Capitão Fantástico

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Quem nunca pensou, em certos momentos, em simplesmente dar as costas para a sociedade e ir viver afastado e da forma como você bem quiser? Se você respondeu que isso nunca lhe passou pela cabeça, tenho medo de você. Seja como for, Ben (Viggo Mortensen) também pensou nisso e deu um passo além: realizou o desejo.

Esta é a premissa básica de Capitão Fantástico, o que pode decepcionar quem esperava, baseado apenas no título, por um filme de super-heróis. Voltando à trama: Ben e sua esposa decidem se afastar do mundo moderno capitalista selvagem, adotam uma postura radical “contra tudo que está aí” e se mandam com seus seis filhos para o meio de uma floresta.

Lá, Ben passa a ensiná-los tudo que os livros possam oferecer, bem como também os treina em técnicas de sobrevivência, transformando os rebentos em supervilões em potencial (hum, então acho que tem um pouquinho de filme de super-herói aqui, afinal…), mas que preferem uma existência pacífica no meio da natureza.

Contudo, quando a mãe deles morre, Ben e as crianças precisarão voltar ao mundo real para fazer com que o sogro de Ben cumpra os últimos desejos de sua esposa. Assim, a coisa vira um road movie com as crianças confrontando os aspectos da vida moderna com sua criação mais libertária.

Este é um daqueles filmes com estética tipicamente indie. Cheio de personagens excêntricos, situações peculiares e a mistura na dose certa de drama com a leveza de uma comédia. Além das boas atuações, sobretudo de Viggo Mortensen, a grande força do filme, sua premissa é realmente muito boa.

E faz pensar em diversos momentos se o nosso modo de vida realmente é o melhor. O filme é recheado de pequenas cenas que causam esse questionamento, como quando Ben prova para sua irmã que os filhos dele são muito melhor educados academicamente no meio do mato que seus sobrinhos que frequentam a escola.

Mas o longa não faz apologia deste modo de vida alternativo, e deixa claro que o próprio Ben tem a visão estreita e intransigente demais em seu próprio modo de vida e precisará rever seus conceitos e se tornar mais flexível à medida que ele avança em sua jornada com os filhos.

Capitão Fantástico apresenta uma história muito boa contada com sensibilidade e reflexão. Não é exatamente o tipo de filme para um grande público, mas se você curte a mistura entre drama e comédia com enredos mais alternativos, ele se torna uma ótima opção.

REVER GERAL
Nota
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Carlos Cyrino
Formado em cinema (FAAP) e jornalismo (PUC-SP), também é escritor com um romance publicado (Espaços Desabitados, 2010) e muitos outros na gaveta esperando pela luz do dia. Além disso, trabalha com audiovisual. Adora filmes, HQs, livros e rock da vertente mais alternativa. Fez parte do DELFOS de 2005 a 2019.
capitao-fantasticoPaís: EUA<br> Ano: 2016<br> Gênero: Dramédia<br> Duração: 118 minutos<br> Roteiro: Matt Ross<br> Elenco: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Steve Zahn e Frank Langella.<br> Diretor: Matt Ross<br> Distribuidor: Universal<br>