Casamento de Verdade

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Depois do bacana Ligeiramente Grávidos, Katherine Heigl passou a fazer só comédias românticas de qualidade pra lá de duvidosa. Logo, quando aparece alguma coisa com ela no pôster, eu logicamente não fico muito animado para assistir. Contudo, há duas notícias a respeito de Casamento de Verdade.

A boa é que ele não é uma comédia romântica, indo mais para os caminhos de uma dramédia. A má notícia é que, assim como a maioria dos filmes estrelados pela loira, esse aqui também passa longe de ser uma maravilha. Não é dos piores que ela já fez, mas também não diz a que veio.

A ex-estrela de Grey’s Anatomy é a Jenny do título original. Ela tem uma família conservadora que considera o casamento algo deveras importante. Ela concorda com isso, mas com o pequeno porém de ela ser lésbica. Quando ela sai do armário e anuncia que vai juntar os trapos com sua parceira de longa data (Alexis Bledel, a filha de Gilmore Girls), logicamente seus pais vão ter dificuldades para lidar com isso.

Esse é o grande mote do filme, os pais tentando compreender e aceitar a sexualidade da filha, bem como Jenny ganhando mais confiança após tirar um peso das costas ao finalmente se assumir. É um assunto que poderia render uma discussão sensível a respeito de aceitação, tolerância e direitos iguais para minorias.

Mas tudo isso fica em segundo plano, apenas pincelado, pois o filme gasta um tempo considerável fazendo os personagens discutirem como o casamento é importante, quase como se fosse algum rito obrigatório, e se você ainda não se casou, fracassou em um aspecto pessoal de sua vida.

É algo bem estranho e retrógrado, considerando-se o tema principal da película. É quase aquele lance de se achar feminista e na verdade ter conceitos e ideias bem patriarcais e machistas, e o filme fica constantemente batendo nessa tecla de que a instituição casamento é completude e perde a chance de se aprofundar em discussões muito mais interessantes e atuais, como o da já referida aceitação de diferentes sexualidades.

O resto do filme é bastante morno e pouco criativo. As situações vão se desenrolando de forma previsível em direção ao final hiperultramega feliz, projetado para fazer você se sentir bem e leve consigo mesmo. Completam o pacote uma trilha sonora com um monte de baladinhas cantadas por mulheres de vozes adocicadas para deixar bem claro que se trata de um chick flick.

Casamento de Verdade desperdiça a chance de ter mais importância ao deixar uma discussão relevante de lado e optar por um amontoado de clichês que você já viu inúmeras vezes. Isso ainda o torna até um filme assistível (se não tiver mais nada melhor passando), porém inofensivo e absolutamente esquecível.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
casamento-de-verdadePaís: EUA<br> Ano: 2015<br> Gênero: Dramédia<br> Duração: 94 minutos<br> Roteiro: Mary Agnes Donoghue<br> Elenco: Katherine Heigl, Tom Wilkinson e Alexis Bledel.<br> Diretor: Mary Agnes Donoghue<br> Distribuidor: Mares Filmes e Alpha Filmes<br>