Miss Violence

0

Veja só as coincidências da vida, ou o misterioso poder do ditador supremo, se preferir. Foi só o Corrales retornar recentemente de uma viagem à Grécia que chega agora aos nossos cinemas uma produção justamente advinda da terra de Platão e daquele iogurte que virou moda.

Miss Violence começa com o suicídio de uma menina no dia de seu aniversário de 11 anos e, para deixar tudo ainda mais estranho, ela comete o ato com um sorriso no rosto. A famíla fica chocada e tenta se conformar com a situação como pode, tentando retomar suas vidas normalmente.

Mas à medida que o filme vai se desenrolando, ele vai lentamente mostrando ao espectador que ali tem coisa, e não do tipo bom. A princípio isso é retratado através de sutis pistas, como o comportamento frio entre seus integrantes e as pequenas mesquinharias que vão cometendo, sobretudo o avô, chefe da família.

Mas para quem tiver paciência com o andamento lento da película (porém, sem ser chato ou arrastado), a qual vai revelando as informações aos poucos, as respostas chegam, explicando não só o comportamento estranho de seus integrantes como também tudo que levou à ação que abre o filme.

E é preciso ter estômago, porque mesmo já desconfiando do que vai acontecer, o negócio dá uma virada de repente, ficando bastante pesado. É melhor para quem for assistir não saber muito da história para não diminuir o impacto, então não vou contar mais da trama para não arruinar a experiência de ninguém.

Mas como ainda tenho de falar sobre a película, vou dizer apenas que acaba sendo uma daquelas histórias estilo “mundo cão”, que te fazem perder qualquer fagulha de esperança e otimismo que você possa nutrir pela humanidade. Sério, é de se ficar mal quando acaba e ainda estou extremamente incomodado enquanto escrevo essa resenha.

Logo, isso aqui não é para quem gosta de coisas fofas e finais felizes e sim para quem quiser ver o que de pior a humanidade tem a oferecer. Me incomoda assistir a este tipo de história. Prefiro um filme gore a qualquer dia, com seus desmembramentos, decapitações e outras delicadezas afins, porque lá a violência é apenas uma estética. Em casos como este, é muito mais brutal do que qualquer filme de terror pode oferecer.

Se você tem estômago de aço para suportar um tema pesado e não se incomoda em sair deprimido do cinema, Miss Violence é sem dúvida uma experiência forte que cumpre esses requisitos. Mas se sua ideia de cinema é pura diversão escapista, melhor passar longe.

REVER GERAL
Nota
Artigo anteriorFúria
Próximo artigoO Último Concerto
Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
miss-violencePaís: Grécia<br> Ano: 2013<br> Gênero: Drama<br> Duração: 98 minutos<br> Roteiro: Alexandros Avranas e Kostas Peroulis<br> Elenco: Themis Panou, Reni Pittaki e Eleni Roussinou.<br> Diretor: Alexandros Avranas<br> Distribuidor: Esfera Cultural e Vitrine Filmes<br>