Fúria

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Eis aqui mais um filme estrelado pelo terror de delfonautas e delfianos, aquele cara que protagoniza tantos longas sem-graça e tem um estilo de atuação tão peculiar que costuma ser o terror de quem gosta de boas produções, embora de vez em quando ele ainda apareça em películas bacanas, mas geralmente como coadjuvante. O cara cujo nome não escreverei aqui porque aprendi minha lição na resenha aqui linkada. Prezo demais sua companhia e gostaria que você ficasse até o fim da resenha.

Enfim, Fúria é a mais nova produção estrelada pelo sobrinho do Francis Ford Coppola, onde ele interpreta um ex-mafioso regenerado. Porém, quando sua filha adolescente é sequestrada e morta, ele irá voltar a quebrar ossos e distribuir chumbo, até descobrir quem foi o responsável e mandá-lo para a terra dos pés juntos.

É mais um típico longa de ação B que o truta que tirou seu sobrenome artístico de um herói da Marvel tanto tem feito nesses últimos anos. O cara parece realmente gostar do gênero, ou é uma grana fácil para a qual ele não precisa se esforçar muito, vai saber.

Mas este aqui até que é um pouco melhor do que sua média recente e, se em nenhum momento chega a ser de fato empolgante, pelo menos não enche o saco e chega a entreter satisfatoriamente durante quase toda sua duração, com algumas perseguições, pancadarias e tiroteios bem decentes.

E o próprio sujeito que já teve um exemplar de Action Comics #1 em sua coleção particular de HQs está muito mais contido em sua performance, embora em duas cenas ele entre no modo de atuação histriônica estilo “eu acabei de sair do hospício e errei a dosagem dos meus remédios”, que tanto marcou sua carreira de tempos para cá.

Com todos esses fatores contribuindo, estava caminhando para dar uma nota três para este negócio, até que chegou o final e colocou tudo a perder. A revelação de quem é o culpado é tão imbecil e sem noção para tudo que vinha sendo construído até então que dá vontade de dar um tapão na própria testa e soltar um sonoro “d’oh!” ao melhor estilo Homer Simpson. E a forma como a história termina também segue essa mesma toada besta.

Parece que esse cara que quase foi o Super-Homem num filme dirigido pelo Tim Burton e escrito pelo Kevin Smith tem alguma maldição em cima dele. Ele é incapaz de levar sozinho um filme minimamente decente. Até quando parece que vai fazer algo razoável, tudo escapa por seus dedos nos minutos finais e ele volta a ter um longa apenas meia-boca no currículo.

Fúria é aquele típico filme de locadora, ou ainda aquele que passa na TV aberta nuns horários em que ninguém está interessado em ver televisão. É até assistível, mas bem longe de ser recomendável. Esta é a sina da esmagadora maioria dos filmes protagonizados pelo Nicolas Cage. É, eu não me aguentei e escrevi o nome dele, mas agora não tem mais problema. Afinal, a resenha já terminou e você ficou comigo até o fim!

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Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
furiaPaís: EUA/França<br> Ano: 2014<br> Gênero: Ação/Thriller<br> Duração: 98 minutos<br> Roteiro: Jim Agnew e Sean Keller<br> Elenco: Nicolas Cage, Rachel Nichols, Max Ryan, Peter Stormare e Danny Glover.<br> Diretor: Paco Cabezas<br> Distribuidor: California Filmes<br>