Que Cate Blanchett é uma atriz bastante versátil, provavelmente você já sabia. Mas parece que ela quis deixar isso bastante claro neste filme onde ela interpreta nada menos do que 13 personagens diferentes, incluindo um homem. Fora isso, Manifesto não tem mais nada a seu favor.

O esquema é o seguinte: cada uma das personagens de Cate declama, em uma situação específica, um manifesto famoso de algum movimento artístico, tipo o manifesto dadaísta e um que, se não estou enganado, é o manifesto do Dogma 95, que fez um certo Lars Von Trier nascer para o mundo.

Logo, é como se fosse uma série de pequenos esquetes, com cada personagem recitando um dos manifestos, sendo que a maioria deles são um monte de patacoadas pretensiosas e, sejamos francos, sem tanto sentido quanto querem fazer transparecer.

Isso aqui tem toda a cara e estética daquelas instalações artísticas, que estão bem longe de ser algo do qual eu gosto. As explicações por trás delas sempre tendem a ser mais importantes do que o que elas estão mostrando. E eu acho isso uma baita picaretagem.

E veja só que coisa, esse filme nasceu justamente como uma instalação! Segundo sua página no IMDb, originalmente era uma vídeo-instalação onde as 13 cenas passavam simultaneamente em 13 telas diferentes. Isso até poderia ser interessante para quem curte esses projetos artísticos mais cabeças.

Delfos, Manifesto, Cartaz

Mas remontado como um longa-metragem, não passa de uma tentativa muito pretensiosa, e chata, de ser uma discussão sobre o que é arte, resultando vazia e enfadonha.

A essa altura de sua carreira, Cate Blanchett não precisa provar para mais ninguém sua versatilidade e capacidade camaleônica. Mas atores geralmente tendem a escolher seus projetos mais pelo interesse no personagem que vão interpretar e menos pela qualidade geral do projeto. Assim, fazer 13 diferentes de uma vez pode ter sido uma oportunidade que ela não poderia recusar.

Como resultado, acaba parecendo mais um grande portfólio das capacidades interpretativas e de mudanças físicas da atriz do que qualquer outra coisa. E também um excelente atestado das capacidades da equipe de maquiagem em transformar a intérprete fisicamente.

Fora isso, o que temos aqui é uma chatice pseudointelectual masturbatória. Quem gosta de transitar entre círculos artísticos mais cabeça e “refinados”, pode até ter algum interesse em conferir Manifesto. Se você não se encaixa nessa descrição, melhor passar longe.