Mother Russia Bleeds (resenha + promoção!)

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Lá na época de outrora, na gloriosa geração do Mega Drive, os beat’em ups dominavam o mercado. Mais importante do que isso, eles eram meu gênero preferido. Com o tempo, ele acabou sendo quase completamente extinto, para receber um revival nostálgico na última década, com jogos como Scott Pilgrim e o novo Double Dragon. Mother Russia Bleeds continua esta testosterônica tradição.

PORRADAS COMUNISTAS

Você pode escolher entre quatro lutadores, incluindo a mulher rápida e fraca e o grandão forte e lento. A partir daí deve andar para a direita, porrando todo mundo que estiver no seu caminho, encontrando um chefe no final de cada uma de suas oito fases. É lindo em sua simplicidade.

Ao contrário da tradição beat’em up, sabe que eu até gostei da história? Na real, o que eu gostei mesmo foi da ambientação, mas a história é parte dela. Acontece que aqui os heróis são personagens comunistas, em uma Rússia com um governo corrupto.

Você e seus três coleguinhas são raptados e usados como ratos de laboratório para uma droga chamada Nekro. Você acorda na prisão um mês depois e resolve escapar e se vingar dos responsáveis. Felizmente, como na vida real, basta andar para a direita para alcançar seu objetivo.

O principal diferencial no gameplay é justamente a droga Nekro. Você pode usá-la para se curar, ou então para ativar o modo berserk, que permite violentos fatalities nos seus desafetos. Alguns dos inimigos, ao serem vencidos, vão ficar tendo uns ataques epiléticos no chão. Espete uma seringa neles para preencher seu estoque de Nekro. Só que isso leva tempo, fazendo com que você tente desesperadamente se livrar dos outros inimigos antes do ataque epilético do sujeito terminar.

De resto, o gameplay não é especialmente diferente dos outros jogos do gênero. Você tem um ataque normal e um forte, voadoras, agarrões e a possibilidade de bater em quem estiver caído. Segure o botão para ataques ainda mais fortes. Um especialmente satisfatório é segurar o botão enquanto estiver surrando um caído: você esmaga a cabeça dele, espalhando seus miolos pelo chão. Tem uma grande quantidade de armas também, que vão dos tradicionais bastões e faquinhas a coisas mais criativas e divertidas, como serra-elétrica e taser. Tem até umas armas de fogo.

Uma ausência que faz falta é o tradicional golpe 360º, normalmente feito no gênero apertando dois botões ao mesmo tempo, que comumente tira um pouquinho de energia para você escapar dos combos mais furiosos. Não há nada semelhante por aqui, e isso é bem grave, uma vez que é bastante comum você ficar preso em combos longos que tiram toda sua energia de uma vez.

Felizmente, ao contrário da maioria dos beat’em ups, aqui há checkpoints. Nos antigos, ao morrer você simplesmente levantava até acabar as vidas. Nos mais modernos, você tem suas vidas e, ao perdê-las, costuma ter que reiniciar a fase. Aqui as vidas são infinitas e, ao morrer, você volta um pouquinho. É um acréscimo bacana, uma vez que o jogo é difícil e você vai morrer bastante. Morra no chefe, por exemplo, e você volta do início da luta, sem precisar jogar a fase toda novamente.

A exceção são os chefes das duas últimas fases. O penúltimo, especialmente, vem depois de uma longa sequência em arena, e ao morrer nele você é obrigado a lutar contra todas as ondas novamente. Já o último é uma luta bem longa e em várias fases, com vários momentos que poderiam ser checkpoints, mas ao morrer você volta sempre do início, tornando o final bem frustrante.

É uma pena que tenham sido mãos-de-vaca nesses checkpoints, pois os chefes em geral, com exceção do último, são bem legais, tanto no design quanto nas lutas propriamente ditas.

AUDIOVISUAL COMUNISTA

Por mais que eu goste do gênero que Mother Russia Bleeds homenageia, faltou algo em toda sua duração que realmente me empolgasse. O visual pixelado é claramente feito com capricho, mas sei lá, sua estética puxada para Hotline Miami não me agradou.

O som tradicionalmente é um dos pontos fortes do gênero. Jogos como Double Dragon, Streets of Rage e Final Fight têm algumas das trilhas sonoras mais marcantes dos games. Mother Russia Bleeds peca bastante nesse aspecto. Sua trilha é composta basicamente de barulhinhos eletrônicos sem melodia alguma.

Ele traz algumas coisas bacanas que são raras ou inéditas no gênero. Os inimigos derrotados, por exemplo, continuam no chão, causando momentos hilários em que o cenário inteiro estará repleto de presuntos. Outro toque bacana é que conforme você bate nos carinhas, eles vão ficando machucados. Lembro desse detalhe no Art of Fighting do Neo Geo, mas em beat’em ups é a primeira vez que vejo.

CONCLUSÃO COMUNISTA

Mother Russia Bleeds traz uma tarde de diversão para aqueles que, como eu, são saudosos dos beat’em ups dos 16-bit. Porém, não espere que ele esteja no mesmo nível dos clássicos como Streets of Rage, Final Fight, TMNT e outros. Vale a pena para os fãs do gênero, mas dificilmente vai agradar aqueles que não tenham uma memória afetiva da época em que videogames se resumiam a andar para a direita e bater em tudo que se mexe.

Para encerrar bem o ano, que tal levar para casa uma cópia de PS4 de Mother Russia Bleeds?. Para ganhar, curta nossa página no Facebook e deixar um comentário nesta resenha respondendo: o que fazer quando você anda para a direita e não encontra seu objetivo? A resposta que a gente mais gostar leva um código. Os vencedores serão escolhidos no dia 23 de dezembro. Participe e indique para os amigos.

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Carlos Eduardo Corrales
Editor-chefe. Fundou o DELFOS em 2004 e habita mais frequentemente as seções de cinema, games e música. Trabalha com a palavra escrita e com fotografia. Já teve seus artigos publicados em veículos como o Kotaku Brasil e a Mundo Estranho Games. Formado em jornalismo (PUC-SP) e publicidade (ESPM).
mother-russia-bleeds-resenha-promocaoAno: 5 de setembro de 2016 (PC) / 3 de dezembro de 2016 (PS4)<br> Gênero: Beat’em Up<br> Plataforma: PS4 e PC<br> Fabricante: Le Cartel<br> Versao: PS4<br> Distribuidor: Devolver Digital<br>