Turquia: Um dia em Istambul

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Depois de duas excelentes semanas no Egito e na Grécia, estava chegando a hora de encerrar a nossa viagem. Porém, nós ainda tínhamos uma parada, que acabou caindo no nosso colo como um bônus. No texto de hoje, eu vou falar sobre esse bônus e dar a dica de roteiro de um dia em Istambul se você estiver com o tempo apertado.

Tema do episódio de hoje: Lorne Balfe e Jesper KydAssassin’s Creed Revelations Theme

UM BÔNUS MAIOR LEGAL

A essa altura, o delfonauta inquisidor deve estar se perguntando, brandindo o dedo indicador direito “mas como uma visita a outro país pode ser um bônus?”. Eu explico, delfonauta inquisidor. Abaixe esse dedo.

Acontece que o pacote que compramos não incluía as passagens aéreas, então precisamos providenciar uma passagem São Paulo – Cairo e outra Atenas – São Paulo. Em nenhum dos casos achamos voos diretos, e no voo de volta, as opções mais baratas tinham escalas na Turquia, de diferentes períodos, que iam de algumas poucas horas até 21 horas.

Aí veio a ideia: e se a gente pegar essa escala de 21 horas? Chegamos lá de manhã e saímos na manhã seguinte. Podemos reservar uma noite em um hotel e conhecer a cidade, ou pelo menos parte dela. Um pouco de pesquisa depois, constatamos que brasileiro não precisa de visto para entrar na Turquia, então nosso plano era viável. Ah, e olha só que legal, a moeda dali, a lira turca, tem mais ou menos o valor do real, então dá para considerar que 50 liras turcas, por exemplo, equivalem a 50 reais. Vai dar apenas alguns centavos de diferença.

Com mais um pouco de pesquisa, vimos que várias das principais atrações da cidade estavam na região de Sultanahmet, então procuramos um hotel nessa região e crau, estávamos com um país extra no nosso roteirinho!

CHEGANDO A SULTANAHMET

A ideia original era pegar um táxi até o hotel, mas eles estavam cobrando 100 liras turcas (que, como você já aprendeu, equivale a aproximadamente 100 reais) pelo transporte, o que achamos um pouco salgado. E para nossa sorte, tinha uma estação de metrô no próprio aeroporto. O problema é que o metrô turco não é intuitivo como o Grego.

Você precisa comprar um cartão que custa 10 liras turcas e vem carregado com quatro liras. Teríamos que fazer uma baldeação e para isso, ao contrário de como funciona no Brasil, é necessário pagar um extra. Precisaríamos carregar o cartão, mas ele aceitava só valores específicos, então acabamos pagando muito mais pelo metrô do que precisávamos, já que nosso cartão ficou carregado e nunca mais deve ser usado.

Ainda assim, foi bem mais barato do que o táxi. E bem mais demorado também. Do aeroporto até a estação Sultanahmet, demoramos 90 preciosos minutos. Mas chegamos.

EM SULTANAHMET

Ok, vamos deixar nossas coisas no hotel e daí saímos para passear. Só que era bem difícil achar algum turco que falasse inglês. Resolvemos entrar em uma agência de viagens, e deu certo. Lá eles falavam inglês:

– Por favor, onde fica esta rua?
– (apontando) Fica lá, logo atrás da Mesquita Azul.
– (confuso) Mesquita Azul, onde…

Neste momento, eu olhei para o lugar para o qual o cara estava apontando e vi isso:

“Caramba, Mesquita Azul, de onde você saiu?”, espantei-me ao constatar que estava pertinho de um dos maiores pontos turísticos de Istambul e nem a Cinthia nem eu tínhamos visto a dita-cuja. Não me peça para explicar, mas é verdade.

Fomos indo na direção da Mesquita Azul para atravessá-la, mas ela é enorme (e linda, é uma das construções mais bonitas que já vi), então estava difícil descobrir como íamos atrás dela. Resolvemos então, aproveitar o embalo e já fazer nossa visita.

A MESQUITA AZUL

A Mesquita Azul é um dos principais pontos da fé muçulmana e tem muita gente que vem de longe para rezar ali. Pois é, ela está ativada, e por causa disso, a entrada é grátis, afinal, é um local de culto.

Nosso interesse era puramente turístico, e estávamos com nossas roupas de verão, eu de bermuda e a Cinthia de vestido. Como isso é sensual demais para os muçulmanos, os funcionários da mesquita fornecem alguns panos para cobrirmos as partes consideradas pudentas pela sua fé. Veja como a Cinthia ficou depois de se montar para entrar na mesquita:

O meu caso foi mais simples, eu só precisei colocar um pano nas pernas. Também é necessário tirar os sapatos, e você entra na mesquita carregando eles.

Por dentro, o lugar é bem suntuoso e bonito, mas acaba tendo um visual mais normal de lugar de culto mesmo, inclusive com muitas pessoas ajoelhadas e rezando. Ela é bem mais impressionante e bonita por fora do que por dentro. Uma coisa curiosa é que as mulheres e homens têm lugares diferentes e específicos para rezar, e um não pode entrar no lugar do outro. Tem também uma área “comum”, que em sua maioria estava habitada por turistas, mas que tinha algumas pessoas rezando.

Saímos da mesquita por uma outra entrada e perguntamos novamente sobre a rua do hotel. Dessa vez estávamos mais perto, e conseguimos encontrar. Deixamos as coisas e fomos rapidinho continuar nossas visitas. Próxima parada, a Hagia Sophia, ou Santa Sofia, se preferir.

HAGIA SOPHIA

A Hagia Sophia fica bem na frente da Mesquita Azul e, ao contrário da sua colega, não é mais um lugar de culto: é um museu, inclusive com entrada paga.

Não pense que é um museu com artefatos e coisas do tipo: o museu é a própria construção do lugar. Você entra para ver a construção por dentro. E veja só, se por fora ela é bem menos marcante do que a Mesquita Azul, por dentro ela é bem mais bonita.

E é enorme também. É engraçado, por fora, ela parece bem menor do que a Mesquita Azul, mas por dentro, ela parece bem maior, o que me fez pensar que a Hagia Sophia é como uma pokebola.

Depois de ir a dois lugares tão marcantes no Assassin’s Creed Revelations, era chegada a hora de conhecer a…

CISTERNA DE YEREBATAN

Ou Cisterna da Basílica se preferir. É um lugar subterrâneo, com água (inclusive peixinhos) e muitas colunas. É bem impressionante, com uma iluminação que cria o maior clima. O filme do 007 Moscou Contra 007 (From Russia With Love) teve cenas gravadas lá.

A cisterna tem um visual muito legal (lembra que eu gosto de colunas?), mas embora seja grande, o visual é basicamente o mesmo em qualquer lugar que você esteja. Com exceção de uma parte: a parte das medusas.

Obviamente, é a parte mais cheia da Basílica e para a gente conseguir tirar essa foto aí em cima, precisamos ficar numa fila. Tem duas colunas com cabeça de medusa, essa de ponta cabeça e uma outra que está de lado. Admito, é um pouco assustador uma cabeça enorme de ponta cabeça embaixo de uma coluna.

Nossa visita por Istambul começou tarde, só fomos sair do hotel por volta das 14 horas, então a essa altura já era entre 16 e 17 horas. Não tínhamos mais muito tempo, mas tinha uma outra atração perto de nós. Próxima parada:

PALÁCIO DE TOPKAPI

Outro cenário proeminente no Assassin’s Creed Revelations, o Palácio de Topkapi foi onde os sultões moraram por três séculos. E ele parece um castelinho da Disney.

Para entrar, tem dois ingressos, um para o palácio em si e outro para o harém. O Harem fechava mais cedo, então compramos os dois ingressos e fomos direto para lá. Mas admito que me decepcionei, pois era só uma área vazia do castelo (com várias salas e corredores, claro), mas nenhuma mulher em exposição. Pois é, fui enganado.

O Palácio em si é enorme, com uma área aberta bem grande. É praticamente um parque, com várias salinhas visitáveis. Nós tivemos pouco tempo lá, e como o lugar é muito grande, ficamos um tanto perdidos. É uma visita que seria interessante fazer com um guia, então fica a dica para quando você estiver em Istambul.

Em um dos cantos do palácio, tinha uma entradinha com um monte de gente esperando para entrar. “Se tem muvuca deve ser bom”, pensamos, e nos juntamos à fila.

Quando fomos liberados para entrar, vimos que era um museu com coisas como espadas e outros artefatos. Porém, logo fomos animalmente surpreendidos, ao encontrar um bastão que estava com os dizeres “bastão de Moisés”.

Quê? É o bastão de Moisés mesmo? Aquele que o maninho usou para abrir o Mar Vermelho? WTF? E sabe o que mais? Esta não foi a única surpresa dessa ala do palácio.

Logo começou a aparecer um monte de coisas do profeta islâmico Maomé. Coisas como espadas que ele utilizou, pedaços da sua barba e até uma marca do seu pé. E tinha MUITA coisa de Maomé lá. Eu sinceramente não sabia que no Palácio Topkapi tinha um museu com tantas relíquias religiosas, e acredito que deve ser a maior concentração de relíquias no mundo. Penso como seria popular um lugar que tivesse a mesma quantidade de relíquias de Jesus…

E se você está se perguntando porque esta parte do relato não está ilustrada com fotos, já deve ter imaginado: não é permitido fotografar dentro dessa ala.

Eu saí dali sinceramente impressionado. Tinha tanta coisa lá que eu fiquei até desconfiado, achando que tinha entendido alguma coisa errada. Não é possível que aquele fosse o bastão de Moisés e aquela a barba real de Maomé. Ou é? Bom, aparentemente é isso mesmo, pois até a página da Wikipédia do castelo fala sobre essas relíquias. Mas vou dizer que, para mim, foi a maior surpresa da viagem inteira, e fiquei com vontade de voltar a Istambul só para ter um dia inteiro dentro do Palácio de Topkapi.

Uma curiosidade é que Istambul fica em dois continentes: Europa e Ásia. São separados pelo Estreito de Bósforo, e do jardim do palácio, era possível ver os dois continentes ao mesmo tempo.

Pois é, nessa foto você consegue ver a Ásia e a Europa. Legal, né?

Infelizmente, já estava chegando a hora do Palácio fechar, e os seguranças já estavam tirando as pessoas, então tivemos que sair mesmo sem ter explorado mais da metade dele.

OBELISCO EGÍPCIO

No caminho para o hotel, em uma praça em frente à Mesquita Azul, tem três monumentos, um do lado do outro, sendo que o mais interessante é o Obelisco Egípcio.

“Todo mundo roubou dos egípcios”, a Cinthia exclamou. E é verdade. Pedacinhos do Egito estão espalhados pelos mais variados países, e talvez isso explique porque hoje eles estão tão pobres. É uma pena.

Depois de visitar estes três monumentos, era hora de jantar e dormir. No dia seguinte pegaríamos um voo de 13 horas rumo ao Brasil e nossa lua de mel chegava ao fim. Foi realmente a viagem da minha vida, e a realização de dois sonhos de infância – com o bônus da visitação da Turquia.

E assim, encerro a segunda temporada de Viagens Delfianas. Espero que você tenha se divertido. Se for o caso, indique estes textos para seus amiguinhos e ajude a manter o DELFOS no ar para criarmos muitas outras temporadas desta e de todas as nossas outras séries.

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