessoal! Espero que tenha gostado. Não prometo fazer outra resenha tão cedo, pois esta consumiu toda minha capacidade descritiva. >.< E aos que vão ver Rammstein em São Paulo na terça, faço um apelo: curta o show como se o mundo fosse acabar amanhã! Mostre pra eles como o fã brasileiro é fã de verdade! Porque a banda está fazendo por merecer e até agora só deu de cara no muro.