É hora do rock, menino! Na matéria especial de hoje, vamos falar dos games musicais em VR lançados junto com o PS VR2. São eles Synth RidersDrums RockUnplugged. Comecemos por um que já foi analisado individualmente por aqui.

SYNTH RIDERS: DANCE COMO SE NÃO FOSSE UM PATETÃO DE 1,90M

Análise Synth Riders: Just Dance em VR

Synth Ryders já estava disponível no PS VR (inclusive foi analisado pelo DELFOS no lançamento), e agora ganhou uma nova versão para o novo periférico. É o mesmo jogo, e tem upgrade gratuito para todos que compraram antes. Mesmo os DLCs podem ser rebaixados, mas um a um através da loja, o que é um tanto trabalhoso.

Não existe transferência de save, mesmo que seus saves da versão anterior já estejam no PS5, como é meu caso. Apesar de o jogo ser o mesmo, todo o seu progresso vai começar do zero. Felizmente, Synth Riders é muito legal. Já era um excelente jogo de dança no PS VR e agora pode também ser jogado no seu novo headset brilhoso, sem custo extra. E isso é bacana e merece ser destacado aqui. Mas agora falemos do que é de fato novo.

DRUMS ROCK: SEJA UM BATERISTA DE HEAVY METAL

Drums Rock é altamente inspirado pela bateria do Rock Band. Já tivemos outros games assim no PS VR, mas este é mais completo, com músicas licenciadas de bandas famosas. E, ao contrário do Rock Band, aqui tem uma pegada mais forte de heavy metal. Já quis tocar Mirror, Mirror, do Blind Guardian? Pois sua hora chegou. Tem também outras bandas grandes do mesmo cenário, como Alestorm e Beast In Black, além de algumas mais mainstream, como Evanescence Airbourne.

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De fato, a primeira olhada no tracklist é extremamente impressionante.

Infelizmente, não há muitas músicas. Quase tudo que o jogo tem de famoso está na imagem acima, e boa parte das músicas são versões metal muito legais de canções de domínio público (como Bella CiaoOde à Alegria) ou mesmo faixas que aparentemente foram compostas para o game. Sinceramente, eu gostei de todas, mas quando a primeira coisa que você vê é que tem Blind GuardianAlestorm, é inevitável esperar o que todos queremos: um fatídico jogo de música sobre metal espadinha.

O gameplay de Drums Rock

gameplay é um Rock Band simplificado. A bateria fica na sua frente e seus controles viram baquetas. Daí simpáticos demônios coloridos voam em sua direção e você deve bater no tambor da mesma cor no timing certo. O que deixa mais simples do que Rock Band é que aqui não há pedal. São quatro tambores e dois pratos, e isso é tudo que você tem para bater.

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Há algumas coisas que o diferenciam de Rock Band. A pegada aqui não é de um músico ficando famoso, mas de um baterista tentando impedir uma invasão de demônios. Quando você erra uma batida, eles te atacam, e sua vida diminui. É uma coisa meio aquela cena de Stranger Things que deixou aquela banda desconhecida chamada Metallica famosa, sabe? Tem até uma historinha passada em uma TV na sua frente antes de cada capítulo, mas curiosamente não há um final. Depois de vencer o último chefe, apenas sobem os créditos.

Drums Rock é uma espécie de Rock Band com menos recursos e mais atitude metálica. Isso me agradou bastante. Foi o primeiro jogo de PS VR2 que chegou aqui na redação, várias semanas antes de o headset estar nas minhas mãos. E eu diria que até agora foi o game que mais me divertiu (pois é, gostei muito mais dele do que de Horizon Call of the Mountain, por exemplo). No momento que escrevo isso, ainda não joguei coisas como Resident Evil Village (mas você já pode ler minhas impressões sobre ele, graças ao fato de o tempo não ser linear na internet) e outros que tenho certeza que vou amar, mas o papo de hoje é rock de plástico. E não podia faltar uma guitarrinha aí, né?

UNPLUGGED: AIR GUITAR COM TRACKLIST MAINSTREAM

Se Drums Rock parece um Rock Band independente, Unplugged já passa uma impressão bem mais corporativa. Em termos de produção, tracklist e gameplay, ele é muito mais próximo de um Guitar Hero do que eu imaginava. Um exemplo disso é que a campanha é apresentada por Satchel, o guitarrista do Steel Panther.

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Ele aparece em vídeo e tudo.

tracklist também é composto por músicas muito mais mainstream do que as do joguinho anterior. Inclusive, boa parte delas, como Tom Sawyer do Rush, e Free Bird, do Lynyrd Skynyrd, já apareceram mais de uma vez, tanto no Guitar Hero quanto no Rock Band. Ele não tem tantas músicas quanto esses jogos tinham quando dominavam o mundo dos games, mas as que tem são bem famosas. E daí tem várias outras que não fazem parte da campanha, identificadas como DLC. Estas são como as faixas bônus que os membros da Harmonix colocavam em seus jogos, e são isso mesmo: bônus. Apesar de serem chamadas de DLC, elas são destravadas de graça conforme você avança na campanha.

tracklist é mainstream, mas ainda é totalmente rock. São canções que fazem sentido em um jogo de guitarra, evitando a armadilha que eventualmente causou o fim de Guitar HeroRock Band, quando começou a focar em músicas que não encaixavam com a proposta, como Lady Gaga e Miley Cyrus.

O gameplay de Unplugged

Aqui é onde ele brilha – e se diferencia de seus primos do passado. Unplugged tem, sim, influências de Guitar Hero, mas usa o VR para criar um gameplay bem diferente do que conhecemos. Por exemplo, as notas não aparecem apenas em quatro ou cinco pontos pré-estabelecidos, mas podem aparecer ao longo do braço da guitarra virtual. E você pode movimentar sua mão livremente graças ao controle sensível a movimentos.

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O visual e atmosfera são mais tradicionais do que os de Drum Rock, aqui seguindo a tradicional carreira de um músico, tocando em lugares cada vez maiores, para mais fãs. Infelizmente, com o dinheiro gasto no licenciamento das músicas e na participação do Satchel, parece que não sobrou muito para uma apresentação mais bacana. Os cenários são escuros e com poucos detalhes. Seria muito legal ver palcos como os do Guitar Hero em VR, mas aqui você basicamente só vê mesmo os amplificadores na sua frente, mesmo quando libera um estádio para seus shows.

Solando como Eddie Van Halen

Felizmente, o gameplay é muito legal, e bastante diferente do Guitar Hero. A cor das notas te mostra o dedo que você deve usar (o que na prática significa apertar o L2 ou o L1). Ou seja, o importante é mais a movimentação pelo braço do que as notas em si. Pelo menos no início. Daí você segura e movimenta a palheta com a outra mão e a movimenta nas cordas. É relativamente intuitivo, e gostoso de jogar.

Em determinado momento, eu me empolguei e levantei minha mão da palheta no ar, como se estivesse num show. O surpreendente é que isso ativou uma espécie de star power, que fez minha pontuação disparar e a plateia começar a me jogar calcinhas e cuecas (que eu podia pegar no ar para ganhar ainda mais fãs). Eu não esperava isso.

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Às vezes ao ativar o star power o Satchel aparece na sua frente para agitar junto.

Infelizmente, tem muita coisa como isso que rola sem explicação. Quando tocava Free Bird, minha mão começava a mudar de cor, e isso fazia com que as notas não registrassem. Falhei na música várias vezes tentando entender o que estava acontecendo. Pelo que entendi, isso é feito nas músicas mais difíceis para deixar o gameplay mais complexo, mas isso nunca me foi explicado.

Gameplay complexo e mal explicado

Determinadas músicas mais difíceis inclusive têm notas de outras cores. Depois de muito brigar contra o jogo, eu descobri que sua mão muda de cor conforme você rotaciona o punho. Agora uma coisa é você ter que segurar de outro jeito para tocar as notas vermelhas. Mas tive a sensação que o jogo muda a cor da sua mão aleatoriamente nas músicas mais difíceis. Basicamente, você não rotaciona o punho, mas sua mão fica vermelha e você precisa compensar para o outro lado para voltar para o azul. Inclusive, isso começou a acontecer muito antes de eu sequer ver qualquer nota vermelha, o que me deixou totalmente confuso.

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As cores diferentes.

Além de complicado e nada divertido, isso fez com que eu precisasse movimentar a mão de formas não confortáveis. Depois de algumas horas de jogo, fiquei com dores fortes no pulso, então sinceramente não sei se voltaria a jogar Unplugged com frequência, especialmente com a obsessão que jogava Guitar Hero. A coisa é tão estranha que sinceramente não sei se a mão mudar de cor e você precisar compensar é um desafio programado pela desenvolvedora ou uma falha de tracking do PS VR2. Isso faria algum sentido para aumentar o número de notas, mas exigir compensação é muito, muito estranho.

Rock de plástico, só que imaginário

E estes são os games de música disponíveis no lançamento do PS VR2. Os três jogos são muito bons. Synth Riders já era muito legal e continua, mas não traz novidades. Drums Rock é bem semelhante ao Rock Band, mas é o game mais divertido que eu joguei no PS VR2 até agora. Unplugged poderia ser tão legal quanto, mas esta mecânica de ter que entortar a mão azedou totalmente algumas das músicas que eu mais gostaria de tocar – como a própria Free Bird. De qualquer forma, são três games diferentes e bacanas onde você pode viver a fantasia de ser um deus do rock sem nem precisar usar calças.

Seria legal ver um game realmente ambicioso, que trouxesse todos os instrumentos de uma banda para o VR e um monte de músicas licenciadas, como o próprio Rock Band. Não sei se o gênero tem a popularidade hoje em dia para justificar esse tipo de investimento, mas pelo menos por parte do público, uma vez que você já tenha o PS VR2, curtir esses jogos dá menos trabalho do que montar e ligar a bateria física do Rock Band, por exemplo. E a preguiça de fazer isso foi justamente o que fez com que eu parasse de jogar estes jogos. Afinal, nunca deixei de me divertir com eles. Só começaram a dar trabalho demais para jogar.